Estilo / Relógios e Jóias

Os bons, os melhores e os mais arrojados relógios da Watches & Wonders 2025

Tamanhos diferentes, calibres revolucionários, reinterpretações de velhos clássicos… a edição deste ano da Watches & Wonders teve uma audiência estimada de 700 milhões de pessoas e não foi apenas a maior de sempre — houve um pouco de tudo, até relógios desenhados por Brad Pitt.

Foto: DR/Collage: Inês Henriques
Ontem às 12:39 | Bruno Lobo
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Hermès Arceau Rocabar de Rire

Todos os anos, a Hermès cria um relógio inspirado no desenho de um dos seus famosos lenços. É também uma forma de dar vida aos muitos ofícios artísticos pelos quais a casa é famosa, como a maqueteria, gravação ou pintura em miniatura — todos eles utilizados nesta recriação. Mas há um catch, porque no lenço que Dimitri Rybaltchenko desenhou, a língua do cavalo ficou de fora e aqui está escondida, saindo apenas a pedido. Um autómato acionado pelo botão às 9 horas. A casa francesa procura injetar, muitas vezes, algum humor nas suas criações — e este é mais um bom exemplo. Deitar a língua de fora é feio. Melhor é mostrar o relógio.

Hermès Arceau Rocabar de Rire Foto: DR

Rolex Land-Dweller

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Os menos — ou mais ou menos — atentos a estas questões de relojoaria terão dificuldade em distinguir o novo modelo da Rolex de outros já existentes, mas a verdade é que estamos perante uma coleção inteiramente nova, completando assim uma trilogia de "Dwellers", com o Sea-Dweller e o Sky-Dweller. A palavra, em inglês, significa habitante.

Este, portanto, mora na terra, e mais precisamente na cidade, explica a Rolex, que classifica o relógio como a sua opção elegante mais desportiva — ou desportiva mais elegante. Com 40 mm de largura, menos de 10 mm de espessura e um design perfeitamente integrado entre caixa e bracelete, é certamente confortável e parece desenhado para concorrer com os modelos mais famosos da Audemars Piguet e Patek Philippe. Talvez mais impressionante ainda seja o novo calibre, trabalhando com uma frequência mais elevada e com um novo escape Dynapulse, mais preciso e fiável. Foram 16 patentes pedidas, só para o calibre. Mais uma coleção a contribuir seguramente para o sucesso da Rolex que, nos últimos anos, viu o volume de negócios duplicar, tendo apenas aumentado marginalmente o número de unidades produzidas (de 1 para 1,2 milhões).

Rolex Land-Dweller Foto: DR

Tudor Pelagos Ultra

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Depois de anos a ganhar independência da Rolex, a Tudor voltou a inspirar-se diretamente na "irmã mais velha" em 2025. O Black Bay Pro, por exemplo, tem óbvias ligações ao Explorer 2, e a nova bracelete de 5 elos no Black Bay 58 bebe diretamente da President. A nova cor Burgundy, no entanto, é completamente Tudor − e promete ser um sucesso quase tão grande como será este novo Pelagos. Sim, o relógio de mergulho mais popular da marca acaba de receber um upgrade para a versão Ultra, agora com estanquicidade até aos 1000 metros de profundidade, válvula de hélio e legibilidade perfeita, mesmo nas condições mais extremas. A caixa aumenta para os 43 mm e é feita, tal como a bracelete, em titânio. Ou seja, um dos relógios mais resistentes do mundo ficou ainda mais duro.

Tudor Pelagos Ultra Foto: DR

Oris Big Crown Pointer Date

O Big Crown Pointer Date é um favorito da Oris desde 1938, rejuvenescido este ano com uma série de cores vivas — das mais bonitas que temos visto desde um certo lançamento de uma célebre marca com coroa. Aqui temos duas versões em verde e terracota, com o calibre 403 proprietário da marca, com 10 anos de garantia e 5 dias de reserva de marcha, por 3600 euros. E temos as versões em amarelo, azul, turquesa ou lilás, neste caso com o calibre 754, baseado num modelo Selita, por 2000. Ambas estreiam igualmente uma nova bracelete em aço, com fecho em báscula — e não nos podemos esquecer de que estamos a falar da Oris, provavelmente a marca suíça com melhor relação qualidade-legado-preço.

