Prazeres / Artes

Discos da rentrée: Nem tudo o que é novidade tem de ser novo

Os principais lançamentos musicais deste regresso pós-férias têm qualquer coisa em comum: não são de artistas que representem a ideia geral de sangue novo.

Foto: Getty Images
19 de agosto de 2022 | Diogo Xavier
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Os discos novos, prontos a lançar nesta rentrée, não são obra de nomes novos do panorama musical. Pelo contrário, à exceção de Marlon Williams, as novidades mais relevantes que identificámos são de gente que anda de palco em palco há já várias décadas – começando logo por Madonna, que lança hoje mesmo um disco com os seus 50 hits que chegaram a número 1.


Madonna
Finally Enough Love: 50 Number Ones
Warner

Depois da versão simplificada Finally Enough Love, lançada apenas em streaming e contendo 16 faixas, chega hoje, 19 de agosto, aos escaparates a coletânea completa e remisturada das 50 canções de Madonna que alcançaram o número 1 do top americano Billboard Dance Club Songs. A Rainha da Pop registou o seu 50.º hit a atingir a primeira posição da lista em 2020, quando I Don’t Search I Find, do álbum Madame X, chegou ao topo da tabela. No meio de algumas faixas mais surpreendentes, em que as remixes e as edições acrescentam novidade, é possível encontrar clássicos – Like a VirginMaterial GirlVogueLike a Prayer, entre outras – em versões menos conhecidas, senão mesmo totalmente desconhecidas por cá, uma vez que são misturas para rádio ou de 7 polegadas (45 rotações) muito raras em Portugal.

Foto: Warner
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Muse
Will of the People
Warner

Os seguidores dos Muse já saberão ao que vão quando, no próximo dia 26, correrem para as lojas para comprar o 9.º álbum de originais da banda. O sucessor de Simulation Theory, lançado já lá vão quatro anos – a verdade é que os Muse desde os três primeiros discos, editados com intervalos de dois anos entre si, nunca forçaram a saída do álbum seguinte: levaram sempre o seu tempo –, vem sendo antecipado desde o início deste ano. O primeiro single, Won’t Stand Down, foi lançado a 13 de janeiro, seguindo-se o desvendar de outros três temas: Compliance, em março, Will of The People, em junho, e Kill or Be Killed, em julho. Sobram seis músicas por desvendar, mas é provável que entre essas se encontre uma ou mais pérolas com o selo de qualidade da banda de Matthew Bellamy.

Foto: Warner

Marlon Williams
My Boy
Dead Oceans

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Se o resto do disco estiver alinhado com o single – homónimo do álbum, My Boy –, estaremos então perante um LP em que o músico e compositor neozelandês exibe, uma vez mais, toda a sua coolness. My Boy é, pelo menos, tão cool quanto What’s Chasing You, o que é dizer muito. Marlon Williams, cuja inspiração em crooners de outras décadas e em abordagens dos primórdios do rock and roll é notória, apresenta neste single uma sonoridade que mais parece um revivalismo de uns certos anos 80. O segundo single, Thinking of Nina, confirma absolutamente esta primeira impressão e leva-a ainda mais longe: beats seguros, simples, e repetitivos e dançáveis no meio de sintetizadores. A 9 de setembro, data de saída do disco, saberemos que outras surpresas traz My Boy.

Foto: Dead Oceans

Yeah Yeah Yeahs
Cool It Down
Secretly Canadian

É o quinto álbum de estúdio em mais de 20 anos de carreira dos Yeah Yeah Yeahs, e só isto devia ser motivo suficiente para estarmos de orelhas alçadas para escutar com atenção o que contém. Mas há mais: este é o primeiro disco de originais que a banda da carismática Karen O traz ao mundo após a reunião da banda, em 2017, que se seguiu a um hiato de quatro anos em que o trio autor do fabuloso Fever To Tell (2003) aproveitou para pensar na vida e para perder tempo, que podia ter sido aplicado a conceber mais discos geniais. Acerca de Cool It Down ainda não se sabe muito, para além dos títulos das músicas e da duração total do registo, que é curtíssima, pouco passa da meia-hora. O single, Burning, mostra uns Yeah Yeah Yeahs absolutamente em forma, com um instrumental mais complexo do que era usual, e deixa água na boca. O álbum é lançado a 30 de setembro.

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Foto: Secretly Canadian

Pixies
Doggerel
BMG

Os Pixies, embora não sejam exatamente "aqueles" Pixies (sejamos honestos: 35 anos e menos uma Kim Deal mais tarde, seria impossível chegarem, ainda que remotamente, perto do que conseguiram fazer em Doolittle, por exemplo), continuam a ser os Pixies: encerram atividade, depois conversam, a seguir reúnem-se, por fim entram num estúdio e acabam por fazer um disco, e assim sucessivamente. Desta vez, embalados pelas novas tendências incentivadas pela consciência contemporânea, enfiaram-se num estúdio amigo do ambiente no Vermont e gravaram Doggerel. É o oitavo álbum da banda e o quarto desde a reunião (mais ou menos) definitiva após a saída de Deal (que anda a preparar coisas com as Breeders – é estar atento). O single, There’s a Moon On, soa a qualquer coisa algures entre os velhos Pixies e uns Pixies velhos, o que já não é nada mau. O disco é lançado a 30 de setembro.

Foto: BMG
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Red Hot Chili Peppers
Return of the Dream Canteen
Warner

Alguém andou a aproveitar muito bem os tempos de confinamento e a compor compulsivamente perante a impossibilidade de andar em tournée: depois de 11 álbuns de originais em 32 anos, os Red Hot Chili Peppers lançam o segundo disco este ano. Depois de Unlimited Love – um compêndio com 17 músicas e 73 minutos de duração editado em abril –, a muito madura banda da Califórnia apresenta a 14 de março mais um disco de dimensões enciclopédias. Return of the Dream Canteen traz mais 17 faixas e é o 13.º registo de estúdio da banda de Flea, de Anthony Kiedis e do recém-regressado John Frusciante, rapazes que andam aos pulos pelos palcos deste mundo há mais de 40 anos. É obra.

Foto: Warner
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