André Duarte: “Lisboa será uma de apenas quatro lojas no sul da Europa a ter a linha de maquilhagem da Louis Vuitton”
O Store Director da loja Louis Vuitton de Lisboa, na Avenida da Liberdade, diz que "a marca acredita no valor do mercado português". A Must aproveitou a conferência Negócios do Luxo para conversar com ele sobre os desafios e oportunidades que se apresentarão às marcas de luxo nos próximos anos.

André Duarte, Store Director na loja da Louis Vuitton na Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi um dos convidados da conferência Negócios do Luxo, organizada pelo Jornal de Negócios e pela Must, e que decorreu na última segunda-feira, dia 10, no Hotel Sheraton Cascais Resort. À frente da única loja portuguesa da maison em Portugal, André falou sobre a importância de criar experiências para reter os clientes no setor do luxo e, para ilustrar, contou a história do seu primeiro dia de trabalho, em 2022: quando chegou à loja, de bicicleta, foi confrontado com uma enorme fila de clientes à espera para entrar. "Esperar no meio da rua", de acordo com André Duarte, "não é consonante com uma experiência luxuosa". A partir desse dia, tomou medidas para que os clientes pudessem esperar pelo seu atendimento personalizado dentro da loja, onde existem áreas diferenciadas com diversos pontos de interesse.
No fim da conferência, a Must conversou com André Duarte sobre o luxo na sua própria vida, sobre os desafios e oportunidades que vê para o setor e sobre a nova coleção de maquilhagem Louis Vuitton. Chama-se La Beauté Louis Vuitton e foi desenvolvida pela talentosa Pat McGrath, a makeup artist dos desfiles de moda e das passadeiras vermelhas que já criou a sua própria marca e que , em 2019, foi nomeada Dame Commander of the Order of the British Empire pelos seus serviços à indústria da moda e da beleza. Pat McGrath foi também a primeira maquilhadora da história a receber este título. Além disso, McGrath é, há mais de 20 anos, responsável pelos visuais das modelos nos desfiles da Louis Vuitton. A nova linha é, por todos estes motivos, um tema digno de entusiasmo, até porque Lisboa vai ser uma das poucas lojas no Sul da Europa a ter a coleção à venda. Ao todo, de acordo com André Duarte, "serão apenas quatro a disponibilizar a gama na região". Porquê? "Porque a marca acredita no valor do mercado português", esclarece.

Já teve a oportunidade de ver a nova coleção de maquilhagem? O que é que achou?
Sim, vi em Paris, há uns meses, numa convenção que tivemos. E a minha reação inicial foi de surpresa. Se calhar por ser homem, mas… Não sabia que podiam existir tantos tons de vermelho [risos]. Acho que vão ser mais de 50 [batons], muito parecidos entre eles, pelo menos para mim. Mas as senhoras estavam sempre a dizer-me: "Isto não é vermelho, é escarlate, e isto também não é vermelho, é carmesim." É muito curioso, cada tom tem o seu nome específico.
Estamos a falar de batons?
Sim, estamos a falar de batons. Há mais produtos, mas a linha está muito focada no batom [a coleção La Beauté Louis Vuitton vai ter 55 batons, 10 bálsamos labiais e oito paletes de olhos – para já]. E também lhe posso adiantar que o batom tem uma embalagem linda, muito elegante, com um price point um bocadinho elevado, mas é refill. Ou seja, a cliente pode adquirir só um estojo e depois compra recargas de diversas cores e vai mudando. Tem um design muito interessante, é uma peça que é quase um acessório.
Estivemos aqui reunidos para discutir o luxo e o futuro do setor. Gostava de lhe perguntar, de um ponto de vista mais pessoal, para si, o que significa luxo?
Experiências.
Quer dizer que faz parte daquela geração mais jovem que dá mais valor ao luxo enquanto experiência do que ao ato de possuir um objeto luxuoso?
Sim, sem dúvida. Se bem que também acho que, para mim, o craftsmanship e o savoir-faire são muito importantes. Já tive a felicidade de ir aos ateliers da Louis Vuitton, em Paris, onde são feitos os nossos históricos trunks, e estar lá com os artesãos, a vê-los a trabalhar, é magnífico. O fabrico de um trunk é da responsabilidade do mesmo artesão do princípio ao fim. É um savoir-faire com quase 180 anos, e continua lá, na casa onde o Louis Vuitton cresceu, o atelier fica mesmo junto à casa, é incrível. Portanto, sim, a experiência é muito importante, mas o savoir-faire também é importantíssimo.
A nível generacional, acho que um dos maiores desafios é que os mais jovens, se calhar da minha geração e das gerações que aí vêm, querem, de facto, investir mais em experiências do que em produtos. É por isso que, para nós, na Louis Vuitton, é tão importante que as pessoas tenham uma experiência memorável e digna de partilha sempre que estão na loja.
Falou, precisamente, sobre isso durante a conferência…
Sim, é muito importante para mim. Tento que isso faça parte do nosso ADN. Temos uma equipa grande, são 70 pessoas. E um dos grandes desafios é conseguir passar esta visão à equipa. Uma visão de criação de experiência, de comunidade, de tratamento diferenciado, quase familiar. Até porque a Louis Vuitton tem uma história familiar muito bonita.

