"Conselhos para o meu eu quando jovem" foi a obra com a qual Cássio Markowski ganhou o Sovereign Portuguese Art Prize 2023, no final do ano passado. O artista brasileiro de 52 anos radicado em Portugal apresentou na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa (onde decorreu a exposição a concurso) uma peça eleita por si. Um retrato das relações familiares, as suas influências e contradições, tudo dentro da construção cultural do Brasil. Foi-lhe atribuído um prémio de 25 mil euros pela obra.
"Receber este prémio é a consolidação de um trabalho que venho realizando nos últimos oito anos. Tenho trabalhado questões políticas e sociais desde um olhar poético, privilegiando o desenho figurativo como forma de expressão estética e também filosófica", desvendou o artista, completando "a partir de um olhar contemporâneo voltado para a ancestralidade revisito um passado não muito distante para discutir questões relevantes nos dias atuais."
O universo artístico de Markowski, com formação em Artes Visuais pelo Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina no Brasil e mestrados em Pesquisa e Criação em Artes e Artes e Ciências do espetáculo no país Basco, pauta-se por uma profunda ligação à relação entre a humanidade e natureza, numa prática a distintos meios de expressão: o desenho, a gravura, a pintura, a escrita, o vídeo, a instalação. O artista multidisciplinar explora a poesia da linguagem visual numa poética entre o ser humano, flora e fauna, como procura descrever a plataforma cultural Underdogs, onde podemos encontrar à venda alguns dos seus trabalhos.
Por sua vez, o Prémio da Sovereign Art Fondation (SAF), fundada em 2003, assenta em dois objetivos essenciais, como reconhece Howard Bilton, Chairman e fundador do Sovereign Group: "(…) mostrar o melhor da arte portuguesa e angariar fundos para ajudar crianças desfavorecidas em Portugal, utilizando a arte como terapia e reabilitação para as que têm dificuldades de aprendizagem ou problemas de comportamento", referindo-se apreensivo ao alarmante número de crianças portuguesas a viver em pobreza (20%). A SAF já arrecadou mais de 11 milhões de euros em distintos países para a ajuda a crianças desfavorecidas, utilizando as artes expressivas como meio de educação, mas sobretudo reabilitação.
Profissionais independentes do ramo artístico entre curadores e colecionadores como David Elliot (Presidente do Júri), Tim Marlow (Chefe Executivo e Diretor do Museu de Design de Londres); João Paulo Queirós (Presidente da Direção da Sociedade Nacional de Belas Artes) compuseram um painel internacional de peso responsável por analisaram um total de duas centenas de candidaturas recebidas. Nuno Cera, Carolina Pimenta, Dan Rees, Ana Almeida Pinto, Pedro Gramaxo, Diogo Pimentão, Teresa Esgaio são alguns dos rostos artísticos emergentes da shortlist dos 30 finalistas.
Permite-se um simultâneo vislumbre de obras de artistas reconhecidos em paralelo com o trabalho de criadores menos familiares do público, promovendo uma plataforma de visibilidade à arte contemporânea e oferecendo um preview de quem se vai falar no panorama artístico nos próximos anos. "Para além do prémio, beneficiam de maior exposição internacional, de cobertura mediática e da oportunidade de expor publicamente o seu trabalho em Portugal", pode ler-se na página oficial da SAF e compreender em profundidade a toda a dinâmica envolvente da iniciativa, nomeadamente o concurso, atribuição de prémios e venda de obras e distribuição de valores.
Paralelamente ao Grande Prémio, decorreu também o Prémio para Estudantes da Sovereign Art Fondation 2023. Esta distinção anual seleciona, igualmente através de um júri, as 30 melhores obras de jovens de escolas secundárias de todo o país, novamente uma ponte entre "os artistas de hoje e os talentos de amanhã". Um verdadeiro deleite (e um espanto) de se ver para quem já teve oportunidade, igualmente com um propósito filantrópico.