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Será que Mick Schumacher é tão bom como o pai?

Filho do heptacampeão de Fórmula 1 Michael Schumacher, tem muitas expectativas a que corresponder. Campeão de F2 de 2020 e juntando-se à Haas na F1, que hipóteses tem o jovem Schumacher de seguir as pisadas do pai?

Foto: Getty Images
26 de março de 2021 | Luke Slater
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A Fórmula 1 sempre teve famílias lendárias. Indivíduos como Damon Hill, Nico Rosberg e Jacques Villeneuve seguiram, todos eles, os passos dos seus pais campeões Graham, Keke e Gilles. 

Ainda assim, não há maior nome a que fazer jus na F1 do que o de Michael Schumacher – com 91 vitórias nos Grandes Prémios e sete campeonatos mundiais conquistados. Qualquer filho (ou filha) tem um longo caminho a percorrer.

Com Mick Schumacher a correr pela Haas na época de 2021 – e tendo ganho o campeonato de F2 de 2020 –, debruçamo-nos sobre o quão bom ele é e questionamo-nos sobre as suas hipóteses de vingar ao mais alto nível do automobilismo.

Como é que Mick chegou até aqui?

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Eles não fazem voltas de F1 para nada. No ano passado, Mick, com 21 anos, deveria ter participado na primeira sessão de treinos livres do Grande Prémio de Eifel pela Alfa Romeo. Infelizmente, o mau tempo impediu que isso acontecesse. Mas embora não tenha tido essa estreia num Grande Prémio de F1, Schumacher conquistou agora uma recompensa muito maior para um impressionante ano de 2020.

Então, como é que ele conseguiu "ir a jogo"? Com bons resultados e melhorias consistentes nas categorias júnior. Isso levou-o até à academia de jovens pilotos da Ferrari, no ano passado, e permitiu-lhe fazer em 2019 os seus primeiros testes com carros de Fórmula 1 modernos, pela Scuderia e pela Alfa Romeo, durante os testes coletivos no circuito internacional do Bahrein. Assim como a possibilidade de passear nos velhos carros do seu pai.

Em 2020, Schumacher seguiu os passos de Charles Leclerc, George Russell, Lewis Hamilton, Pierre Gasly e Nico Hulkenberg, ao vencer o campeonato de F2 –anteriormente designado GP2. O seu lugar na Haas foi confirmado antes de conquistar o título, mas foi o seu desempenho nas Feeder Series [séries de alimentação] este ano que lhe valeu essa hipótese.

Foto: Getty Images
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Ok, ele é bom… mas quão bom é?

Os seus resultados são impressionantes, embora talvez não ao nível de alguns outros pilotos que tiveram sucesso na F2 a caminho da F1. O facto de esta ser a sua segunda época na F2 é importante. A sua primeira época, quando terminou em 12.º com uma vitória na corrida sprint na Hungria em 2019, revelou o seu potencial e rapidez mas com erros e inconsistência. Mas já seria de esperar, e os seus progressos de 2019 para 2020 foram robustos.

Desde o arranque da nova época, com o início das corridas no circuito austríaco [em julho de 2020], com etapa dupla, conseguiu duas vitórias em corridas feature. As corridas feature – por oposição às corridas sprint, que são mais curtas e de grelha invertida – são a simulação mais próxima de um Grande Prémio, com uma sessão de qualificação e corridas de menos de uma hora, com uma paragem técnica obrigatória e a utilização de um mínimo de dois compostos diferentes de pneus da Pirelli.

A sua categoria tem tendido a revelar-se mais nas corridas do que nas qualificações, com uma posição média de qualificação em torno do 7.º lugar e uma posição média à linha de chegada em torno do 4.º lugar nas corridas feature. As suas corridas sprint (em que os oito primeiros classificados na corrida feature são invertidos na grelha) também se têm revelado fortes e Mick tem sido habitualmente capaz de exibir as suas proezas de ultrapassagem e estratégia de prova.

