Quando a Bugatti apresentou o modelo Veyron na corrida Targa Florio, em 2005, na Sicília, foi o culminar de um ciclo iniciado em 1998, quando o Grupo VW adquiriu a marca francesa. Tinha um motor W16 de 8.0 litros que produzia uns impressionantes 1001 cv de potência – tal como Ferdinand Piech, que na época liderava o grupo – tinha exigido aos seus engenheiros e apresentava uma velocidade máxima superior a 400 km/h.
Todos estes dados, juntamente com o design assinado por Jozef Kaban (agora na BMW), fizeram do Veyron um automóvel muito especial e que marcou o início da era dos hiperdesportivos, tal a diferença de rendimento (e andamento!) face aos automóveis que existiam na época.
Desde então a Bugatti recuperou a credibilidade e a exuberância que marcaram os seus primeiros anos e não parou de continuar a forçar os limites da indústria automóvel, primeiro com versões especiais do Veyron e depois com o seu mais recente modelo, o Bugatti Chiron.
O Chiron trouxe uma mecânica ainda mais revolucionária e mais potência ‘para a mesa’, mas desde que foi apresentado houve sempre uma dúvida que o acompanhou: qual é a sua velocidade máxima? A Bugatti foi desviando esta pergunta o mais que pôde e até viu a Koenigsegg fazer uma importante afirmação de poder neste capítulo, com o Agera RS a bater o recorde de velocidade para automóveis de produção com 447,6 km/h.
Esta marca, apesar de impressionante, só serviu para alimentar ainda mais a especulação sobre se a Bugatti iria ou não entrar nesta ‘guerra de velocidade’. Agora, e volvidos cerca de 20 meses, a marca francesa achou que era altura de responder e levou um protótipo baseado no Chiron para lá da barreira das 300 milhas por hora, alcançando uma marca recorde - para um automóvel de produção – de 490,484 km/h.
A fabricante com sede em Molsheim, na Alsácia francesa, foi muito cautelosa com os detalhes acerca deste protótipo, mas rapidamente percebemos que esta seria a base de um modelo especial a lançar no futuro. Não só estávamos certos como a espera foi muito curta, é que uma semana depois do recorde apareceu a versão final de produção deste modelo.
Denominado Bugatti Chiron Super Sport 300+, este Bugatti está limitado a apenas 30 unidades em todo o mundo, cada uma com preços a começar nos 3,5 milhões de euros (antes de impostos), e é um dos automóveis mais impressionantes de que há memória.
A velocidade máxima desta versão ainda está por confirmar, mas sabe-se que será electronicamente limitada, já que são poucas as estradas no planeta que reúnem as condições necessárias para atingir registos semelhantes aos que valeram o recorde de velocidade a este modelo.
Mas apesar de todas estas cautelas, o motor destas 30 unidades é exactamente o mesmo que equipou a versão que atingiu os 490,484 km/h. Trata-se de um bloco W16 de 8.0 litros quad-turbo que produz uns impressionantes 1600 cv de potência.
Também a imagem sofreu poucas alterações, com as linhas do protótipo recordista a ‘saltarem’ para as trinta unidades de produção. O acabamento em fibra de carbono exposta é o detalhe que mais salta à vista, sobretudo porque surge combinado com apontamentos em laranja, tal como acontecia com o Bugatti Veyron Super Sport.
As maiores diferenças estão no habitáculo, já que ao contrário destas unidades, que contam com uma configuração de dois lugares, o modelo que bateu o recorde estava equipado apenas com um banco de competição e com uma gaiola de segurança para proteger o condutor (Andy Wallace) em caso de acidente.
Tudo em torno deste modelo é superlativo e se quisermos ser racionais, percebemos que não faz qualquer sentido existir um automóvel mais rápido do que alguns aviões. Mas é isso que faz deste um automóvel especial e é precisamente isso que fará com que a Bugatti encaixe mais de 100 milhões de euros com a venda dos trinta exemplares. É sempre difícil definir o automóvel perfeito, mas este Bugatti Chiron Super Sport 300+ não andará longe…