Estilo / Relógios e Jóias

Relógio mítico ligado à conquista do espaço reaparece, depois de seis décadas

O Breitling Navitimer Cosmonaut deu três vezes a volta à Terra, no pulso do astronauta Scott Carpenter. Fez uma amaragem forçada em pleno Atlântico e nunca mais foi visto em público. Até que agora, passados 60 anos desses acontecimentos, o mistério foi resolvido.

Navitimer Cosmonaute Edição Limitada, o primeiro relógio de pulso suíço no espaço, e um Cosmonaute histórico de 1962 Foto: Breitling
27 de maio de 2022 | Bruno Lobo
PUB

No dia 24 de maio de 1962, às 7h45 da manhã (12h45 em Portugal) começava o countdown para mais uma missão do Projeto Mercury, na génese da NASA. Mais de 40 milhões de espetadores assistiram em direto ao descolar da Aurora 7 e do astronauta Scott Carpenter, que largava para uma missão de cariz essencialmente científico. Carpenter seria apenas a sexta pessoa a ir para o espaço, e o segundo a dar mais do que uma volta completa à Terra, mas no pulso levava também aquele que ficaria para a história como o primeiro relógio suíço no espaço.

Foto: Getty Images

Todos conhecemos a história dos Speedmaster e da Lua, mas foram vários os relógios ligados à conquista espacial. Desde logo um Sturmanskie levado por Yuri Gagarin no voo original. Será o primeiro oficialmente (re)conhecido, mas é provável que tenham existido outros, enviados nos voos não tripulados. Antes da NASA ter testado e escolhido os Omega como relógios oficiais, os astronautas levavam os seus próprios relógios, e foi o que aconteceu neste caso. Nessa altura, os Breitling Navitimer eram, sem dúvida, os relógios de aviador mais conhecidos e Carpenter, um antigo piloto de caças, adorava o seu. Neste caso, no entanto, fez um pedido especial à própria Breitling, no sentido de criar um Navitimer com mostrador de 24 horas, em lugar das 12 habituais. Nas cinco horas que passou no espaço, Carpenter orbitou a Terra por três vezes, ou seja, assistiu a outros tantos nascer e pôr do sol, e com esta pequena alteração garantia que não se confundia. Nascia assim o primeiro Navitimer Cosmonaute, um relógio que a Breitling reeditou agora, numa edição especial e comemorativa.

Foto: Getty Images
PUB

O regresso à Terra não correu como esperado, e uma sucessão de problemas fizeram com que amarasse muito longe do local previsto. Passaram algumas horas até que a cápsula fosse encontrada e mais algum tempo até ao salvamento, mas Scott Carpenter estava, felizmente, bem de saúde. Apesar de exausto e encharcado até aos ossos. Infelizmente, o mesmo não se podia dizer em relação ao Breitling.

Sem ser à prova de água – talvez Carpenter devesse ter feito também esse pedido – as horas passadas no mar salgado danificaram o Cosmonaute ao ponto de não ser reparável. A partir desse momento, o relógio desapareceu, com colecionadores e curiosos a questionarem-se durante décadas sobre o seu destino. Sabe-se agora que passou para as mãos da família Breitling, que ainda controlava a marca nessa altura, e que ficou os 60 anos seguintes serenamente guardado num cofre.

Foto: Breitling

Mas o modelo "inventado" por Carpenter tornou-se um sucesso comercial na altura, inclusivamente junto dos outros astronautas, pelo que a marca suíça fez agora questão de, finalmente, revelar o original nesta celebração, juntamente com outro Breitling Navitimer Cosmonaute da mesma altura, este pertencente ao astronauta John Glenn, e em perfeitas condições.

PUB
Foto: Getty Images

Quanto ao relógio comemorativo esse parece, à primeira vista, uma fiel reprodução do original, com o mostrador preto e escala de 24 horas. Está disponível numa bracelete em aço inoxidável de sete fileiras e em pele de crocodilo preta, mas apresenta também um novo bisel em platina, que lhe confere um toque extra de classe. Outra característica é o fundo de caixa em cristal de safira transparente, que permite contemplar o movimento B02 e as gravações especiais, desenhadas no movimento para assinalar a ocasião: as palavras "Carpenter", "Aurora 7" e "3 orbits around the Earth", juntamente com o nome do grupo original composto pelos sete astronautas selecionados para os primeiros voos espaciais tripulados da NASA, "Mercury 7".

Foto: Breitling
Foto: Breitling

Com esta nova edição, também já não precisa de se preocupar com os mergulhos no mar, pois é absolutamente estanque até aos 30 metros.

PUB

 

PUB