A MUST já não pode ir a Genebra assistir em directo às grandes novidades das melhores marcas de relojoaria, por isso a Watches and Wonders veio até nós, via Web, para não nos deixar órfãos dos mais belos tique taques. Todos aqueles que gostam de relógios agradecem.
IWC, sete novos Portugueses na coleção
No final dos anos 1930 a IWC recebeu uma encomenda que se tornaria fundamental para o sucesso da marca. Especialmente para a marca, mas marcante até para a história da relojoaria no geral. Uma encomenda proveniente de Portugal, e que daria início ao que hoje a marca chama de Portugieser, a sua coleção mais importante.
Os dois novos cronógrafos e os mostradores com as cores da nossa bandeira. Coincidência ou homenagem?
A partir deste ano a coleção conta apenas com calibre próprios, o que permitiu à IWC reduzir o tamanho das caixas, começando pelo movimento mais simples, o Automatic 40, e o seu icônico design com os pequenos segundos às 6 horas, mas também para um Calendário Perpétuo numa caixa de 42 milímetros ? e perfeita legibilidade.
A coleção conta ainda com alguns modelos de alta relojoaria, como o Tourbillon Rétrograde Chronograph, que combina um turbilhão com indicador de data e cronógrafo retrógrado, e um Perpetual Calendar Tourbillon que junta duas extraordinárias complicações relojoeiras.
Destaque ainda para a linha Portugieser Yacht Club, também renovada, por exemplo com a troca da posição da data para as seis horas, deixando assim o mostrador mais centrado. Foi ainda aqui que a IWC escolheu apresentar um relógio surpreendente, o Yacht Club Moon&Tide, o primeiro a apresentar um indicador de marés, ou seja que consegue exibir os momentos das próximas marés, alta e baixa, uma complicação que a marca de Schaffausen acabou de dominar e que estreou neste modelo.
Montblanc, vintage e inovadora
Entre as muitas novidades apresentadas este ano pela Montblanc, destaque para dois relógios da colecção 1858 (ano da fundação da Minerva, tradicional manufactura relojoeira que faz hoje parte do universo da marca da estrela). Ambos os relógios nos remetem para o visual heritage dos anos 1920 e 1930, com mostradores de cor, elementos em bronze na caixa e braceletes Nato produzidas por uma empresa francesa igualmente vetusta, com mais de 150 anos de história neste fabrico. Um dos relógios apresenta uma complicação enraizada na tradição da Minerva, os cronógrafos monopulsante (com apenas um botão para as várias funções), e o segundo surpreende com um mostrador que marca as 24 horas e um único ponteiro. Claramente algo que não se vê todos os dias. É muito interessante seguir todas as 24 horas do dia, mas nos minutos é complicado perceber mais do que os quartos de hora, mas se a pontualidade assim o exigir, pode sempre olhar para o telemóvel. Como bónus, esta opção permite ao relógio funcionar ainda como bússola - no hemisfério norte basta ter o relógio "certo" e girar a caixa até que o ponteiro "aponte" em direção ao sol. Desta forma os pontos cardeais estão "milagrosamente" alinhados, em mais uma prova da genialidade da relojoaria mecânica.
Panerai, no ano do Luminor
A Panerai celebra 70 anos desde a introdução desse material luminescente com uma colecção que salta as tradicionais barreiras ? ou seja o mostrador, os ponteiros e os indexes. Aqui a Super-LumiNova é utilizada para desenhar os contornos do próprio relógio, incluindo a icónica ponte da proteção da coroa e continuando até pela bracelete. Está, ainda, para além de ser Super, pois trata-se de uma nova tecnologia que oferece mais brilho e duração. Apesar do tamanho (a caixa tem 44 mm) este Luminor é surpreendentemente leve, não pesando mais do que 100 gramas já com correia incluída, graças à estrutura da caixa Carbotech em titânio. Existe ainda uma opção em rocha basáltica, a FibraTech, que pesa menos 5% que a Carbotech (e menos 60% que o aço) mas permanece inalterada por muitos anos.
