Prazeres / Lugares

No Belvedere janta-se como um rei

No coração de Cascais, no Grande Real Villa Itália, somos transportados numa viagem pela história e sabores italianos. Inspirado no último rei de Itália, Humberto II, que fez de Cascais o seu lar no exílio, o espaço combina a sofisticação do fine dining com pratos tradicionais, alguns deles favoritos da Casa Real de Saboia.

Foto: Hayley Kelsing
Ontem às 16:20 | Safiya Ayoob
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Conta a história que o local onde hoje se situa o hotel Grande Real Villa Itália, em Cascais, e o restaurante Belvedere, foi outrora o refúgio do rei Humberto II de Saboia. Após a proclamação da república em Itália, o monarca, último rei italiano, foi exilado e escolheu Cascais como o seu lar. Em homenagem a esta rica herança, o Belvedere apresenta uma carta com pratos tradicionais italianos, alguns contemporâneos e outros inspirados nos favoritos da Casa Real de Saboia. Estes últimos são facilmente identificáveis por uma pequena coroa junto ao nome.

Foto: Hayley Kelsing

O restaurante passou por diversas renovações, modernizando-se, mas mantendo o glamour e a sofisticação típicos de um fine dining. Ao chegarmos ao Belvedere, somos conduzidos por uma ala do hotel até ao primeiro andar, onde o restaurante se encontra, passando pela imponente tela do pintor português Ernesto Condeixa. A primeira impressão é o contraste entre as iluminações do hotel e do restaurante. A luz suave e intimista do Belvedere transforma o ambiente, conferindo-lhe uma atmosfera serena e romântica. Os tons azulados, combinados com o branco e o verde das plantas, remetem-nos para o mar, que se encontra nas proximidades e pode ser apreciado a partir do terraço do restaurante. Como sugere o próprio nome, "Belvedere" é uma palavra italiana que significa "bela vista" (derivada de "bel" – belo – e "vedere" – vista).

Foto: Hayley Kelsing
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A carta, pensada e trabalhada pela equipa liderada pelo chef executivo Luís Sousa, é extensa e segue a tradição italiana, dividida em vários momentos. A refeição começa com o tradicional couvert, onde a focaccia merece destaque. Para a entrada, após ouvir as recomendações do chef de sala, optámos pelo camarão tigre grelhado com alho negro e pesto de tomate (€37), um prato cheio de sabor, que se revelou um dos preferidos da noite.

Foto: Hayley Kelsing

Para o Primi, escolhemos o Risotto al limone com gamba violeta do Atlântico (€33), em que o sabor a limão, bem presente, confere ao prato uma frescura perfeita para iniciar os principais. O ambiente foi ainda mais enriquecido pela atuação de dois músicos da Lisbon Film Orchestra, que acompanharam o jantar com melodias suaves, evocando o imaginário da costa italiana, sem nunca se tornarem intrusivas. Este acompanhamento musical, reservado para os jantares de sexta e sábado, contribui para a atmosfera cinematográfica do espaço.

O segundo prato da secção Primi foi o Paccheri al pomodoro (€25), um dos momentos altos da noite. Esta massa de grande formato é envolvida num molho de tomate e finalizada à mesa com parmesão e manjericão. O processo de misturar o molho com o queijo, conhecido como mantecatura, confere ao prato uma cremosidade única – uma verdadeira explosão de sabores. Este prato é uma homenagem ao famoso restaurante Da Vittorio, um três estrelas Michelin em Brusaporto, na Lombardia, onde Vittorio Cerea criou esta receita durante uma visita a Orlando, na década de 1980.

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Foto: Hayley Kelsing

Seguiu-se um Robalo assado com aipo e radicchio (€35), em que a pele crocante e o puré cremoso que o acompanha merecem especial menção. Para terminar a refeição, a sobremesa escolhida foi a Meringata al limone (€12), mas não podemos deixar de destacar a Cassata Siciliana (€16) – uma iguaria tradicional servida no casamento de Humberto II com Maria José da Bélgica. Esta sobremesa, composta por camadas de bolo embebido em licor e cremes requintados, encerra a experiência gastronómica de forma sublime.

Onde? Grande Real Villa Itália Rua Frei Nicolau de Oliveira, 100 2750-319 Cascais. Quando? Todos os dias, 19h-23h. Reserva? 

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