Todos os anos a World’s Best Vineyards anuncia a sua lista das 50 melhores vinhas do mundo. E embora Portugal não apareça no top 10 – a Quinta do Crasto está em 15º lugar, seguida da Quinta do Bonfim em 28º, e a Quinta do Noval em 36º, todas no vale do Douro –, a boa notícia é que a melhor vinha do mundo fica aqui ao virar da esquina, em Espanha, na região de Rioja. Chama-se Bodegas de Los Herederos de Marqués de Riscal, mas quem olhe, sem pré-aviso, para a fotografia do seu edifício principal, onde fica o Hotel Marqués de Riscal, que pertence à cadeia Marriott, é provável que lhe chame "Bodega Guggenheim". Porquê? Porque o edifício foi desenhado por Frank Gehry, o arquiteto responsável pelo Museu Guggenheim, em Bilbao, e as semelhanças são notórias. O facto de os visitantes poderem ficar alojados num luxuoso hotel com vista para a vinha contribuiu para a atribuição do primeiro prémio.
As fitas de alumínio torcidas que cobrem o edifício brilham sob a luz do sol, com tons de púrpura, dourado e prateado, remetendo para as cores e os reflexos das garrafas de vinho produzidas na adega. Esta obra-prima futurista tornou-se familiar na paisagem de Rioja, desviando as atenções do passado histórico desta vinha, que foi fundada em 1858. E foi aqui que os primeiros vinhos Rioja foram engarrafados, com a primeira colheita do então Marquês de Riscal, em 1862. Foi também aqui que começou a tendência de cobrir as garrafas de Rioja com uma rede dourada, pois os vinhos da propriedade tornaram-se tão populares no início do século XX que precisavam de um selo para garantir a autenticidade. O Marquês de Riscal também merece crédito por ter introduzido vinhos brancos na província vizinha de Rueda, ajudando-a a obter o estatuto de Denominação de Origem (DO) na década de 1970.
O hotel foi inaugurado em 2006 e é tão intrigante por fora quanto por dentro, com paredes inclinadas, janelas em ziguezague, tetos altos e cores vibrantes nos seus 61 quartos. Do terraço, é possível admirar os vinhedos de Rioja de um lado e o País Basco do outro. O restaurante, comandado pelo chef Francis Paniego, tem uma estrela Michelin, e oferece menus de seis ou nove momentos, com vinhos raros selecionados pela equipa de sommeliers.
É possível visitar a "bodega" original, construída em 1860, que abriga as adegas antigas com garrafas desde a primeira colheita, e onde ainda hoje são produzidos os vinhos premium da família, feitos, principalmente, a partir da uva Tempranillo, com adição de Graciano e outras variedades, criando também um blend rosé para o verão. Um rosé mais encorpado vem de Castilla y León, enquanto os brancos são produzidos a partir dos vinhedos da família em Rueda, com as castas Verdejo e Sauvignon Blanc. Os vinhedos podem ser explorados a pé, de bicicleta ou a cavalo.