A paixão automóvel faz-nos ter um amor incondicional por aquele que é o nosso bólide que nos acompanha nos bons e nos maus momentos. Mas há carros que são obras de arte, capazes de nos fazer sonhar e deixar de boca aberta quando os vemos. Há muitos modelos icónicos ao longo da história dos automóveis e, claro, do cinema. Os Aston Martin de James Bond têm sempre lugar neste mundo dos ícones artísticos. O primeiro foi mesmo o clássico DB5 com que Sean Connery se passeou em Goldfinger (1964) e tornou-se um dos modelos mais emblemáticos do século XX. Outro deles foi o futurista Lotus Esprit Series I que Roger Moore conduziu e comandou debaixo de água em 007 – Agente Irresistível (1977). Não nos podemos esquecer do musculado Mustang GT 390 com que Steve McQueen acelerou à bruta em Bullitt (1968) ou, mais recentemente, do Porsche 911 clássico de Hank Moody na série Californication.
Vários dos modelos que se seguem são verdadeiros ícones que inspiraram várias gerações de automóveis que se seguiram. Temos ainda uma coluna de motas recentes inspiradas em modelos icónicos.
Ferrari 335 Sport Spider by Scaglietti
Este modelo de 1958, restaurado recentemente, foi eleito na edição deste ano do Concorso d’Eleganza Villa d’Este como o melhor clássico do evento. O pequeno tesouro, que pertente ao colecionador e milionário austríaco Andreas Mohringer, é uma das quatro unidades que a Ferrari construiu na época e um dos carros mais rápidos do seu tempo. Com um motor V12 de 390 cv foi mesmo o primeiro Ferrari a superar a barreira dos 200 km/h. Uma das outras unidades do modelo foi vendida numa guerra de licitações a Lionel Messi, em 2016, que bateu nada mais nada menos do que Cristiano Ronaldo, tornando-o o automóvel mais caro vendido em leilão. Por quanto? Por 32 milhões de euros.
Jaguar E-Type
O E-Type é tudo menos um automóvel qualquer. Em pleno Salão de Genebra, quando foi apresentado em 1961, minutos depois de o ver já Enzo Ferrari, o lendário fundador da Ferrari, não tinha dúvidas em chamá-lo "o mais belo carro no mundo". Quase seis décadas depois, o modelo foi considerado em dezenas de rankings como o mais bonito pedaço de automóvel do século XX e continua a ser um dos modelos mais sedutores. Recentemente, o modelo que foi feito a partir de um carro de competição que venceu as 24 Horas de Le Mans ganhou uma versão totalmente elétrica, o E-Type Zero.
Porsche 356 Speedster
Desenhado e criado, em 1948, pelo próprio Ferdinand Porsche, o 356 é considerado o primeiro Porsche de produção (vendido em série). O modelo alemão que viria a inspirar e ser substituído pelo também icónico Porsche 911 custava 3.700 euros quando foi lançado e partilhava alguns componentes com o chamado carro do povo, o Volkswagen Carocha, também desenhado por Ferdinand Porsche. Foram produzidos 76 mil unidades até 1965, mas apenas metade resistiu e cada espécime custa hoje bem acima dos 100 mil euros.
Ferrari 250 GTO
Tornou-se novamente popular e objeto de desejo na década de 1980, graças a um filme chamado O Rei dos Gazeteiros, com Matthew Broderick. O modelo foi produzido nos anos 60 e é tão raro que quando chega a leilões pode atingir os 20 milhões de dólares. Descapotável e extremamente rápido, é uma versão melhorada do incrível 250 GT e inclui um estonteante motor V12, além de um dos designs mais icónicos da Ferrari.
Aston Martin DB5
Foi o primeiro modelo a brilhar ao lado de James Bond e, embora respire a elegância britânica, foi lançado em 1963 com desenho da casa italiana Carrozzeria Touring Superleggera. A série de modelos DB foi uma homenagem ao primeiro dono da marca, Sir David Brown. Mas foi com esta quinta versão que a marca ganhou dimensão planetária quando surgiu com Sean Connery no final de Goldfinger, em 1964.
Mercedes-Benz 300 SL
As suas icónicas asas de gaivota fizeram escola. Lançado em 1955, o 300 SL tomou o mundo de assalto ao posicionar-se não só como um dos carros mais belos feitos pelo homem, como o carro mais rápido do seu tempo, incluindo o primeiro motor a quatro tempos com injeção direta de gasolina. Este roadster audaz com as tais portas que abrem para cima, ao estilo da gaivota, custa em leilões 250 mil euros e tem sido reinterpretado algumas vezes pela Mercedes e por outras marcas que querem beber a inspiração do ícone estilístico.
Alfa Romeo 33 Stradale
Estávamos em 1967 e a Alfa Romeo estava apostada em mostrar o que valia com um modelo que era totalmente inspirado nos bólides de competição da marca e tinha tanto de potente como de agressivo no design. O estilo curvilíneo, elegante e delicado, escondia uma "criatura" rebelde e que no interior só tinha o essencial, já que só se preocupava com uma coisa, a performance. Daí que não houvesse retrovisores ou trancas nas portas. Um rebelde em toda a linha, muito leve e que fez 18 donos muito felizes. Mais tarde inspirou modelos como o McLaren P1.
Duas rodas
BMW R60/2
Foi desenhada nos anos 60 para ser a mota da BMW para levar o sidecar e uma versão dela (a mais antiga R75) fez parte do filme Indiana Jones e também foi muito usada pelas forças alemãs na II Guerra Mundial. O design simples esconde uma mota pronta para cidade e fora de estrada e o piloto Danny Liska tornou-se conhecido por levar a sua "beleza negra" numa viagem de 152 mil quilómetros do Círculo Polar Ártico à América do Sul – algo semelhante ao que Ewan McGregor tentou fazer do norte da Europa ao Cabo da Boa Esperança.
Harley Davidson Sportster
É a mota mais vendida de sempre pela Harley Davidson. Foi posta à venda em 1957 e inicialmente foi pensada para as corridas. Desportiva, mas pouco confortável, a Sportster era e é a melhor forma do público perceber o que distingue a marca do Milwaukee. Existem neste momento cinco versões diferentes disponíveis do modelo icónico, isto além de um catálogo enorme de personalização.
Triumph Bonneville
Os ícones não podem ser mortos. A produção das motas Triumph parou por três vezes e, no entanto, o modelo lendário Bonneville continua bem vivo e a espalhar estilo e classe de todos os ângulos. Marlon Brando, James Dean ou Steve McQueen andaram no modelo britânico que continua a ser objeto de desejo. A Bonneville é o que a Triumph chama de modern classic, com o modelo T100 a ser uma reinterpretação moderna do modelo de 1958.