Estilo / Relógios e Jóias

As marcas de relógios de que nunca ouviu falar… mas devia

Toda a gente conhece a Rolex, Omega ou Cartier, mas para lá dos grandes nomes da relojoaria mundial há um mundo de pequenas marcas independentes a receber cada vez mais atenção por parte de colecionadores e entusiastas. Muitas, até, com preços mais acessíveis.

Peter Mygind Foto: DR
12 de setembro de 2024 | Bruno Lobo
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Durante anos, os independentes foram os "patinhos feios" da indústria. Ou, pelo menos, os mais raquíticos, mas atualmente esse panorama está a mudar, e são eles, muitas vezes, quem figura no topo das preferências de colecionadores e entusiastas. 

Nomes como Berneron, Bernhard Lederer, Garrick, ArtyA, Byrne, Kazuo Maeda, Rémy Cools, Sartory Billard, Voutilainen, Singer Reimagined, Furlan Marri, Kudoke ou Beaubleu são obviamente marcas de relógios das quais praticamente ninguém ouviu falar, mas estão nomeadas para o Grand Prix d’Horlogerie de Genève (GPHG), o mais importante prémio da relojoaria mundial. Para algumas não é sequer a primeira nomeação, mas para todas, o simples facto de entrarem na lista já é uma vitória, face a uma concorrência com créditos firmados há mais de um século, muitas das vezes, e capacidades de produção e orçamentos com os quais só podem sonhar. 

Ou talvez não… porque as desvantagens transformam-se em forças quando o tamanho e a independência lhes dão liberdade para explorar novas ideias, designs diferentes, e isso, em parte pelo menos, é uma das razões que explica o seu sucesso atual. 

Na Suíça, existem mais de 600 marcas de relógios a lutar por um lugar ao sol, num mercado dominado por meia dúzia. Só a Rolex, segundo o último relatório da Morgan Stanley, tem uma quota de mercado de 30% e lidera destacada. Se juntarmos Cartier e Omega, chegamos aos 45%, e com a Patek Philippe ultrapassamos os 50%. Quatro marcas dominam mais de metade do mercado e as dez seguintes ocupam outros 30%, ou seja, 2% das marcas representam 80% do mercado, e será também por aqui que se explica o sucesso recente dos relojoeiros independentes, pois face à ubiquidade de certos nomes, não falta quem procure alternativas mais exclusivas. 

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Algumas destas pequenas marcas independentes distinguem-se sobretudo pela diferenciação ao nível do design, a um preço mais competitivo, mas outras apresentam níveis técnicos e de inovação praticamente impossíveis de encontrar em marcas mais estabelecidas. Pensem num Porsche vs. um Koenigsegg, para perceber a ideia. 

Faltam muitos nomes. Philippe Dufour, sem dúvida, Armin Strom, Arnold & Son, Laurent Ferrier ou os irmãos Grönefeld. A página dos irmãos até está com o aviso, informando que não podem aceitar mais encomendas dado o sucesso dos últimos 1969 DeltaWorks e 1941 Grönograaf. Greubel Forsey, H. Moser & Co MB&F ou Ferdinand Berthoud são outras marcas que também podiam estar aqui, mas se calhar são mais conhecidas, porque atingiram uma dimensão considerável. De qualquer forma, com os próximos dez nomes conseguimos fazer um apanhado abrangente dos independentes, desde os mais geniais aos simplesmente originais. 

Akrivia 

Quando? 2012 

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Onde? Genebra 

Por quem? Rexhep Rexhepi 

Relógio de destaque? RR-01 Chronographe à Sonnerie 

Quando um gigante como a Louis Vuitton procura um pequeno relojoeiro para desenhar um dos seus modelos, é porque o jovem está a fazer alguma coisa muito bem. Rexhepi começou por criar movimentos no seu apartamento, em 2012, e passado menos de uma década é um nome reconhecido e apreciado pelos colecionadores mais exigentes. O facto de a Louis Vuitton nem se importar de "esconder" o seu logótipo no meio de outra marca pela primeira vez na história (o V de Akrivia passou a LV) é "só" um bónus acrescido.

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Foto: DR

Voutilainen 

Quando? 2002 

Onde? Môtiers 

Por quem? Kari Voutilainen 

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Relógio de destaque? Voutilainen KV20i Reversed 

Kari Voutilainen nasceu na Finlândia, mas mudou-se para a Suíça em 1988 para prosseguir a sua paixão pela relojoaria. Desde que criou a marca, já venceu dez prémios no GPHG e é considerado um dos melhores relojoeiros vivos, assim como um mentor para as novas gerações. Mas o sucesso não chegou de imediato, e ainda há meia dúzia de anos lutava para conseguir vender as suas criações. Hoje, as listas de espera chegam aos 10 ou 12 anos. Sinal dos tempos, sem dúvida.

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Renaud Tixier 

Quando? 2024 

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Onde? Nyon 

Por quem? Dominique Renaud e Julien Tixier 

Relógio de destaque? The Monday 

A Renaud & Tixier nasceu do encontro improvável entre um relojoeiro da velha guarda e um jovem talento, em 2016. Correu tão bem que começaram a ser convidados para colaborações em conjunto, por outras marcas e, este ano, decidiram juntar-se para desafiar alguns dos dogmas da relojoaria. Exatamente quais, ainda não se sabe, até porque "os colecionadores gostam de estar pessoal e diretamente envolvidos nos projetos" como referem. Estão previstas sete inovações, expressas em outros tantos relógios, cada qual com o nome de um dia da semana. Neste Monday, o foco foi a criação e retenção da energia, criando um micro rotor "bailarino" mais eficiente.