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Oris Big Crown Pointer Date, em verde Foto: DR

Cartier Tank à Guichets

O primeiro Tank viu a luz do dia em 1917, inspirado pelas lagartas dos tanques que fizeram a sua aparição na I Guerra Mundial. Desde então, tivemos várias interpretações, sendo esta uma das mais estranhas e extraordinárias. Com o intuito de simplificar a leitura das horas, em 1928, Louis Cartier apresentou esta versão mais "limpa", com janelas (ou deveríamos dizer guichets?) onde se podem ler as horas e os minutos de forma digital. Não era perfeitamente original — algumas marcas, como a IWC, já o tinham feito em modelos de bolso — mas era diferente no pulso e teve bastante sucesso na década que se seguiu. Entretanto, caiu no esquecimento, apesar das honrosas exceções de 1997 e 2005, mas em 2025 o mundo está prontíssimo para acolher estes quatro modelos em ouro amarelo, rosa e platina, três com as horas e os minutos em posição central, como no original, e uma quarta versão assimétrica inspirada num design dos anos 1930, limitada a 100 unidades. Estes Tank têm as "lagartas" menos visíveis, contribuindo para um visual mais uniforme e um calibre de corda manual de apenas 6 mm de espessura. Preços num intervalo entre os 50 e os 70 mil euros.

Cartier Tank à Guichets Foto: DR
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Bremont Terra Nova Jumping Hour

Surpreendentemente, a desportiva Bremont também adotou o visual "à Guichet" (assim como a Louis Vuitton), provando como o conceito está na moda. No caso da Bremont, falamos de um Terra Nova em bronze (caixa e bracelete), totalmente redesenhado e com uma pulseira em couro envelhecido como opção. No centro do movimento, em forma de rosa dos ventos, está um pequeno ponteiro dos segundos que também serve para dar alguma vida ao mostrador e acentuar o lado aventureiro da coleção. Preço: 5.900 euros, apenas por encomenda.

Bremont Terra Nova Jumping Hour Foto: DR

IWC Ingenieur Automatic 40

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Há dois anos, a IWC recuperou a versão Ingenieur dos anos 1970, desenhada pelo próprio Gérald Genta (Royal Oak, Nautilus). Agora que o modelo celebra 70 anos (surgiu inicialmente em 1955), a marca expande essa coleção com propostas em cerâmica negra e em ouro (com mostrador negro de 40 mm ou ouro de 35 mm). A cerâmica é uma especialidade da IWC e o modelo all black chama, de facto, a atenção. Dito isto, o nosso olhar acabou por recair numa edição limitada a 100 exemplares, em aço, com um toque mais retro e mostrador verde com padrão grelha. Trata-se de um modelo feito originalmente para o personagem principal do filme F1, interpretado por Brad Pitt, e parece que o próprio ator teve um papel decisivo no design. Preço: 14.300 euros.

IWC Ingenieur Automatic 40 Foto: DR

Jaeger-LeCoultre Reverso Tribute Geographic

Quando o Reverso apareceu, a ideia era essencialmente proteger o mostrador. Depressa perceberam que o "outro lado" podia servir como tela para as mais diferentes interpretações artísticas — gravando iniciais, mensagens ou imagens. E não tardaram a perceber, igualmente, que podia receber um segundo mostrador (Duoface), criando uma espécie de relógio dois em um. Ultimamente, a Jaeger-LeCoultre percebeu ainda que não era necessário replicar um segundo mostrador para acrescentar novas funcionalidades, como prova este Tribute Geographic que, no verso, oferece um mapa-mundo gravado com a escala dos 24 fusos horários. Ao contrário do que é normal, as cidades estão fixas e é o disco das horas que gira, permitindo perceber, de forma imediata, a hora em qualquer uma dessas cidades. A JLC criou mesmo um novo calibre (834) para este modelo, que apresenta também uma Grande Data no mostrador central — algo que obrigou a rever esta complicação, de forma a caber no formato do Reverso.

