O pós-II Guerra Mundial
As armas já se tinham calado há oito anos, em 1945 – embora tivessem voltado a soar na Coreia cinco anos depois, e até cerca de um mês após o lançamento do Chevrolet Corvette, em junho de 1953. O mundo vivia tempos de recuperação do maior conflito a que alguma vez se tinha assistido e, enquanto a Europa sofria para reerguer a sua economia e a sua sociedade, nos EUA o ambiente era bastante mais risonho. Forte da sua indústria sem concorrência, rico pela aplicação do Plano Marshall (assistência económica sim, mas com benefícios para a economia doméstica, if you please), o país proporcionava aos cidadãos norte-americanos bom emprego, rendimento alto, consumo sempre em tendência ascendente – o verdadeiro american dream. O automóvel beneficiou e muito dessa conjuntura e afirmou-se como um dos mais importantes bens (o mais importante?) a adquirir pelo americano médio. A juntar a isto, os soldados americanos tinham regressado da Europa e muitos trouxeram com eles Jaguares, MGs, Alfa Romeos, carros que pouco ou nada tinham a ver com o conceito prático e pragmático (e pouco excitante, convenhamos) do automóvel na terra do Tio Sam: eram desportivos, elegantes, rápidos, davam – e muito! – nas vistas.
Um desportivo americano, pois então!
Duas portas, dois lugares, descapotável, um motor seis-cilindros em linha de 3900 cm3 a desenvolver 150 cavalos (nada mau para a época) e, principalmente, uma carroçaria em fibra de vidro (!), eis o Chevrolet Corvette. Longo de 4,25m, com 1,77m de largura e 1,31m de altura, o primeiro Corvette sofreu de bastantes dores de crescimento devido à sua juventude e à rapidez com que o projeto passou do papel para a linha de montagem.
As performances eram as possíveis, considerando o motor pesado e preguiçoso, e a necessidade de lhe juntar uma caixa automática Powerglide de duas velocidades (a Chevrolet não tinha então uma caixa manual para acoplar a esse motor). Ainda assim, o Corvette fazia 11 segundos e meio dos 0 aos 100, perdão, das 0 às 60 milhas por hora. Não vale a pena falar em velocidade máxima, porque nos Estados Unidos qualquer coisa acima das 70 milhas (113 km/h) dá direito a multa e, em vários casos e consoante o Estado, a apreensão da carta e até prisão.
De modo a apresentar um preço de venda ao público minimamente competitivo (cerca de 3500 dólares, o equivalente a mais de 35 mil na atualidade), os custos de fabrico foram reduzidos ao mínimo indispensável. A carroçaria em fibra de vidro, fabricada à mão, permitia ganhos de peso da estrutura, ao mesmo tempo que deixava as chapas de aço disponíveis para fabricar os outros modelos Chevrolet de grande série, o ganha-pão da marca. O châssis, motor, suspensões, travões, tudo foi aproveitado de outros modelos da Chevrolet.
Curiosidades do Corvette