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Timor 

Quando? Lançada em 1923, relançada em 2018 

Onde? Newcastle 

Por quem? Bernheim e Luthy 

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Relógio de destaque? Heritage Field WWW 

Ao contrário das anteriores, focadas na alta relojoaria ao mais alto nível, a Timor (sem relação que se conheça com a nossa Timor) tem um preço bastante acessível, mas muita autenticidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi uma das marcas que aceitou a encomenda do exército britânico para criar os primeiros relógios de campo (Field Watches) que fornecia aos soldados. Na altura, esses relógios eram gravados com as iniciais WWW, de Wrist, Watch e Waterproof, e como foram 12 marcas a aceitar a encomenda, mais tarde ganharam a alcunha de Dirty Dozen (entre as quais estavam a Omega, IWC ou Jaeger-LeCoultre). A Timor não sobreviveu à invasão dos modelos de quartzo, nos anos 1970, mas renasceu neste milénio para relançar esses velhos modelos militares, com um design e espírito praticamente iguais ao original.

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Maurice de Mauriac 

Quando? 1997 

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Onde? Zurique 

Por quem? Daniel Dreifuss 

Relógio de destaque? Racquet Rallymaster III 

A Maurice de Mauriac é um caso de família, e são os filhos de Daniel, Massimo e Leonard, quem dirige agora a empresa, à qual a irmã Masha também já se juntou. Desde a sua criação, a Maurice surpreendeu pela abordagem modular, tipo Lego, que permitia juntar diferentes módulos para criar um relógio. Mas destacou-se também pelas colaborações, especialmente no ténis, com o jogador Stan Smith (sim, o das sapatilhas) ou com a revista Racquet, como é o caso. O Rallymaster III é uma edição limitada a 100 peças, por um preço ligeiramente acima dos 2 mil euros e vai ser difícil encontrar igual.

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Furlan Marri 

Quando? 2021 

Onde? Genebra 

Por quem? Andrea Furlan e Hamad Al Marri 

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Relógio de destaque? Furlan Marri Mechanical Sector Dials 

A Furlan Marri nasceu numa ação de Kickstarter, com o objetivo de criar relógios muito atraentes a preços muito competitivos. E a verdade é que excederam as expectativas. A atenção que receberam foi imediata e isso dita o sucesso. Hoje, têm duas coleções permanentes e mais alguns modelos especiais, mas a escolha dos Sector Dials é imbatível na relação qualidade/preço.

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Singer Reimagined 

Quando? 2017 

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Onde? Genebra 

Por quem? Rob Dickinson e Marco Borraccino 

Relógio de destaque: Track1 Flyback 

O grupo californiano Singer, especialista na restauração de automóveis clássicos, decidiu aventurar-se na relojoaria, focando-se especialmente no design dos modelos mecânicos dos anos 1960 e 1970, mas, agora, criando modelos em vez de restaurar peças antigas. Desde o primeiro momento, impressionaram com cronógrafos fora do comum, com soluções técnicas inovadoras que lhes valeram o respeito dos pares da indústria.

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Ressence 

Quando? 2010 

Onde? Antuérpia 

Por quem? Benoît Mintiens 

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Relógio de destaque: Ressence Type 3 

"Para além dos ponteiros", tem sido o lema da marca fundada por Benoît Mintiens, que criou uma pequena revolução na forma de apresentar as horas. Aqui, são os próprios mostradores que giram numa superfície curva, como um seixo. Outro ponto distintivo de alguns Ressence é a e-coroa, uma coroa inteligente que se liga ao smartphone e mantém o relógio – totalmente mecânico – sempre pontual e no fuso horário certo.

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F P Journe 

Quando? 1999  

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Onde? Genebra  

Por quem? François-Paul Journe  

Relógio de destaque: Chronomètre à Résonance 

François-Paul Journée foi o primeiro a pegar no trabalho de Abraham-Louis Breguet e Antide Janvier, sobre cronometria e ressonância, para criar um primeiro movimento funcional para o pulso. Simplificando, temos dois órgãos reguladores que se sincronizam, mesmo sem contacto, corrigindo possíveis desvios e tornando o relógio muito mais preciso. Algo raríssimo e é por isso que Journe é considerado uma espécie de relojoeiro, historiador e mágico. No pináculo da alta relojoaria.

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Petermann Bédat 

Quando? 2017  

Onde? Lausanne  

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Por quem? Gaël Petermann e Florian Bédat   

Relógio de destaque: Reference 2941 

Os dois conheceram-se na escola de relojoaria em Genebra, e passaram algum tempo juntos na A. Lange & Söhne. De regresso à Suíça decidiram dividir um atelier e foi assim que nasceu a marca (não sem um pequeno empurrão de Dominique Renaud). A ideia sempre foi recriar a beleza de um relógio de bolso no espaço mais confinado do pulso, e para isso apresentaram apenas dois modelos, a Reference 1967, um cronómetro com segundos mortos (saltantes) e um mais ambicioso cronógrafo monobotão rattrapante e contador de minutos saltante (a Reference 2941) Ambos com níveis de decoração irrepreensíveis.

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