Fiat Novo 500? Novo em quê?
Novo porque apenas dispõe de motorização elétrica e apresenta-se em três versões: o habitual três-portas; o já existente cabrio; e um inovador "3+1" – além das duas portas e da bagageira, uma meia-porta do lado direito para facilitar o acesso aos lugares de trás. Novo também porque se baseia numa nova plataforma, exclusiva para veículos elétricos, e é maior que o 500 que está à venda desde 2007: 6 cm em comprimento, outros 6 na largura, 4 cm em altura e mais 2 cm de distância entre eixos. Quanto a baterias, este BEV (é um EV, claro, mas a Fiat gosta de lhe adicionar um B de bateria para sinalizar de onde vem a energia que alimenta o motor) disponibiliza uma de 24 kWh, que fornece 95 cavalos ao motor elétrico, ou uma de maior capacidade (42 kWh) que permite atingir os 118 cavalos de potência – foi esta última que experimentámos.
Design lá fora...
Lançado em 1957, o Fiat 500 atingiu há muitos anos o estatuto de ícone da História do Automóvel (assim mesmo, em maiúsculas) e divide o Olimpo das quatro rodas com o Ford T, o Volkswagen Carocha, o Citroën 2CV, etc., etc., e agora ficaríamos por aqui a divagar... As linhas do modelo original estão lá todas, com a necessária e lógica evolução estilística e tecnológica de um automóvel do século XXI e não de meados do XX. As parecenças com o modelo 500 ainda em produção – e que é equipado com motores de combustão e mild hybrid – são logicamente muitas, destacando-se este Novo 500 pelo desenho dos faróis, aliás, bastante elegante e de belo efeito. Não há dúvida que os italianos percebem umas coisas de design – veja-se o sucesso estilístico que é o logótipo "500" e a recente adição do "e" de elétrico no último "zero". Apesar de maior que o "outro" 500, trata-se ainda e sempre de um carro pequeno, claramente citadino: as medidas são comedidas – 3.63m de comprimento, por 1.68 de largura e 1.53m de altura, com 2.32m de distância entre eixos – mas o aspeto exterior resultou suficientemente elegante e harmonioso.
... e design cá dentro
No interior, mais do mesmo. Ainda bem. Uma ambiência agradável, bem iluminada, espaçosa (apesar do tamanho reduzido do carro), com diversos apontamentos estilísticos ma non troppo. Destaque, por exemplo, para quatro grande botões logo abaixo do ecrã central, com as letras P, R, N e D – exatamente, o comando, as manetes, vá lá (sem serem manetes), da caixa de velocidades automática. Boa posição de condução, bom equipamento a bordo e eletrónica q.b. – ou, se calhar, um pouco mais do que q.b., já que não existem manetes (alguma coisa deve mover a Fiat contra as manetes) de abertura das portas: estas abrem carregando-se num botão. Eletrónico, claro.
Ao volante
Cento e dezoito cavalos podem parecer uma manada algo limitada. Mas se pensarmos que o Novo 500 pesa entre 1255 e 1405 kg, e que a sua filosofia não é propriamente bater recordes de aceleração, eles cumprem sem grande problema a sua função. Não há grande brilhantismo na aceleração, mas também não se arrasta – e, mais uma vez, drag racing não é a razão de ser deste modelo. Três modos de condução (aliás, três modos de entregar a energia da bateria ao motor): Normal, Range e Sherpa – esta última é a que permite maior regeneração em andamento e, logo, maior autonomia. Cerca de 320 km, protocolo WLTP, é a estimativa dessa autonomia, mas poder-se-á esperar mais uns quilómetros se soubermos dosear o esforço do pé direito e mantivermos o Novo 500 em cidade. Por falar nisso, o anúncio referido lá mais acima, com Leonardo DiCaprio ao volante, foi rodado em Roma, a Cidade Eterna, também ela conhecida pelas suas sete colinas, tal como Lisboa. E foi pela nossa capital e arredores que testámos o Novo 500. Já ao sair da urbe, e principalmente ao entrar em autoestrada, a vida tornou-se mais difícil para o pequeno citadino. A carga da bateria começou a descer vertiginosamente e verificou-se o único lado negativo do teste: uma grande sensibilidade ao vento, que chegou a "travar" o andamento em subida. Nada que não ficasse resolvido logo que se saía da autoestrada e se regressava às ruas e às estradas nacionais, sem dúvida o seu habitat natural. De resto, recarregar os 42 kWh da bateria é tarefa simples, quer em postos públicos, quer em tomadas domésticas.
Quanto custa?
Entre os 30 mil e os 33 mil euros, consoante a carroçaria, é o preço de entrada do Novo 500. Já em cada uma das carroçarias, as diferentes versões de estilo e de equipamento (por exemplo La Prima by Bocelli) podem fazer subir a fatura até aos € 37500, leia-se € 38500. É algo elevado para um citadino com estas características e começa a entrar em níveis de preço onde a concorrência apresenta melhores trunfos. Mas numa perspetiva de deslocação em cidade, com um inegável estilo italiano, e com um statement de maior exclusividade, pode ser uma boa aposta. É verde e o sinal está verde, Mr. DiCaprio, siga.