Prazeres / Artes

Uma jornada pelas memórias no Palácio Duques de Cadaval

A cidade de Évora recebe, atualmente, uma exposição imperdível no histórico Palácio Duques de Cadaval. Entre os dias 16 de junho e 27 de outubro de 2024, "The Scenery of Memory" apresentará ao público uma fascinante coleção de dioramas do renomado artista francês Ronan-Jim Sévellec.

Foto: Francisco Nogueira
31 de julho de 2024 | Safiya Ayoob / Com Rita Silva Avelar

Ronan-Jim Sévellec é amplamente aclamado pela sua capacidade de criar miniaturas complexas que vão além da simples técnica e paciência. Os seus dioramas são verdadeiros microcosmos repletos de reminiscências e emoções, transportando o observador para cenários que parecem congelados no tempo. Estes espaços, muitas vezes escuros e desbotados, captam a passagem do tempo e sugerem histórias de antigos habitantes, revelando a poesia do banal e a magia do quotidiano.

A ausência de presença humana nas obras de Sévellec destaca a evolução contínua desta viagem introspectiva.
A ausência de presença humana nas obras de Sévellec destaca a evolução contínua desta viagem introspectiva. Foto: Francisco Nogueira

O Palácio Duques de Cadaval, com os seus 600 anos de história, oferece o cenário perfeito para The Scenery of Memory. Este local histórico, que testemunhou a passagem de muitas gerações da família Cadaval, agora abriga as obras contemporâneas de Sévellec. As paredes e a estrutura do Palácio, impregnadas de vida, contrastam com as miniaturas de Sévellec, que combinam detalhes contemporâneos com uma beleza envelhecida. Esta justaposição oferece aos visitantes uma experiência única, na qual o passado e o presente se encontram de forma mágica.

Sévellec foi apresentado à família dos Duques de Cadaval pela galerista Antonine Catzéflis. O artista, ao longo dos anos, realizou exposições em diversos países, incluindo França, Bélgica, Suíça, Itália, Mónaco e Países Baixos. As suas obras são descritas como hipnóticas e perturbadoras, oferecendo uma visão profunda e introspectiva do mundo. Sévellec acredita que a arte deve encantar, seduzir e, num outro nível, perturbar, provocando uma resposta emocional intensa.

Utilizando objetos antigos e banais, Sévellec constrói cenários que evocam sentimentos de nostalgia e melancolia, provocando no observador uma reflexão sobre o tempo e a memória.
Utilizando objetos antigos e banais, Sévellec constrói cenários que evocam sentimentos de nostalgia e melancolia, provocando no observador uma reflexão sobre o tempo e a memória. Foto: Francisco Nogueira

Nascido em 1938, em Paris, Ronan-Jim Sévellec encontrou a sua verdadeira vocação no mundo dos dioramas. Formado pela Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris, o artista iniciou a sua carreira na pintura e no desenho, e foi através das miniaturas que conquistou o reconhecimento internacional. Utilizando objetos antigos e banais, Sévellec constrói cenários que evocam sentimentos de nostalgia e melancolia, provocando no observador uma reflexão sobre o tempo e a memória.

Sévellec acredita que a arte deve encantar, seduzir e, num outro nível, perturbar, provocando uma resposta emocional intensa.
Sévellec acredita que a arte deve encantar, seduzir e, num outro nível, perturbar, provocando uma resposta emocional intensa. Foto: Francisco Nogueira

Sévellec descreve, num comunicado, o seu processo artístico como um ato de "colecionar objetos aparentemente sem valor", que com o tempo se revelam a matéria-prima da sua arte. Cada diorama é construído a partir desses fragmentos do passado, oferecendo uma nova vida a objetos esquecidos e permitindo ao público uma introspeção sobre o tempo e a memória. A ausência de presença humana nas obras de Sévellec destaca a evolução contínua desta viagem introspectiva.

As paredes e a estrutura do Palácio, impregnadas de vida, contrastam com as miniaturas de Sévellec, que combinam detalhes contemporâneos com uma beleza envelhecida.
As paredes e a estrutura do Palácio, impregnadas de vida, contrastam com as miniaturas de Sévellec, que combinam detalhes contemporâneos com uma beleza envelhecida. Foto: Francisco Nogueira

The Scenery of Memory não é apenas uma exposição, mas uma jornada através do tempo e das memórias. As salas do Palácio Duques de Cadaval, repletas de história, combinam-se com as obras de Sévellec para criar um testemunho único do tempo. As obras de arte históricas e contemporâneas da família Cadaval também estarão em exibição, selando assim um testemunho de memória e da passagem do tempo.

Ronan-Jim Sévellec é amplamente aclamado pela sua capacidade de criar miniaturas complexas que vão além da simples técnica e paciência. Os seus dioramas são verdadeiros microcosmos repletos de reminiscências e emoções, transportando o observador para cenários que parecem congelados no tempo.
Ronan-Jim Sévellec é amplamente aclamado pela sua capacidade de criar miniaturas complexas que vão além da simples técnica e paciência. Os seus dioramas são verdadeiros microcosmos repletos de reminiscências e emoções, transportando o observador para cenários que parecem congelados no tempo. Foto: Francisco Nogueira

A exposição oferece uma oportunidade rara de explorar os mundos quiméricos de Ronan-Jim Sévellec, onde o banal se transforma em algo extraordinário. Através dos seus dioramas, Sévellec convida-nos a refletir sobre a essência das memórias e sobre como estas moldam a nossa percepção do mundo.

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