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Cinto de segurança: 65 anos mas muito longe da reforma

Vive connosco há seis décadas e meia. E já salvou, pelo menos, um milhão de vidas. O cinto de segurança é o mais importante dispositivo de segurança passiva a bordo dos nossos automóveis.

Cinto de segurança: 65 anos mas muito longe da reforma
13 de agosto de 2024 | Luís Merca
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Treze de agosto de 1959 – há 65 anos, era entregue o primeiro automóvel dotado de um cinto de segurança de três pontos. Era um Volvo PV544 (um modelo alcunhado cá no burgo, com alguma crueldade, "o marreco") e foi entregue num concessionário de Kristianstadt, uma cidade do sul da Suécia.

Foto: Volvo

A invenção deve-se ao engenheiro sueco Nils Bohlin (1920-2002), que entrou para a Volvo em 1958 e se dedicou exclusivamente a um tema a que a marca de Gotemburgo sempre deu a maior prioridade: a segurança. Inspirado nos sistemas de retenção e ejeção dos pilotos de aviões, Bohlin viu nos três pontos – dois ancorados e aparafusados ao châssis e um onde a fivela encaixa – a melhor forma de um cinto de segurança cumprir a sua função (proteger vidas em caso de acidente) e não o contrário – como acontecia, por exemplo, com cintos de dois pontos, que causavam lesões no abdómen, por vezes fatais. Ao cruzar diagonalmente a caixa torácica, enquanto simultaneamente restringe a deslocação da bacia, a ação do cinto de segurança, em caso de colisão, permite ao acidentado uma maior hipótese de sobrevivência, enquanto reduz de forma significativa as lesões resultantes dessa mesma colisão. Estima-se que desde há 65 anos o cinto de segurança de três pontos tenha salvo a vida a cerca de um milhão de pessoas. Não contando, sequer, com o número provavelmente bastante maior das lesões graves que terão sido evitadas.

Foto: Volvo
Foto: Volvo
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Mas a aceitação do cinto de segurança não foi imediata e convencer os automobilistas da sua importância viria a revelar-se uma tarefa difícil. Os seus detractores apontavam situações como a libertação do acidentado, que correria o risco de ficar "amarrado" sem hipótese de se extrair; ou ainda o incómodo do seu uso e a sensação de claustrofobia que poderia causar. Com o passar dos anos, primeiro nos países escandinavos, mais despertos para a importância da segurança, e posteriormente também nos Estados Unidos – que viriam a implementar normas de segurança rodoviária verdadeiramente leoninas – o cinto de segurança foi-se impondo gradualmente, até ser finalmente obrigatório em todos os veículos novos.

Foto: Volvo

Ao patentear o cinto de segurança, a Volvo optou por deixar "aberta" a sua utilização por terceiros. Assim, as marcas que quisessem desenvolver e melhorar o dispositivo poderiam fazê-lo, beneficiando, em última análise, o condutor e passageiros. Ou seja, toda a indústria. 

Desde esse distante 1959, os cintos de segurança têm vindo a ser objeto de variadíssimas alterações e melhoramentos, tornando-se inteligentes, interativos e instantaneamente prontos para atuar, protegendo o frágil corpo humano dos efeitos de um acidente. E tudo começou com um "abraço" dado há 65 anos pela Volvo.

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