Adam Opel (1837-95)
Filho de um serralheiro, não quis seguir a profissão do pai e viajou pela Europa, tomando contacto com várias novidades industriais da riquíssima segunda metade do século XIX. Uma delas era a máquina de costura, um artigo que levava para dentro de casa a capacidade produtiva das costureiras profissionais.
De regresso à Prússia, Opel lançou-se em 1862 no fabrico de máquinas de costura, fundando na sua Rüsselsheim natal, perto de Frankfurt, uma companhia sediada num antigo curral de vacas.
O sucesso foi de tal forma que, seis anos depois, a fábrica mudava-se para novas instalações. Uma das razões desse sucesso foi o facto de a marca não se limitar a fabricar modelos de máquinas de uma forma rígida – antes adaptou a sua linha de fabrico por forma a produzi-las de acordo com as necessidades dos seus clientes, conferindo-lhes um cunho de personalização que foi um dos seus mais fortes trunfos.
Em 1886, a fábrica Opel adicionou à máquina de costura outro artigo moderno, um meio de transporte individual com duas rodas, a bicicleta. Inicialmente do tipo ‘penny-farthing’, com uma roda-motriz dianteira de grandes dimensões e uma traseira bastante menor, rapidamente passaria a fabricar a chamada "Sicherheits-Niederräder" (bicicleta de segurança), com rodas bastante mais baixas e uma silhueta praticamente igual às bicicletas dos nossos dias.
[Breve interlúdio para explicar a origem do nome ‘penny-farthing’: deve-se a duas moedas britânicas da época, o ‘penny’ e o ‘farthing’, uma bastante maior do que a outra, algo a que a bicicleta que levava esse nome se assemelhava.]
Voltando às bicicletas Opel, de novo o sucesso, que inclusivamente obrigou a construir uma ala só para o seu fabrico na fábrica de Rüsselsheim-am-Main. E de novo o espírito inovador: a Opel desenhou um modelo destinado às senhoras, que lhes permitia sentarem-se no selim sem grandes acrobacias a nível das pernas e suas saias. Também a mais moderna tecnologia da época, como os pneus de borracha, os rolamentos de esferas e os cubos de roda livre, fizeram a sua entrada na linha de fabrico das bicicletas Opel. Em 1920, a marca era o maior fabricante de bicicletas do mundo.
Opel "Patent-Motorwagen System Lutzmann"
Em 1895, Adam Opel morria sem ver o novo produto a fabricar pela sua empresa: o automóvel. A sua viúva, Sophie Opel, e os seus cinco filhos (Carl, Wilhelm, Heinrich, Friedrich e Ludwig), com destaque para os dois mais velhos, tomaram as rédeas da companhia. O primeiro modelo nasceu de uma parceria com Friedrich Lutzmann, um serralheiro detentor de uma patente para o fabrico de um automóvel. Mas o pouco sucesso do novo produto levou a agora Opel Automobile GmbH a assinar em 1901 um novo contrato com a marca francesa Darracq.
Em 1909, o modelo ‘Doktorwagen’ levava o automóvel a faixas cada vez mais alargadas da sociedade alemã: com um preço de 3950 marcos, era 50% mais barato do que a concorrência. Em 1924, a Opel torna-se o primeiro fabricante alemão a introduzir a produção em grande escala, utilizando a tecnologia da linha de montagem inventada por Henry Ford, e o primeiro modelo a sair dessa linha de produção foi o ‘Laubfrosch’. Apenas três anos mais tarde, o Opel 4 PS custava 2980 marcos – já não era um artigo de luxo, tinha ajudado a democratizar o automóvel. Em 1931, o modelo ‘1.2 litre’ sublinhava ainda mais essa tendência e tornava-se o primeiro verdadeiro "carro do povo". Sim, antes "desse".
De lá para cá
Desde então, vários modelos Opel vêm escrevendo páginas brilhantes da História do Automóvel: Kadett, Rekord, Manta, Corsa (que comemora 40 anos em 2022, mais lá para a frente voltaremos a ele), Astra... entre vários outros. E continuarão a escrever, agora como uma marca que, a partir de 2028, será 100% elétrica na Europa.