Depois dos resultados das eleições presidenciais norte-americanas, é possível que tenha ficado com vontade de mudar de planeta. Quem nunca? A escolha óbvia, pela proximidade e semelhanças com a Terra, é Marte. Sim, é verdade que Elon Musk está a tentar chegar lá e desenvolver uma colónia, o que transformaria a fuga num exercício de futilidade, mas tentemos não pensar nisso agora, e aproveitemos os próximos minutos para viajarmos até ao Planeta Vermelho com esta edição especial multilingue (escrita em inglês, francês e alemão) que tem centenas de fotografias dos arquivos da NASA.
Galileu viu Marte pela primeira vez em 1610. Desde então, o pequeno planeta nunca deixou de captar a imaginação e fascínio dos seres humanos. Com as suas calotas polares e dunas varridas pelo vento, Marte tem mais semelhanças com a Terra do que o famoso astrónomo italiano terá discernido no início do século XVII. Por vezes, olhando para algumas fotografias, acreditamos estar, de facto, a olhar para o nosso planeta. É talvez por isso que Marte exerce tanta atração. A possibilidade de uma casa longe de casa, ou um lembrete árido daquilo que a Terra já foi ou poderá vir a ser um dia.
Fascinados pelo seu brilho avermelhado, os primeiros astrónomos decidiram chamar-lhe Marte, o nome do deus romano da guerra. Talvez imaginassem uma terra de fogo e lava. Nos últimos 60 anos, porém, as diversas missões da NASA permitiram-nos ir conhecendo a verdadeira face deste planeta, revelando um mundo não tão diferente do nosso e que, possivelmente, já suportou vida. As primeira imagens de close-up de Marte foram tiradas pela sonda Mariner 4, em 1965 – e foram também as primeiras de sempre a ser captadas de outro planeta.
Missões orbitais posteriores da NASA deram a conhecer vistas aéreas de leitos de rios antigos, calotas polares, tempestades de poeira, vastos desfiladeiros e vulcões altíssimos numa paisagem de diversidade interminável. Ao percorrerem a superfície acidentada deste pequeno planeta – Marte tem cerca de metade do tamanho da Terra, com um diâmetro de aproximadamente 6.779 km, face aos 12.742 km terrestres –, os rovers da NASA têm operado como extensões mecânicas da humanidade nos últimos 25 anos, perfurando o solo, procurando vestígios de água e de mais informação que ajude a contar a história do planeta.
Nesta edição da Taschen – chamada, simplesmente, Mars – juntamo-nos aos cientistas da NASA no esforço contínuo de conhecer melhor o Planeta Vermelho. Ensaios do antigo cientista-chefe da NASA, James L. Green, e de Rob Manning, o engenheiro-chefe do Jet Propulsion Laboratory – uma divisão da NASA responsável pela concepção, desenvolvimento e operação de sondas espaciais não tripuladas e outras missões científicas –, oferecem uma visão aprofundada sobre a história da exploração do planeta e os desafios na preparação dessas missões. As legendas da cientista planetária Emily Lakdawalla explicam o conteúdo e o contexto técnico de cada imagem, enquanto o prefácio da poeta Nikki Giovanni e a introdução da curadora Margaret A. Weitekamp refletem sobre a importância de Marte na nossa imaginação cultural.
Um livro escapista que nos ajuda a conhecer melhor este nosso vizinho e que estará disponível no site da Taschen em dezembro, por 50 euros.