Estilo / Relógios e Jóias

Watches and Wonders 2021: o que de melhor se faz no mundo

Este ano quase todas as grandes marcas de relojoaria mundial reuniram-se num mega evento digital para apresentar as suas novidades. E houve muitas, provavelmente mais do que em anos anteriores, a acreditar numa rápida retoma da economia mundial. A Must assistiu a tudo e estas são as nossas escolhas.

19 de abril de 2021 | Bruno Lobo
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Vacheron Constantin Historiques American 1921

Foi há 100 anos que a Vacheron Constantin (VC) apresentou um relógio muito sui generis, infelizmente em exclusivo para o mercado americano: um relógio ao melhor estilo Art Deco com caixa em formato "almofada" e um mostrador descentrado por 45 graus, com as 12 horas sensivelmente no lugar da 1h00. O objetivo era melhorar a legibilidade ao volante, numa sociedade onde o automóvel começava a ganhar adeptos. Olhando para a fotografia percebe-se como tinham razão. Nesta nova vida, o relógio surge em dois modelos de ouro branco, e caixas de 40 mm e 36,5 mm (para homem e mulher, ou vice-versa consoante a preferência), ou num modelo muito exclusivo em platina. Os três relógios, de raríssima beleza, são movidos pelo mesmo calibre manual de manufatura 4400 AS.

A VC apresentou muitas novidades este ano, incluindo três extraordinárias homenagens aos descobrimentos portugueses, honrando os feitos de Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, mas sobre eles falaremos noutra altura. Para já ficamos com os Historiques, para relançar mais uns gloriosos anos 20.

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TAG Heuer Aquaracer 300

Mais ainda do que em anos anteriores, neste "salão" surgiram muitos relógios com mostrador verde (esperança mundial numa vitória do Sporting no campeonato, talvez?). A TAG Heuer não foi exceção, e fez desta cor a estrela da renovada linha Aquaracer 300 (porque vai aos 300 metros de profundidade, obviamente), neste caso muito bem complementado por uma caixa em titânio com tratamento mate. A tradição da marca em relógios de mergulho data já do final dos anos 1970, mas esta nova criação é talvez a mais bem-parecida, com todos os componentes exteriores (o movimento mantém-se, o calibre 5) redesenhados para aumentar o ar desportivo e a robustez (caixa de 43 mm), mas também a elegância, com um perfil mais fino e um maior conforto no uso.

Patek Philippe Annual Calendar 4947

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A Patek Philippe reservou-nos também algumas novidades para sonhar, incluindo um novo calendário perpétuo com display in-line, ou o ressurgimento do Calatrava com a elegante luneta Clous de Paris. Mas escolhemos este calendário anual, Ref. 4947/1A-001, que surge pela primeira vez num Calatrava em aço. Afinal, é uma das complicações mais úteis e só precisa de ser acertada uma vez a cada ano. A caixa (em aço, repetimos, nada de metais preciosos e mais caros) tem 38 mm, possivelmente o tamanho mais versátil para qualquer pulso.

Rolex Cosmograph Daytona

Cronógrafos há muitos, mas como os Rolex Daytona muito poucos. O modelo é um verdadeiro ícone desde que foi lançado há mais de 50 anos (1963) e os modelos vintage atingem regularmente preços astronómicos em leilões. Este ano com novos mostradores em meteorite, a lenda continua… Isso mesmo, vieram do espaço e são o resultado de um cometa que explodiu há muitos milhões de anos. Desde então, fragmentos andam a viajar a toda a velocidade, criando uma cristalização única, impossível de recriar na terra. Felizmente algum acabou por aterrar no planeta. Existem três novas versões do Daytona, todas com caixa Oyster de 40mm, em ouro amarelo, everose e branco. A nossa escolha, com a patenteada bracelete Oysterflex, uma mistura de borracha vulcanizada e links de metal.

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Hermès H08

A Hermès apresentou este ano um novo relógio masculino, com uma linguagem visual particularmente interessante, sobretudo pela forma como conjuga várias contradições aparentes. É, ao mesmo tempo, desportivo e elegante, redondo e quadrado. O H08 apresenta ainda numerais desenhados em específico para este modelo, e um mostrador com três níveis de informação - onde cada ponteiro toca no seu nível. A caixa tem 39 mm, e pode vir num composto de titânio ou de grafeno e carbono. Tudo muito hi-tech, em contraste com o classicismo do movimento automático da manufatura, H1837. É um bom ano para ser homem.

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Jaeger-LeCoultre Reverso Hybris Mechanica Calibre 185

A grande JLC está a celebrar 90 anos do seu maior ícone, o Reverso, o primeiro relógio com dupla face, desenhado inicialmente para os jogadores de polo protegerem os mostradores. Temos vários modelos a celebrar a ocasião, incluindo quatro de rara beleza decorativa, e um modelo de tributo em verde (dahhh!) que nos remete para os primeiros modelos coloridos que surgiram logo nos anos 1930. Mas o destaque vai forçosamente para esta pequena maravilha da relojoaria, o primeiro relógio com quatro faces e o Reverso mais complicado de sempre. Demorou seis anos a desenvolver, e oferece um total de 11 complicações, que levaram ao registo de doze patentes num único relógio! Numa das faces incorpora tantas e tão complexas funções astronómicas que é mesmo capaz de antecipar eventos como super luas e eclipses à escala global. Nunca um relógio permitiu um conhecimento tão profundo do cosmos. Para lá disto, inclui ainda a beleza de uma repetição de minutos, ou um calendário perpétuo. Deste só se fazem 10 exemplares e de certeza que ninguém vai jogar polo com ele - mas se alguém tentar, por favor não deixem. Internem-no antes.

