António Félix da Costa sagrou-se campeão mundial de Fórmula E, a F1 ligada à eletricidade. Temos finalmente um campeão e, logo, numa das provas de futuro do desporto motorizado.
Pelo menos na última década, assistimos a um desenvolvimento impressionante da tecnologia elétrica, que sendo ainda recente já disputa a predominância contra outra com um século de avanço. O mercado fervilha de novidades e de pequenas start-ups, que se juntam a marcas bem conhecidas, em propostas para todos os gostos e feitios: pequenos citadinos, familiares, jipes, autocarros e até camiões. Mais, claro, os desportivos, onde quanto mais super melhor, pois serão estes bichos da rapidez quem irá - finalmente - conquistar o coração dos adeptos do cheiro a gasolina no motor.
Até a Ferrari, que durante anos rejeitou planos para um automóvel elétrico já embarcou na ideia. Por enquanto as ofertas ainda serão híbridas, mas podemos esperar um Cavallino Rampante 100% elétrico já para 2025.
O ambiente fervilhante atual faz lembrar os gloriosos anos do desporto automóvel, nas décadas 20 e 30 do século passado, quando começaram a surgir nomes míticos como Delage, Bentley, Isotta, Bugatti, Alfa Romeo…. e por aí em diante. Alguns regressam agora o palco principal, como a espanhola Hispano-Suiza. Outros nunca de lá saíram, como a Mercedes, que se juntam assim a superdesportivos elétricos de que nunca se ouviu falar - até agora!
Flymove Dianchè BSS GT Cube by Bertone
Um consórcio italo-inglês ressuscitou o nome da Bertone para produzir veículos elétricos. Uns mais virados para a mobilidade urbana, outros para a adrenalina. É o caso deste BSS GT Cube, capaz de atingir os 350 km/h e chegar dos 0 aos 100 km/h nuns estonteantes 2,2 segundos. Tudo graças a dois motores de 300 KW cada (um frontal e outro traseiro) para uma potência combinada de 804 cavalos.
Apenas nove unidades serão produzidas, e os felizes contemplados (o preço é sob consulta e não foi divulgado) podem seguir a construção ao vivo, na fábrica em Itália, customizar veículo e recebê-lo no mesmo sítio, passando os três dias seguintes num autódromo com os pilotos da marca, em cursos e treinos para tirar todo o partido da máquina.
Hispano-Suiza Carmen Boulogne
A lendária H-S está de regresso. E ligada à corrente. A marca continua na mão da mesma família Mateu que a criou e fez reviver o ano passado, com a introdução do modelo Carmen, um superdesportivo de pleno direito, de look retro e nomeado em nome da mãe do atual presidente. Já este ano os catalães subiram a aposta, criando um híper-desportivo ainda mais radical, com dois motores elétricos capazes de debitar um total de 1115 CV. São mais 95 que o Carmen, por isso o Boulogne - desta vez o nome homenageia os centenários H6 que tanto sucesso tiveram nas corridas à volta do bosque de Bolonha - consegue ser ainda mais rápido: 0 aos 100 Km/h em 2,6 segundos e uma velocidade máxima de 290 km/h (limitada eletronicamente).
Hyperion XP-1
O Hyperion é o primeiro superdesportivo do mundo movido a hidrogénio, como todas as vantagens: as células de energia são menos pesadas do que as baterias e, pelo mesmo tamanho, consegue-se mais autonomia. Além disso recarregam muito mais rápido. No caso bastam 5 minutos para atingir 1600 quilómetros de autonomia. Leu bem, são números impressionantes e só rivalizados pelas outras prestações: 2,2 segundos para atingir os 100 km/h e uma velocidade máxima de 350 km/h.
Há muito que diferentes marcas defendem o futuro do hidrogénio na indústria automóvel - a BMW é um bom exemplo - e o presente parece dar-lhes razão, pois até as míticas 24 Horas de Le Mans vão passar a incluir a categoria. Este XP 1 norte-americano parece bem lançado para disputar o trofeu.
Piëch Mark Zero
O nome Piëch tem algum peso no mundo automóvel. A família descende diretamente de Ferdinand Porsche e são, juntamente com os primos, os maiores acionistas do grupo Volkswagen. Foi um Piëch, aliás, quem geriu os destinos do grupo durante várias décadas e o transformou no gigante de hoje. Mas este Anton "Toni" Piëch, neto daquele, bisneto do primeiro, decidiu criar a sua própria marca e apostou especialmente no elétrico. O primeiro modelo, Mark Zero, foi apresentado em Genebra o ano passado com as primeiras entregas agendadas para breve.
O Mark Zero impressiona desde logo pela beleza das suas linhas fluídas, e em seguida pelos números: 4 minutos e 40 segundos é um tempo difícil de bater, porque não estamos a falar de prestações em estrada, mas do tempo que as baterias demoram a carregar, dos 0 aos 80%. Já quase não dá para tomar um café. Na carga máxima a autonomia atinge os 500 quilómetros e, quanto aos outros valores, demora 3,2 segundos para atingir os 100 Km/h e a velocidade máxima está "limitada" aos 250. O Mark Zero assenta também numa inovadora estrutura modular que permite ser montado com um motor a combustão e mesmo um a hidrogénio. É o que se chama pensar à frente...
Aspark Owl
O Aspark Owl é o primeiro superdesportivo elétrico japonês e… estes japoneses são loucos. Trata-se um ultra, hiper, mega desportivo com prestações fora de qualquer realidade. Para começar é o automóvel com a mais rápida aceleração 1,69 segundos (!) dos 0 aos 100 km/h do mundo, e capaz de atingir os 400 km/h de velocidade máxima! Tudo graças a quatro motores que debitam 2012 cavalos, ou seja, o dobro da potência de um F1 e o triplo de um Fórmula E! Provavelmente precisa de ser um António Félix da Costa para dominar o Owl. Apenas serão produzidas 50 unidades, e se o preço começa nos 2,900,000 euros (2 milhões e 900 mil), a boa notícia é que só precisa de 50 mil para fazer a reserva inicial (depois logo se vê…). Já agora, a autonomia ronda os 450 km, o que dá sensivelmente para uma hora de condução prego a fundo, mas o suficiente para chegar muito longe.