E o melhor ficou para o fim, porque a Panerai oferece uma garantia de 70 anos, para relógios que são, recorde-se, mecanismos ultra complexos, em miniatura e sempre em movimento. Uma afirmação de fiabilidade incrível. Imagine: em em 2090 o relógio ainda está na garantia.
Jaeger-LeCoultre, Master Control to Major Tom…
A JLC escolheu 2020 para relançar a Master Control, com o seu design inspirado nos clássicos relógios redondos da década de 1950, de linhas elegantes, mas sobretudo funcionais. Entre os novos relógios encontramos caixas em aço mas também numa nova liga de ouro rosa - Le Grand Rose Gold, com adição de paládio, que garante que ouro não vai desvanecer. São quatro novos modelos: um simples três ponteiros com data; um Calendário com Fases da Lua, onde a data "salta" entre os dias 15 e 16 (dificuldade acrescida só para que o ponteiro nunca tape a fase lunar); e um Geographic, com o segundo fuso horário definido por uma das 24 cidades (representando outros 24 fusos horários) mais indicador dia/noite. Já o principal modelo é um cronógrafo com calendário de exibição tripla, mais um indicador de fases da lua. O modelo apresenta o recém-desenvolvido Calibre 759, porque este conjunto de complicações nunca tinham sido reunidas num JLC.
Piaget, ultra, ultra, ultra, ultra fino.
Como se consegue colocar um relógio mecânico, cheio de componentes peças e que se movem, a funcionar em pleno num espaço com dois milímetros de espessura? 2 mm! De espessura! É uma resposta que mais ninguém no mundo consegue dar para além da Piaget. Na verdade, o Altiplano Ultimate Concept até já tinha sido apresentado em 2018, mas numa versão meramente conceptual, e o que a Piaget fez agora foi passar das palavras aos atos, com um modelo comercial, que qualquer um pode comprar- bom…não será qualquer um, nem se espera que criem mais do que algumas unidades desta maravilha, mas existe e funciona, o que é uma espécie de milagre. Para aqui chegar estes suíços tiveram de ultrapassar barreiras "intransponíveis", não apenas na miniaturização dos componentes, como na rigidez dos materiais. Sim, porque como usar uma coisa assim tão fina sem partir? Revela um savoir faire incrível, que vem de trás, de muitas décadas de inovação neste domínio.
Vacheron Constantin, no reino do fantástico
A VC deve ter colocado a sua divisão Les Cabinotiers, mestres relojoeiros dedicados a fazer peças únicas, a trabalhar horas (literalmente) extraordinárias, porque este ano trazem-nos um par de peças excepcionais ? e podem acrescentar mais alguns superlativos. Tomemos como exemplo o Les Cabinotiers Astronomical Grand Complication com Sonnerie – Ode à música. Tem Repetição de minutos, Calendário perpétuo, Equação ativa de tempo, Fases lunares com idade da lua, Indicação do nascer e pôr do sol, Indicação da duração Dia / Noite - Disco do zodíaco e do trópico… E isto é apenas num dos lados, porque o relógio tem dois mostradores, e se o "virar" encontra ainda uma Carta celeste do hemisfério norte, com indicação da Via Láctea, da eclíptica e do equador celeste. Um dia celeste, baseado na estrelas, é ligeiramente mais curto do que o solar, dura 23 horas, 56 minutos e quatro segundos. Pelo meio, podem ainda somar a Grande Sonnerie (com som certificado pelo estúdio Abbey Road). Ao todo são 19 complicações, num movimento que não é nada espesso para albergar tanta coisa, menos de 8 mm, pelo que se tivesse a sorte de ter um, seria bastante usável. Só que é um relógio estratosférico, e no domínio do mais acessível (tendo em conta que nenhum VC é realmente acessível) "a mais antiga manufatura sempre em atividade" apresentou também um novo calendário completo dentro da colecção Fifty Six, com ar vintage acentuado pelos tons sépia castanho. Belo, elegante e muito preciso, como se pode ver pelas fases da lua que só precisam de ser corrigidas daqui por 122 anos.