Com a colheita de 2020 a começar mais cedo, muito está dependente da vindima numa altura de desafios. Depois do presidente dos EUA, Donald Trump, ter imposto uma tarifa de 25% sobre diversas variedades vinho europeu em outubro passado, o valor do vinho Bordeaux caiu 46% em novembro em relação ao ano anterior, com quebras de 18% do volume total de vendas, de acordo com o Bordeaux Wine Bureau (CIVB).
A Covid-19 agravou essas dificuldades: no período de 12 meses que terminou em julho de 2020, as exportações de Bordeaux caíram 18% em valor em comparação com o ano anterior. Os tintos de alta qualidade de 2019 custam até 30% menos do que a colheita anterior, porque a pandemia afetou as vendas "en primeur", o que geralmente ajuda a impulsionar a competição por garrafas. Um Château Mouton Rothschild de 1999 custa agora cerca de 330 dólares, quando normalmente sairia por quase 500 dólares.
Como noutras regiões como Champagne, a diminuição da produção de uvas é causada por mudanças climáticas e pragas. A conheita de Bordeaux 2019 caiu 2,3% em comparação com a média de 10 anos, e 28% em comparação com há 20 anos.
Foram as pragas que inspiraram os vinicultores de Bordéus a recorrerem aos morcegos locais para ajudarem na produção. Embora ainda esteja em estudo o quanto os mamíferos ajudaram a aumentar a produtividade e a qualidade das uvas, produtores de vinho da região adotaram-nos, figurativamente falando. Outras regiões vinícolas francesas de renome tomam nota.
Estes produtores participam num estudo científico de longo prazo para confirmar o impacto dos morcegos locais em duas das pragas mais invasivas dos vinhedos: a traça da videira europeia e a traça da uva. Ambas causam o botrytis, uma podridão cinzenta destrutiva.