Cartier Tank Louis Cartier

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Mais um relógio centenário, cuja tradição se vai perpetuando ao longo dos anos com subtis nuances a cada geração. Foi o que aconteceu aqui, com dois novos modelos em azul e vermelho intensos. Ambas cores fazem parte do ADN da Cartier, surgindo em contraste com os numerais romanos em ouro rosa (azul) e ouro amarelo (encarnado). Em consonância com a bracelete. Calibre de corda manual 1917 MC.

Ressence Type 2N

A Ressence é uma pequena marca independente que criou alguma reputação ao dar as horas de uma forma original, com os mostradores a girarem, em lugar dos ponteiros. Isto cria um relógio conceptualmente diferente, mas a marca foi ainda mais longe e tentou trazer um pouco de tecnologia do século XXI para a relojoaria tradicional. O resultado éuma espécie de híbrido, onde o coração continua a ser uma máquina totalmente mecânica, com um calibre de corda automática, mas ao qual lhe acrescentaram uma e-crow, uma coroa smart, que se conecta com o telemóvel e ajusta automaticamente a hora. Assim está sempre certo, mesmo que a hora mude ou viaje para outro fuso horário. O fundador, Benoît Mintiens, diz que "a melhor forma de imaginar o future da relojoaria é criá-lo." E é bem capaz de ter razão.

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Montblanc Geosphere Edição limitada 1858

A Montblanc parece ter tantas edições limitadas este ano que tivemos de perguntar ao diretor de relojoaria quantas eram. São 20 ao todo, mas nenhuma nos agradou mais do que este Geosphere no tradicional bronze da marca, com uma palete de cores incrível, inspirada na travessia de Reinhold Messner - provavelmente o maior aventureiro de sempre - ao deserto de Gobi em 2004. E aqueles dois globos hemisféricos não estão ali só para embelezar: giram e indicam a hora em qualquer parte do mundo.

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Tudor Black Bay Fifty-Eight

Estão desculpados se pensarem que o novo BB58 tem uma caixa de bronze. Mas lá porque não brilha é mesmo ouro, só que matificado. A verdade é que o primeiro BB58 em ouro consegue manter o ar funcional e robusto típico do modelo. E o mostrador, só podia, vem num vivido verde com nuances douradas, para ligar melhor à cor da caixa.

Lange & Söhne Lange 1 Perpetual Calendar

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Nunca é fácil escolher um Lange. É como pedir para dizer se preferimos um Barca Velha ou um Pera Manca. Até podemos preferir o Barca Velha, mas queremos os dois. Assim é com a Lange, qual escolher, o Triple Split, capaz de medir tempos intermédios por 12 horas, ou o Calendário Perpétuo? Desta vez não conseguimos resistir à beleza deste último, e à forma como todas as funções foram enquadradas no design descentrado do Lange 1. Incluindo os meses no anel exterior, e um indicador de fases de lua "inteligente" que indica dia e noite. Disponível em duas versões, ouro rosa com mostrador cinzento, ou ouro branco com mostrador em ouro rosa.

IWC Big Pilot’s Watch Shock Absorber XPL

No ano em que renova a linha de Pilot Watches, a IWC surpreendeu ao apresentar este Shock Absorver XPL (de Experimental, uma nova divisão da manufatura para quebrar barreiras na relojoaria). E o que este relógio faz é aguentar pressões de 30 000 g, algo inaudito. Não que alguém vá alguma vez precisar, até porque nenhum humano consegue aguentar mais de 10 g por um minuto, e nem uma batida muito forte com o relógio ultrapassa os 100 g (máximo). Então porque adorávamos ter um? Porque parece realmente cool, com a sua caixa negra de 44 mm em Ceratonium (uma liga inventada pela IWC com titânio e cerâmica). Não vai ser fácil, no entanto, porque vão fazer apenas dez por ano, por isso, em alternativa, podemos tentar um modelo da linha Big Pilot "normal", especialmente as edições Top Gun Mojave Desert, que têm um ar igualmente "durão".

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Bulgari Octo Finissimo Tadao Ando

O mundo inteiro fala do Octo Finissimo Perpetual Calendar - e com razão, afinal quebra mais um recorde mundial para a Bulgari, apresentando um calendário perpétuo num calibre com apenas 2,75 mm de espessura! São 408 componentes, todos a funcionar. É de loucos, por isso decidimos escolher esta parceria com o arquiteto Tadao Ando, que prima sobretudo pela simplicidade. No mostrador, apenas uma lua como ponto focal. Nem é uma complicação, apenas uma decoração. A lua surge no seu primeiro momento crescente, algo que no Japão é considerado um símbolo de esperança. Achámos que nesta altura fazia sentido terminarmos com esta nota.

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