Enquadramento histórico
Rápido e sucinto: terminada a II Guerra Mundial, Ferdinand Porsche (1875-1951), fundador da companhia e criador do Volkswagen, o Carro do Povo, é detido por ligações ao regime nazi e mantido na prisão durante 20 meses sem julgamento. Durante esse período, o seu filho "Ferry" (1909-98), diminutivo de Ferdinand, fica à frente da empresa e decide fabricar um modelo de sua concepção e desenho.
Nascia o Porsche 356
Batizado com o codename "No. 1" (não há grande novidade nesse ponto), o Porsche 356 era um modelo desportivo, leve, com carroçaria em alumínio, motor boxer de quatro cilindros montado atrás (na prática, os primeiros protótipos tinham motor central traseiro), com um châssis desenhado de raiz e alguns componentes mecânicos a virem do "primo" Volkswagen Carocha.
As primeiras 50 unidades foram fabricadas nas instalações de uma serração em Gmünd, na Áustria, sob o nome de uma empresa fundada por Ferry e pela sua irmã Louise. Em 1950, já debaixo da chancela da empresa do seu pai, a produção mudou-se para Zuffenhausen, na orla norte de Stuttgart, na Alemanha. Aí permaneceria em produção – com três carroçarias, um coupé, um descapotável e um roadster – até 1965. Nesse ano, mais de 76 mil unidades já tinham sido produzidas e o 356 fazia a vénia final da sua carreira, dando lugar no grande palco ao projeto 901, criado dois anos antes: o ainda existente Porsche 911, o ícone que já aqui abordámos.
Porsche = desporto automóvel
Poucas marcas têm o seu nome e a sua história tão indissociavelmente ligados ao desporto automóvel como a Porsche. Vitórias à classe nas 24 Horas de Le Mans – com o famosíssimo modelo de rodas cobertas – participação em ralis e concentrações de proprietários, o Porsche 356 abriu um capítulo, que ainda decorre, na longa história da relação entre a marca alemã e as corridas.
Concept Vision 357
No ano do 75º aniversário do 356, a Porsche apresentou um concept car que de concept tem aquilo que a marca lhe quiser atribuir: numa homenagem ao primeiro Porsche a ser produzido em série, o Vision 357 apresenta-se como um veículo que poderia ser levado à produção. É wishful thinking, sim, é nisto que deu o impacto que a Porsche criou, desde 1948, em várias gerações de amantes do Automóvel: ver nas estradas – e não apenas nas pranchas dos designers – modelos que provocam desejo, alguma inveja, muitos suspiros e uma infindável admiração.
Comemorações em Cascais
O recente fim de semana viu sair à rua em Cascais os participantes das comemorações dos 75 anos do Porsche 356. Do Autódromo do Estoril à Marina de Cascais, passando pelo Hipódromo Manuel Possolo e por um trajeto desenhado nas ruas da vila, os amantes de automóveis – e os felizes proprietários de um carro da casa de Stuttgart – tiveram ocasião de ver vários modelos: históricos, atuais, antigos e modernos, um Porsche é sempre motivo para um aficionado virar a cabeça e segui-lo com o olhar. Faltam 25 anos para o centenário do 356 e, embora custe, só resta aguardar.