Fomos pôr à prova o Tesla Model X. Não voámos, mas ficámos deliciados pelas portas “asas de falcão” e pelos modos de condução ao estilo trenó. O melhor, mesmo, é ler o que se segue.
08 de agosto de 2019 | Pedro Serra
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"Esta é a chave!" Na nossa mão temos um pequeno carro todo preto que parece daqueles para as crianças brincarem. Eu coloco o tal minicarro no bolso e aproximo-me do elegante, enorme, imponente e único Tesla Model X, de cor vermelho Ferrari, com jantes pretas que nos parece gritar "Entra nesta nave espacial!". Ao aproximar-me da porta do condutor, ela abre-se sozinha. O convite foi logo aceite e o que se seguiu foi verdadeiramente espantoso e surpreendente. O Tesla Model X é um carro diferente de todos os que conduzi. No seu interior senti-me como se fosse uma criança com um brinquedo acabado de receber, dado eu estar desejoso de experimentar cada pormenor do novo carro telecomandado. E o Model X até é, em certa medida, um carro telecomandado. Porquê? Conseguimos usar uma app, não só para controlar a temperatura do carro e para verificar, à distância, a autonomia que ainda temos, mas também para lhe "pedir" que saia do local de estacionamento e que venha ter connosco.
Experimentámos a opção no parque de estacionamento do El Corte Inglés, em Lisboa, e isso foi bem útil por haver pouco espaço para entrarmos. Mas esse não foi o único pormenor delicioso e ao estilo de carro autónomo, a fazer lembrar o lendário Kitt da série O Justiceiro, que experienciámos. Abrir as incríveis portas "asas de falcão" é outro exercício que pensámos ser apenas possível num filme. Basta pressionar a parte da chave carro-miniatura onde estão as portas e as "asas" abrem de forma automática, ajustando-se na perfeição ao local onde estamos – se estiver um carro ao lado, o sistema usa sensores para perceber onde está o obstáculo e abre a porta sem tocar em nada. Numa palavra: notável! É assim que temos acesso à segunda e à terceira fila de bancos num modelo que permite levar sete ocupantes. O mais peculiar aconteceu com o meu filho de dois anos. Depois de ter colocado no carro a cadeirinha de bebé, acabei por reparar que ele ficava literalmente de boca aberta, a olhar para a porta a fechar vinda do "céu". Nos quatro dias em que tivemos o Model X, sempre que a "asa" se fechava, ele batia palmas.
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Eu conduzi centenas de automóveis, creio que o total superou os mil, inclusive os Tesla anteriores ao Model X, nomeadamente o desportivo de dois lugares Roadster – o primeiro Tesla de sempre – e o executivo Model S. Cada um é diferente. O Roadster nasceu em 2008 – vai ser substituído, em 2020, por uma nova geração – e nas duas horas em que o conduzi, em 2010, fiquei surpreendido pela direção "dura" que nos obrigava a "comer um bife" antes de o podermos estacionar e pela forma explosiva como disparava quando eu carregava no acelerador. Por sua vez, o Model S é um executivo elegante que também consegue ser explosivo. E o Model X? É corpulento, mas consegue ter uma agilidade notável para o seu tamanho e uma aceleração explosiva. O mais próximo que vimos dele foi num modelo que tem um conceito parecido, o BMW X6, que é um SUV Coupé ágil e bem divertido de conduzir. Quando vamos em autoestrada no Model X é como se estivéssemos num desportivo vestido de roadster e entrássemos numa nova dimensão de condução automóvel. Sentimo-nos rápidos, silenciosos (vamos num elétrico sem motor ruidoso) e imponentes pela altura que é ajustável – se formos para uma zona mais esburacada, basta subir a suspensão e ficámos mais longe do solo. No interior há muito luxo simples, já que a Tesla prefere a simplicidade à ostentação. A exceção é o enorme ecrã tátil multimédia que enche o centro do veículo. Sentimo-nos dentro da imaginação de Elon Musk, o líder carismático da Tesla, quando vemos algumas das opções divertidas que o incrível ecrã multimédia permite. Além de termos Internet gratuita (com serviço em toda a Europa), há Spotify Premium incluído e um GPS completo, ao estilo Google Maps, bem pormenorizado e com facilidade de navegar na Internet como num tablet. Não são precisos botões, pois é tudo tátil. No topo do ecrã podemos selecionar, por exemplo, um modo "Pai Natal" que, selecionado, começa a tocar uma música natalícia com sinos típicos da época e que, depois, tocam cada vez que fazemos o "pisca".
Com 489 km de autonomia, podemos fazer uma viagem descansada no Model X, inclusive até ao Porto. No regresso será aconselhável passar por um dos cinco Superchargers da Tesla, em Portugal, para carregar o modelo (neste caso em Fátima, pois os demais estão em Alcácer do Sal, Vila Real, Guarda e Montemor-o-Novo), o que implica despender meia hora para termos mais 300 km de autonomia. Nos postos de carregamento normal demora mais a carregar um Tesla por este ter uma potência inferior. Carregar é simples: basta tirar a ficha certa da bagageira e ligar o Model X à estação. O mais aborrecido é a espera. O Model X é um gigante elétrico notável e surpreendentemente divertido de conduzir e de experienciar, e que custa a partir dos 111 mil euros. Resumindo, este carro tem tanto de luxo quanto de inovador.