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Jaeger-LeCoultre Reverso Tribute Geographic Foto: DR

Piaget The Andy Warhol Watch

Além do Tank, da Cartier, o relógio que mais facilmente associamos a Andy Warhol é o Piaget Black Tie — um modelo decididamente original, muito elegante, mas com uma caixa enorme de 45 mm. Com o tempo, o relógio acabou por ficar conhecido pela associação ao artista e, desde este ano, essa denominação tornou-se oficial, com o acordo da Fundação Warhol. Razão mais do que suficiente para lançar uma série de novidades e, sobretudo, um novo sistema online que permite criar o seu próprio relógio, escolhendo entre a caixa em ouro branco ou amarelo, dez mostradores (malaquite, olho de tigre, meteorito azul, cornalina, ónix, jade…), dois tipos de ponteiros e cinco braceletes em pele. São centenas de hipóteses de personalização, para ver no site.

Piaget The Andy Warhol Watch Foto: DR
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Patek Philippe Calatrava Ref. 6196P-001

No meio de todas as proezas relojoeiras que a PP apresentou no salão — incluindo uma grande complicação com repetição de minutos, cronógrafo rattrapante e calendário perpétuo instantâneo (Ref. 5308G) — mais os novos Cubitus com uma caixa menor (40 mm), o relógio que realmente nos conquistou o coração foi também o mais simples. Trata-se de um Calatrava, o exemplo mais perfeito do relógio clássico e elegante, aqui numa versão apenas com horas, minutos e pequenos segundos. Um mostrador "rosa velho dourado", com caixa de 38 mm em platina, 9,33 mm de espessura, asas mais finas e uma bracelete em pele de crocodilo castanha a dar algum contraste. Calibre de corda manual com reserva de marcha de 65 horas. Um tratado da mais pura elegância, com assinatura Patek Philippe — e preço de platina, também: 47 910 euros.

Patek Philippe Calatrava Ref. 6196P-001 Foto: DR

A. Lange & Söhne Minute Repeater Perpetual

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A Lange & Söhne traz sempre qualquer coisa de espetacular para o salão e este ano foi uma repetição de minutos com calendário perpétuo. Duas das maiores complicações em relojoaria, juntas pela primeira vez na casa de Glashütte. A união obrigou a desenvolver um novo calibre L122.2, de corda manual, com 640 componentes decorados à mão, com um nível de detalhe quase sem paralelo nesta indústria. Caixa de platina 950, em edição limitada a apenas 50 exemplares e preço sob consulta, evidentemente. Nem para os colecionadores da marca — e gente com a carteira bem recheada — será fácil deitar o pulso a este modelo.

A. Lange & Söhne Minute Repeater Perpetual Foto: DR

Ulysse Nardin Diver Air

O Diver Air é o relógio de mergulho mais leve do mundo. Pesa apenas 52 gramas, contando com a pulseira — é o peso de um ovo —, mas consegue ser estanque até aos 200 metros e aguenta um impacto de 5000 forças G. Resultado de um conjunto de soluções técnicas e materiais inovadoras, que a Ulysse Nardin faz questão de partilhar: no site podem até ver os nomes dos fornecedores. Aqui, adiantamos que a caixa é composta por 90% de titânio reciclado (alemão e suíço), forjado em Itália, e uma mistura de carbono e nylon francês — também ele reciclado na sua maioria. Já o movimento é uma proeza da esqueletização, ao ponto de o responsável da marca brincar dizendo tratar-se de "20% engenharia suíça, 80% de puro ar suíço". A Ulysse Nardin tem um historial ligado ao mar desde as origens em 1846, com vários cronómetros marítimos. Criou o seu primeiro instrumento à prova de água em 1893, e o primeiro relógio de mergulho em 1964 — e este Diver Air será certamente mais um capítulo fundamental desta aventura. Preço: 38.400 euros.

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Ulysse Nardin Diver Air Foto: DR

Nomos Glashütte Club Sport Neomatik Worldtimer

No ano passado, apresentaram 31 esquemas de cores no novo Tangente, mas este ano foram "apenas" seis para o Club Sport Neomatik Worldtimer. Menos opções, é verdade, mas que nos parecem suficientemente versáteis e, além disso, falamos desta vez de um relógio mais complexo — um Horas do Mundo que é, aliás, o modelo mais fino do mercado com corda automática. Super elegante e com um calibre próprio, a aumentar a exclusividade. E tudo isto por um preço "democrático": 3.760 euros com bracelete em nylon ou mais 200 para a de metal. 

Nomos Glashütte Club Sport Neomatik Worldtimer Foto: DR
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