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Tudor Pelagos FXD: o estranho caso do melhor relógio de mergulho do ano (que, oficialmente, não entra na categoria)

O Pelagos FXD foi desenvolvido em conjunto com uma unidade de mergulhadores de elite da marinha francesa, que o usam nas suas missões secretas. Estranhamente, no mundo real a Tudor não o pode considerar oficialmente como um relógio de mergulho. Porquê? Foi o que perguntámos…

Tudor Pelagos FXD: o estranho caso do melhor relógio de mergulho do ano
20 de dezembro de 2021 | Bruno Lobo
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Toda a gente ouviu falar de um acaso assim, a pessoa mais qualificada para o cargo não fica com o emprego, e geralmente a culpa é do "excesso de competências". O que não sabíamos é que no mundo dos relógios também podem acontecer situações semelhantes, é o caso deste Tudor Pelagos.

Os relógios de mergulho estão entre os favoritos do público, e não é difícil encontrar modelos para todos os gostos e preços. Com tanta oferta, tornou-se importante diferenciar o trigo do joio, ou seja, definir que relógios podiam (ou deviam) ser utilizados para mergulhar, e aqueles que só servem para tomar banho. Criou-se então uma norma ISO, a 6425, que definia 11 critérios necessários para ser oficialmente um relógio de mergulho

Entre esses critérios encontramos obviamente a estanqueidade, aquilo que erradamente chamamos "à prova de água", e que deve ser superior a 10 atmosferas (ATM) ou 100 metros, medidos sob determinadas condições." Resistência ao choque, legibilidade, porque debaixo de água fica escuro muito rapidamente ou antimagnetismo são outros pré-requisitos, e uma das normas explicita também que os modelos necessitam de uma escala de tempo alternativa, para medir o tempo decorrido de imersão. Esta é geralmente definida por uma luneta rotativa no exterior da caixa, que permite alinhar o ponteiro dos minutos com o 0 na escala, para que o mergulhador possa depois verificar o tempo exato de mergulho. Por segurança, decidiu-se que esta luneta apenas pode girar no sentido anti-horário, para evitar que um movimento acidental interfira com a contagem − ou se o fizer, que encurte o tempo, não o aumente. É precisamente aqui que reside o problema, porque a luneta do Pelagos FXD gira em ambos os sentidos.

Mergulho de Navegação

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A Tudor tem uma longa tradição neste tipo de modelos, que remonta já a 1954. Tem atualmente no portefólio alguns dos mais aclamados Divers do mundo – todos certificados – e por isso sabe perfeitamente cumprir com estas regras. A "falha" se é que podemos chamar assim, foi uma exigência do Commando Hubert, o esquadrão da marinha francesa com quem a Tudor desenvolveu o relógio.

Trata-se de uma das forças especiais mais secretas da marinha francesa, especializada em ações de contraespionagem e contraterrorismo, e necessitava de um relógio que permitisse realizar navegação subaquática. Uma técnica de mergulho que consiste em mergulhadores avançarem aos pares X tempo numa determinada direção, trocando depois de rumo por mais X tempo e assim sucessivamente. Como se compreende, esta técnica obriga a reacertar a luneta de uma forma imediata. Impossível dar a volta toda ao relógio. Foi assim, para permitir uma das técnicas mais avançadas de mergulho, que o Pelagos FXD "falha no teste" para ser relógio de mergulho. Irónico.

Quanto ao resto, é um modelo deveras impressionante, com caixa em titânio escovado e acetinado de 42 mm, mostrador azul-marinho mate com marcadores de horas aplicados com Swiss Super-LumiNova de nível X1, os mais luminescentes de todos. Os icónicos ponteiros Snowflake dominam o mostrador e o calibre MT5602, certificado pelo Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres (COSC) garante que tudo funciona na perfeição. Tem, também, uma reserva de marcha de 70 horas.

No fundo da caixa, vamos encontrar ainda a inscrição "M.N.21" (Marine Nationale 2021), inspirada nas gravações originais que a Tudor começou a fazer nos anos 1970, precisamente nos modelos que já então fornecia à Marinha Francesa. Mas a grande surpresa são as barras fixas para a bracelete, usinadas a partir do mesmo bloco. Assim só se podem usar braceletes de uma única peça, como são geralmente as braceletes militares tipo NATO, mas isso anula completamente um dos possíveis pontos fracos dos relógios (a ligação da caixa à bracelete). Mais uma prova de que este Pelagos FXD é mesmo uma ferramenta incrível, feita para resistir nas situações mais extremas. Quem é que se importa se não cumpre com uma norma qualquer.

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