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O percurso excecional que lhe garantiu este posicionamento foi particularmente forte, nunca tendo terminado abaixo do 5.º lugar nas 10 provas entre a corrida sprint em Espanha e a corrida feature no Bahrein. Foi uma impressionante série de resultados, a fazerem lembrar o seu pai, que lhe deu um lugar na F2, isto depois de vencer oito de 10 provas do campeonato FIA F3 em 2018 e conquistar assim o título – ultrapassando pilotos como Dan Ticktum e Robert Shwartzman. 

Contudo, apesar de ter conquistado o campeonato de F2, conseguiu-o por uma margem mínima e com menos vitórias do que Russell ou Leclerc. Isso é digno de nota, mas está longe de ser a forma completa de avaliar o seu talento. É preciso ser-se suficientemente bom na altura certa e, até agora, ele tem sido. Tem ainda arestas por limar e ainda comete erros, mas isso também acontece com a velocidade fundamental.

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Mick merece o seu lugar nas corridas em 2021?

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Embora o nome Schumacher tenha bastante peso – e bagagem também –, conseguir-lhe um horário de treino não foi uma manobra publicitária para a Alfa Romeo ou para a Ferrari. E, com efeito, o mesmo acontece com a sua promoção – ao ter conseguido um lugar na Haas. É excelente para os patrocinadores da equipa, mas agora tornou-se uma realidade.

Não era uma questão de "esta época ou nunca", no que toca a fazer a sua transição para a F1, mas ter vencido o campeonato de F2 significa que, chegado a este ponto, ele fez aquilo que seria de esperar dele.

Vencer o campeonato de F2 não foi o fator decisivo para decidir que merecia este lugar. Sim, o nome Schumacher ajudou-o, mas ele tem sido acompanhado e escrutinado durante todo o seu percurso. E um lugar na Fórmula 1 é apenas a recompensa por tudo o que conquistou até agora.

Pode Mick sequer pensar em rivalizar com o seu pai?

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Atendendo à atual estrutura de poder deste desporto, é improvável que ele consiga desafiar em número de vitórias – ou mesmo em idas ao pódio – tão rapidamente como o seu pai, mas o certo é que ele pode estar a chegar numa altura quase perfeita: dispõe de um ano para corresponder às expectativas de velocidade na Haas e para se mostrar válido, e depois uma reconfiguração com as enormes mudanças regulatórias em 2022. Com efeito, é isso que a Haas diz estar por detrás da sua motivação para levar para a equipa dois novos pilotos para o próximo ano.

Ainda assim, não será fácil. A maneira mais provável de Mick chegar ao topo é impressionando na sua primeira época na F1. Um dos problemas é que estará acompanhado de outro novato nesta "primeira liga", Nikita Mazepin, e não de um nome já feito. Isto deixa-o sem uma referência sólida para as suas performances, especialmente tendo em conta que a Haas teve de batalhar tanto como eles em 2020. Com a equipa a limitar o seu desenvolvimento na época de 2021 [que arranca este mês] e, em vez disso, a focar-se em 2022, este poderá ser um duro ano inicial.

O objetivo último de qualquer piloto da academia da Ferrari é, claramente, conseguir um lugar na F1 com a equipa principal. Mas com Leclerc e Sainz contratados para o futuro próximo, um rápido trajeto até Maranello (cidade-sede da escuderia italiana) parece complexo, por melhor que seja o seu desempenho. Mas se ele se revelar rápido na F1, então será difícil para a Ferrari manter a porta fechada.

Para o jovem Schumacher não existe apenas a pressão de estar na F1. Ele sente a própria pressão de ter o nome Schumacher. O seu pai foi um talento geracional e, claramente, conseguir equiparar-se com as mesmas proezas nesta fase é algo que nem vale a pena ponderar.

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Atendendo às atuais oportunidades tão limitadas, neste momento constituiria um enorme sucesso se ele conseguisse uma carreira longa e se conseguisse posicionar-se no lugar cimeiro do pódio. E estaria longe do fracasso se conseguisse estatísticas mais próximas do seu tio Ralph do que do seu pai Michael. Mesmo para aí chegar, tem um longo caminho a percorrer, mas não teremos de esperar muito mais para vermos de que forma responde a um dos maiores privilégios deste desporto [chegar à F1].

Créditos: Luke Slater/The Telegraph/Atlantico Press
Tradução: Carla Pedro

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