Já aqui apresentada, esta marca chinesa - Build Your Dreams (BYD para os amigos) - tem planos ambiciosos, quer para o mercado interno (no primeiro trimestre de 2023 vendeu, na China, mais de 400 mil unidades, alcançando o primeiro lugar) quer para o externo, onde tem em marcha uma agressiva campanha de lançamento de novos modelos. Nela se inclui o recém-lançado Dolphin, a ele iremos em devido tempo. Em ambos os mercados, este BYD Han aqui testado tem na Tesla um – talvez "o" – alvo a abater.
BYD Han
Não é difícil de imaginar a proveniência do nome: Han, a dinastia que governou a China entre os séculos II a.C. e III da nossa era. A plataforma que lhe serve de base permite a utilização de um ou de dois motores, consequentemente, tração dianteira ou integral. Concebida para veículos 100% elétricos e também híbridos plug-in, irá ser substituída em breve por uma destinada exclusivamente a EV. A bateria tem 85.6 kWh de capacidade e está colocada debaixo do piso do carro, permitindo poupar peso e ajudando a equilibrar o centro de gravidade. As dimensões exteriores do Han são as de um sedan executivo: quase 5m de comprimento (4.95m), 2.13m de largura e 1.49m de altura. A generosa distância entre eixos (2.92m) permite adivinhar bastante espaço interior.
O exterior
As linhas do Han estão perfeitamente adaptadas ao nosso mercado, concretamente quando se fala de veículos elétricos e de novas marcas que ensaiam os seus primeiros passos aqui no Velho Continente. É um sedan longo, elegante, com as secções dianteira e traseira bem definidas e identificadas com uma eficiente "assinatura luminosa", um termo que está muito em voga. Faz virar bastantes cabeças quando passa na rua, fruto da curiosidade ("Que carro é aquele?"), e provoca uma perceção de qualidade e de um veículo de topo de gama.
O interior
O estilo interior é um pouco como a cor amarela: ou se ama ou se detesta. Gostos não se discutem, haverá quem goste, haverá quem não. Uma coisa é clara e há que ser justo: os materiais, o fabrico e os acabamentos não podem ser postos em causa. Bastante conforto, bastante espaço – fruto da já referida distância entre eixos generosa – e uma dotação de equipamento a bordo que é quase principesca. Apenas fica a desilusão (talvez seja uma palavra demasiado forte) de o grande ecrã central ser fixo e não se poder mudar de posição (deitado/em pé) como nos outros modelos da BYD, concretamente o Atto e o Tang. Tirando isso – convenhamos, é um preciosismo – em termos de gadgets o Han oferece quase tudo o que existe no mercado.
Ao volante
Não vai ganhar corridas – também não foi projetado para isso – mas o andamento do BYD Han é muito agradável, muito obrigado. Boas acelerações, permite manter um ritmo de condução elevado, mas a maior surpresa (ou talvez não) reside no "pisar" da estrada: comportamento bastante seguro, curva muito bem, (quase) sem adornar a carroçaria, trava q.b., o deslocamento das massas, em curva e contracurva, faz-se sem "chocalhar" demasiado os passageiros. Tudo isto é obtido num ambiente interior de calma, sossego, conforto... silêncio é que nem por isso, já que a motorização elétrica faz-se ouvir.
A autonomia anunciada é de 662 km em ciclo urbano, mas será mais correto referir a autonomia combinada – 521 km – ambas medidas segundo o protocolo WLTP. De notar que a bateria pode ser carregada em postos de alto débito e, nessa altura, permite ir dos 30% aos 80% da carga em 30 minutos.
Conclusão: o Han está à altura do Model S?
Em termos dinâmicos, não. O Tesla Model S ainda domina nesse departamento. Mas isso não quer dizer que possa dormir à sombra dos louros. Quando a BYD relançar o Han na sua nova plataforma, criada especificamente para veículos elétricos, outro galo poderá cantar. O grande argumento da marca chinesa, no entanto, é o preço: um pouco acima dos 70 mil euros, fica ainda assim a uma bela distância do seu rival norte-americano (quase 100 mil). Mas nunca se sabe se, de um dia para outro, Mr. Musk acorda e diz: "Vamos lá reduzir o preço do Model S".