Logo que se entra pela discreta porta d’O Artista, junto a uma casas da ginja mais icónicas da baixa lisboeta A Ginjinha, pode dizer-se que as cortinas se abrem, e o espectáculo começa. Tudo neste boutique hotel de luxo nos remete para o mundo fascinante das Artes, como o teatro e o cinema, mas também a pintura e a escultura. É que o número 9 da rua das Portas de Santo Antão, que também dá para o largo do Regedor e que fica mesmo ao lado do Teatro Nacional D. Maria II pertenceu, em tempos, ao emblemático ator Vasco Santana, desaparecido em 1958. Uma das razões que explica a aura boémia e artística que paira sobre O Artista.
Inaugurado no verão de 2018, presta homenagem a este grande ator português em pequenos e grandes pormenores, mas também faz jus à origem do empreendedor do hotel, o empresário Mikhail Ubaydulaev, oriundo da Rússia. Por exemplo, o papel de parede vermelho que vemos no hotel, uma das características mais marcantes da decoração (que ficou a cargo de Nini Andrade Silva) é exactamente igual ao do Teatro Nacional de São Petersburgo.
O arquiteto responsável pela obra deste edifício, que data de 1951, foi João Tiago Aguiar. E a decoração percorre precisamente as décadas de 30 a 50 do século XX, anos dourados no cinema português, e sobretudo para Vasco Santana, que brilhou em A Canção de Lisboa, 1933, O Pai Tirano, 1941, ou O Pátio das Cantigas, 1942. Se prestarmos atenção, os corredores, janelas e recantos deste hotel reservam-nos pequenas surpresas quase escondidas, como obras de escultura, ou ilustrações feitas nos vidros das janelas, desafiando a uma observação mais minuciosa da cidade.
Num total de 16 apartamentos e cinco quartos – que incluem quartos deluxe , suites premium e estúdios superiores - também os espaços privados evocam uma Arte, ou um artista. O 402, por exemplo, é uma homenagem ao compositor russo Tchaikovski: as suas partituras estão inscritas nos espelhos, do quarto à casa de banho, e existe mesmo uma pauta sobre uma das mesas. Mas há outros detalhes que tornam estes recantos únicos: objetos como o telefone, que é antigo, ou a maravilhosas vistas sobre a cidade, do Castelo de São Jorge à estação ferroviária do Rossio.
Nada é deixado ao acaso n’O Artista. Nem mesmo o pequeno-almoço, que originalmente era servido apenas nos quartos de forma a desafiar os hóspedes a desfrutar do espaço com calma, acordando com um saco de pano à porta (com pão e uma selecção de pastelaria frescos) e as guarnições do pequeno-almoço já guardadas no frigorifico (sendo colocadas no dia anterior). Agora, também é possível tomá-lo com a mesma calma no Ato, restaurante do hotel, onde também se podem provar as relíquias da cozinha portuguesa pelas mãos do chef João Santos Dias. Com a quadra festiva mesmo à porta, O Ato preparou menus especiais para o Natal (€65) e para o Ano Novo (€120) onde se incluem pratos principais como cabeça de xara de bacalhau "despida, na Roupa Velha", polvo "violeta vestido a rigor", sapateira, couve portuguesa grelhada, puré de escabeche e ponzu ou malandrinho de garoupa, ovo escalfado em açafrão e halófitas da Atalaia. Nas sobremesas, há combinações como sonho, marmelo assado, banana da Madeira e mousse de queijo Rabaçal, ou gelado de bolo rei.
Onde? Rua Portas S. Antão, 5 ou Largo do Regedor Reservas welcome@oartista.pt ou 211 166 090