Está à venda uma das casas mais caras de que há memória em Hong Kong. 166 milhões de dólares (156,6 milhões de euros) é quanto o feliz comprador terá de pôr em cima da mesa para adquirir esta mansão em Victoria Peak e com vista para Victoria Harbour – tudo baptizado em honra da rainha britânica que governou aquela terra desde meados do século XIX e até 1997, altura em que Hong Kong foi devolvida aos chineses – que se têm dedicado a restringir os direitos e liberdades que os seus habitantes herdaram dos ingleses. Embora Hong Kong já não seja o farol de liberalismo que foi em tempos – espremido entre vizinhos com tendências autoritárias –, o seu mercado imobiliário de luxo parece continuar a prosperar, impermeável a políticas e estados de alma.
Tal como está a acontecer na Europa e nos Estados Unidos, também na China o aumento do custo de vida, associado à subida das taxas de juro, está a pressionar o mercado imobiliário, uma tendência, porém, que não se está a reflectir no segmento de luxo. De qualquer forma, os olhos do mercado estão atentos a esta venda, como forma de testar a saúde e resiliência do sector.
Mas vamos ao que interessa. Para além da vista deslumbrante sobre a cidade e o porto, a que é que dá direito estes 166 milhões? Para começar, mais de mil metros quadrados que se dividem em 12 quartos, garagem, piscina e jardim. A mansão tem vista panorâmica, portanto, poderá ir migrando, ao longo do dia, de divisão em divisão, para apreciar o nascer e o pôr-do-sol. Sem esquecer o valor intangível – e por vezes tangível – da vizinhança seleta. Apesar de todas as vicissitudes, Hong Kong ainda vai atraindo investidores estrangeiros, mas, na sua maioria, as mansões mais luxuosas são açambarcadas por banqueiros, celebridades e multimilionários chineses.
Por outro lado, vai ter de tolerar os turistas, já que a mansão fica a uma breve caminhada do Peak Tram, o ascensor que todos os anos transporta milhões de visitantes até ao ponto mais alto da ilha. Por isso, pense bem antes de se comprometer. É que, para ser acotovelado por turistas, basta ir a Lisboa.