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A carta de amor de Edward Norton a Nova Iorque

O ator e realizador recebeu dicas de Spike Lee para filmar na cidade que nunca dorme.

Foto: Bloomberg
31 de outubro de 2019 | Bloomberg

Edward Norton mudou-se para Nova Iorque em 1991, logo após se formar na faculdade. "Eu não tinha a certeza do que queria fazer, mas a maioria dos meus interesses, além de escalar montanhas, estava aqui", revelou o ator no final de setembro, sentado no Knickerbocker Bar & Grill, um restaurante do Greenwich Village. Ainda não tendo "admitido para si mesmo" que queria continuar a representar ao chegar a Nova Iorque, Norton - que cresceu em Maryland - começou a trabalhar para o seu avô, James Rouse, "um projetista urbanista, promotor imobiliário e especialista muito famoso na revitalização das cidades. "Trabalhou no desenvolvimento de moradias populares, encarregado de entrevistar moradores de moradias públicas e de aprender sobre as circunstâncias de suas vidas. "[O meu avô] dizia coisas como: ‘Para servir as pessoas, é preciso amar as pessoas", contou Norton.

Norton vive em Manhattan desde então. Três vezes nomeado ao Óscar, Norton dirigiu e escreveu filme Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe, que estreia em novembro. Cerca de 28 anos depois de trabalhar para o avô, Norton continua incansavelmente apaixonado pela cidade. O filme, adaptado do romance de Jonathan Lethem, de 1999, explora a maneira como os bairros da cidade foram transformados na década de 1950, quando as autoridades pretendiam eliminar moradias para comunidades de baixos rendimentos e priorizar a construção de estradas e pontes, beneficiando a elite.

Era importante para Norton reunir um elenco de atores de Nova Iorque - incluindo Alec Baldwin, Cherry Jones, Bobby Cannavale, Bruce Willis e Willem Dafoe - que ele conheceu ao longo das três décadas como residente da Big Apple. "É como uma companhia de repertório de verdadeiros atores de Nova Iorque. Acho que precisava disso, porque precisava de pessoas que precisariam menos de mim como diretor, porque é um filme denso e cheio de palavras", disse. "Eu precisava de pessoas que sabem sair do palco e fazer tudo."

Norton, que trabalhou em cerca de uma dúzia de filmes gravados em Nova Iorque, disse estar "familiarizado o suficiente com a dinâmica" e que se sentiu preparado para a tarefa um tanto stressante. "A preparação é a chave em Nova Iorque. Tem de se mover depressa em Nova Iorque. É uma das coisas que eu realmente aprendi com Spike Lee [que dirigiu Norton em A 25.ª Hora] mais do que qualquer outra pessoa. Ele é um estilista confiante e definitivo e sabe o que vai fazer. Ele conhece a sua cidade, sabe como se mover dentro dela."

Não importa quanto se prepare, porém, uma produção como esta ainda é uma tarefa árdua. "Existe a famosa frase de Mark Twain: ‘Estou feliz por ter feito isto, em parte porque valeu a pena, mas principalmente porque nunca mais precisarei de voltar a fazê-lo’", brincou Norton. "Foi difícil. O maravilhoso é que é como caçar um tesouro sendo adulto. Você decide isto sozinho e diz [por exemplo]: ‘Agora, onde podemos encontrar uma grande piscina antiga na cidade?’ E eis que essa piscina [acaba a ser] uma piscina pública no Harlem."

 

Saiba mais Spike Lee, Edward Norton, Nova Iorque, cinema, filmar, sétima arte
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