Como é que acha que o setor do luxo vai mudar nos próximos anos?
Acho que vai haver mais escassez das peças. Menos unidades disponíveis. Pelo menos, de acordo com a minha experiência, na marca que eu represento, acho que a estratégia vai passar muito pelo pre-order, ou seja, fazer a encomenda antes do lançamento, e não de ter os produtos. Especialmente as colaborações mais escassas, creio que não estarão grab-and-go nas lojas. Ou seja, vamos ter sempre os produtos icónicos, mas, para muitas dessas colaborações, desses novos produtos, a estratégia vai ser mais de trabalhar por encomenda. E por cliente. A ideia é fazer com que o cliente venha mais vezes à loja.
No tema da mudança, o que é que o André, em particular, gostaria de ver mudar?
Para mim, onde estou, que é na loja da Avenida da Liberdade, em Lisboa, o principal desafio é a falta de espaço físico. A loja tinha que ter o dobro do tamanho. Mas creio que vamos ter novidades em breve sobre uma possível expansão.
Não vão mudar de localização, certamente…
Não, de maneira nenhuma. Não queremos sair dali. O edifício é lindo, icónico, fantástico, a nível de localização é perfeito, em frente ao Tivoli, ao lado do JNcQUOI, do lado da avenida onde bate o sol. Portanto, sair, não, mas expandir, sim.
Que oportunidades identifica para o setor, nos próximos anos?
A nível local, sei que há muitas marcas à procura de localização na Avenida da Liberdade para abrir lojas, marcas de luxo do mesmo nível que a Louis Vuitton, que estão à procura de espaços. Isso traz grandes oportunidades de negócio com aquele tipo de clientes que fazem escapadinhas de fim-de-semana para fazer compras – clientes internacionais. A oportunidade é que Lisboa se torne uma dessas referências, como Milão, Paris, Madrid e Londres. Para já temos a Louis Vuitton, a Cartier e a Gucci na Avenida da Liberdade. A Dior abriu no ano passado. Portanto há uma grande oportunidade de crescimento e quantos mais players vierem para a avenida, melhor.
As gerações mais novas estão a apostar muito em comprar artigos pre-loved, em segunda-mão, isso é um desafio para as marcas de luxo?
Não. Acho que o pre-loved é um mercado muito específico, focado em certas peças com elevado tempo de espera para as adquirir. Acho que quem tem possibilidade de vir à loja e ter a experiência de comprar a sua primeira Louis Vuitton, vai preferir fazê-lo mesmo que signifique pagar um bocadinho mais. Ou então, não podendo ainda comprar a mala X, que era o que gostaria mesmo, se calhar opta por um porta-moedas, um batom, um perfume, ou uma carteira. Acho que é essa a forma de estar do nosso tipo de cliente.
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