Mesmo para quem não percebe muito de arquitetura, os edifícios de Santiago Calatrava tendem a ser facilmente reconhecíveis. Há qualquer coisa do mundo natural nas suas estruturas. Muitas assemelham-se a pássaros e escaravelhos. Outras fazem lembrar esqueletos ou folhas. Ao mesmo tempo, tendem a ser verdadeiros colossos de engenharia. Calatrava que é, afinal, arquiteto, mas também engenheiro de estruturas, escultor e pintor, tem uma sensibilidade particularmente apurada para equilibrar estética e anatomia estrutural. E é essa sensibilidade única que a Taschen agora celebra com um grande livro que compila todas as obras do arquiteto, desde 1979 até ao momento atual. E se está a pensar que Calatrava ainda não morreu e nem sequer pendurou as luvas, não se preocupe – nada que um segundo volume, daqui a uns anos, não resolva.
Há edifícios de Santiago Calatrava pelo mundo todo e talvez o mais distraído dos nossos leitores não se tenha apercebido que há, em Lisboa, um grande exemplo da sua visão: a Gare do Oriente. Em Santa Cruz de Tenerife, por exemplo, há o famoso Auditório de Tenerife, que a Must teve oportunidade de ver ao vivo, no início deste ano – exercício que recomendamos. Além destes, o livro inclui ainda fotografias textos detalhados sobre o Complexo Desportivo para os Jogos Olímpicos de Atenas 2004, o World Trade Center Transportation Hub em Manhattan, a estação Mediopadana em Reggio Emilia, na Itália, o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, bem como projetos mais recentes, como o Pavilhão dos Emirados Árabes Unidos para a Expo 2020, no Dubai, ou a Igreja Grega de São Nicolau, no Ground Zero de Nova Iorque – onde se erguiam as Torres Gémeas, antes do 11 de Setembro.
As influências de Calatrava são diversas e vão da abordagem de Auguste Rodin à escultura e à arquitetura, passando pelos princípios do classicismo e da arte cicládica grega, chegando, até, ao design espacial da NASA. E sempre com uma profunda admiração pela natureza, que ele considera tanto mãe quanto professora. Assim, as criações de Calatrava são simultaneamente aerodinâmicas e orgânicas nas suas associações, com formas naturais e o movimento humano a inspirar muitos dos seus projetos.
Esta nova edição da Taschen tem textos de Philip Jodidio, que estudou história da arte e economia em Harvard e editou a revista Connaissance des Arts durante mais de 20 anos. Os seus livros para a Taschen incluem a série Homes for Our Time e monografias sobre vários arquitetos importantes, incluindo Norman Foster, Tadao Ando, Renzo Piano, Jean Nouvel e Zaha Hadid.
Calatrava. Complete Works 1979–Today tem 688 páginas, tem capa dura, custa 200 euros e está disponível no site da editora.