História
Recuemos a setembro de 1991, ao Salão Automóvel de Frankfurt: a Opel apresentava o Astra, o novo modelo que vinha substituir o histórico Kadett (como não podia deixar de ser, já aqui falámos dele). Curiosidade engraçada – aliás, curiosidades, já que são duas. O nome Astra já pertencia à General Motors e era utilizado pela Vauxhall no Reino Unido, onde todos os modelos Opel recebiam novos nomes. Depois, a marca e logótipo do fabricante inglês fundado em 1857 produzia bombas e motores marítimos, virando-se em 1903 para o novo meio de transporte da moda, o automóvel, entrando em 1925 para o universo de marcas do gigante General Motors.
A outra curiosidade: o codename interno da primeira geração do Astra foi "Astra F", isto porque o Kadett tinha ido até à geração "E" e a Opel tinha (mantém) o costume de ordenar as diferentes gerações de um modelo de forma alfabética – neste caso, decidiu dar continuidade à contagem que vinha do Kadett, sinónimo de que o novo Astra era uma evolução na continuidade.
Regresso aos nossos dias – concretamente a 2021 – quando a Opel lança a atual sexta geração do Astra (codename "L") que foi a primeira a nascer dentro do Grupo PSA (que entretanto adquirira o fabricante alemão). Aproveitando a plataforma EMP2 do Grupo Stellantis (resultado da fusão da PSA com o Grupo Fiat), o Astra passava a oferecer uma versão híbrida plug-in, que chegou ao mercado em 2022.
PHEV?
Apenas para relembrar, significa plug-in hybrid electric vehicle, ou seja, um veículo híbrido cuja bateria é passível de ser carregada num posto de carregamento público ou numa tomada doméstica, proporcionando uma autonomia superior aos chamados mild hybrids, mas sem os contrangimentos dos EV (electric vehicles) no que respeita à autonomia e ao carregamento. O Opel Astra PHEV que experimentámos é um hatchback de 4.37 m de comprimento por 1.86 de largura e 1,44 m de altura (sobre a altura, falaremos mais adiante). A distância entre eixos é de 2.675 m, o que resulta num bom nível de espaço no habitáculo. A motorização recorre a um 4-cilindros 1600 cm3 e a um motor elétrico. A potência do conjunto é de 180 cavalos, perfeitamente adequados ao tamanho do carro e aos seus 1603 kg de peso. A caixa de 8 velocidades é um modelo de suavidade e de facilidade de utilização: as relações praticamente não se sentem e basta um toque no acelerador para as fazer subir ou descer consoante as necessidades. A bateria de 12.4 kWh assegura (é melhor dizer permite) autonomias de 66 a 73 km em modo 100% elétrico, mas isso são valores da marca, obtidos naquelas condições hiper-ultra-mega-especialíssimas que nenhum condutor irá conseguir replicar. Isso e o consumo de gasolina do motor de combustão interna: 1.1 litros aos 100? Esqueçam.
O segredo é o tipo de utilização
As marcas deviam deixar de usar estes números que elas próprias sabem ser legais, sim, mas erróneos. Levam ao engano o condutor que pensa conseguir obtê-los; ou então fazem-no desconfiar pura e simplesmente de tudo o que é número fornecido pela marca, ponto final. Até porque, no caso patente deste Astra PHEV, tanto os consumos como a autonomia elétrica são muito aceitáveis, leia-se bastante bons: cerca de 53 km em modo elétrico, numa estrada nacional com algum relevo, subidas médias e descidas pronunciadas, ideais para recarregar uns Watts na travagem. Enquanto a bateria tem carga, o sistema híbrido gere automaticamente a utilização alternada entre gasolina e eletricidade. Tudo funciona às mil maravilhas. O problema é quando a bateria se esgota e passamos a circular exclusivamente movidos a combustível fóssil: dos muito aceitáveis 4.8 litros aos 100, é fácil saltar para os 6, para os 7, para os 8 litros. Urge, por isso, encontrar um posto de carregamento o mais cedo possível.
Claro que tudo isto é variável: se um dado condutor faz com frequência longas viagens, há que acautelar o plano de carregamento da bateria ao longo do percurso. E, já agora, aligeirar o peso do pé direito. Mas se outro, por exemplo, percorre cerca de 60 km/dia na sua deslocação casa-trabalho-casa, é evidente que conseguirá consumos abaixo dos 2 litros. E se tiver meios próprios para carregar em casa o seu híbrido plug-in, melhor ainda, já que poupará bastantes euros em relação ao carregamento num posto público, onde ao preço da eletricidade consumida se juntarão as taxas, taxinhas, impostos, fundos, contribuições disto e daquilo, tão típicos de um Estado que continua a não se importar de matar a galinha dos ovos de ouro só para agarrar de uma só vez todos os ovos que ela traz na barriga.
Ao volante
A impressão dinâmica é boa, dir-se-ia mesmo muito boa. O châssis (atualmente, na prática, já não o é, mas continuemos a chamar assim) proporciona um comportamento muito são e eficiente. A carroçaria praticamente não adorna em curva, as perdas de motricidade são quase inexistentes, e o prazer de condução está sempre presente. O Astra PHEV conduz-se com um sorriso nos lábios e o conforto a bordo é do melhor nível – durinho mas suficientemente confortável, uma característica da Opel. A questão (que vem de uns parágrafos lá atrás) em relação à altura: este é um exemplo perfeito de que os SUVs e pseudo-SUVs que estão tão na moda são, como dizer, desnecessários. Os centímetros extra na altura fazem com que os seus comportamentos percam eficácia e dinamismo; o Astra PHEV, uma normal berlina de cinco portas e cinco lugares, é impecável neste registo e dá cartas não só no seu segmento, mas também em comparação com outros segmentos.
O que vale o Opel Astra PHEV?
À partida, vale sempre a pena fazer contas para determinar se um híbrido plug-in é o ideal para as necessidades. Se for, os cerca de 40 mil euros que custa a versão-base do Opel Astra PHEV estão bem para o nível de equipamento verdadeiramente pletórico que ele traz, com tudo e mais alguma coisa que a eletrónica disponibiliza na atualidade. É um cocktail de tecnologia a bordo, de uma ponta do carro à outra.
Numa perspectiva de conjunto, o Opel Astra PHEV uma proposta bastante equilibrada e uniforme. Se chega ou não para desviar o olhar do possível comprador daquele SUV que ele utilizará apenas para subir passeios, isso já serão contas de outro rosário.