No que toca a feitos de que se possa orgulhar, a Omega não está nada mal. Especialmente em tudo o que tenha que ver com a conquista do espaço: foi única marca a sobreviver aos testes rigorosos da NASA, é a única marca a bordo de todas as missões espaciais da agência e, claro, tem suprema honra de ter sido o primeiro - e único - relógio na Lua. Mas o seu grande momento no espçao, onde realmente provou todo o seu valor, deu-se noutra missão, A Apollo 13, que acabaria por ficar conhecida como "a bem-sucedida missão falhada" - e que até deu um filme, com Tom Hanks.
A Apollo 13 foi lançada a 11 de Abril de 1970 e seria a terceira missão a ir à Lua, seguindo o sucesso da Apollo 11 de Neil Armstrong & Cia, e da Apollo 12. Só que dias depois da partida, no caminho, a explosão de um tanque de hidrogénio despoletou uma série de avarias. A ida ao satélite natural da Terra deixou de ser uma opção e tratava-se agora, tão só, de conseguir fazer regressar os três astronautas em segurança.
Houston, we have a problem
Com o incidente, o módulo de Jim Lovell, John Swigert e Fred Haise saiu da rota e isso significava que já não conseguiriam fazer a reentrada normalmente e, para isso, teriam de reajustar a posição ligando os motores durante 14 segundos. Exatos. Não havia margem para erros, "trezepontoqualquercoisa" segundos e ardiam na atmosfera terrestre e mais de 14 "chocavam" contra a atmosfera e seguiam pelo espaço sem qualquer hipótese de resgate. O problema, é que sem energia não dispunham de nenhum dos cronómetros, nem computadores da nave. Nada. E foi aí que os Omega provaram a sua importância a bordo.
James "Jim" Lovell, o capitão da missão explicou-o bem "quando os relógios da nave pararam foi então que recorremos aos Speedmaster. Tínhamos de ligar os motores por 14 segundos, e desligar, e contámos esse tempo no relógio do Jack Swigert."
Thomas Stafford, antigo líder da Apollo 10 e, na altura, chefe dos astronautas da NASA secunda o relato: "não havia energia para ligar os cronómetros, nem os computadores, só tínhamos o relógio. Foi o OMEGA que os trouxe de volta, e por isso decidimos que devia receber o Silver Snoopy Award."
O prémio - um pin, em prata, desenhado por Charles Schulz, o criador do famoso Beagle, foi entregue pelo próprio Thomas Stafford a 5 de outubro de 1970, há 50 anos.
Porquê o Snoopy?
Durante a década de 1960, no auge do programa espacial norte-americano, Charles Schulz começou a retratar o cão de Charlie Brown como um astronauta com muita vontade de se tornar o primeiro Beagle a ir à Lua. Os quadradinhos não passaram despercebidos na NASA, que em breve adotou o personagem como sua mascote não oficial. Afinal, era um cão que podia proteger os astronautas, mas um personagem divertido, que contribuía ao mesmo tempo para manter os ânimos em alta. E assim, quando os astronautas decidiram, por eles, criar um prémio em honra de quem os ajudava, o Snoopy foi a escolha óbvia. Desde que foram criados, os prémios foram atribuídos a menos de um por cento das pessoas e organizações envolvidas, e são por isso algo muito especial para quem os recebe.
50 anos depois, o aniversário
O Speedmaster "Silver Snoopy Award" 50th Anniversary surge então para comemorar o aniversário dessa data, e, como não podia deixar de ser, o nosso Beagle favorito ocupa um merecido lugar de destaque, no submostrador às 9 horas, vestido de fato espacial tal e qual como no desenho do prémio. Em cinza, branco e azul, a escolha de cores acaba ainda por ser surpreendente, e muito apelativa, mas é sobretudo na parte de trás que as coisas ficam realmente interessantes. Porque no fundo está um módulo de comando e o Snoopy, girando em torno da Lua, gravada diretamente no cristal de safira. Esta animação está ligada ao contador de segundos do cronógrafo, pelo que acontece sempre que o coloca a funcionar. Mais ao longe, no horizonte, a nossa casa, a Terra, gira também e neste caso constantemente, já que o disco está ligado ao contador de pequenos segundos. Ou seja, completa uma volta a cada minuto.
As animações são muito interessantes, especialmente o Snoopy, mas a Omega fez muito bem em guardá-las para a parte de trás, em lugar de colocar no mostrador principal. Desta forma mais discreta podem sempre ser admiradas pelo feliz dono do relógio e com quem este quiser partilhar.
Apesar dos "acrescentos", trata-se de um Speedmaster Profissional tão robusto como qualquer outro e perfeitamente capaz de ir à Lua e voltar. Aliás, a animar todos estes processos está o calibre 3861, a evolução do mítico 861 que "pisou" a superfície lunar, mas acrescentando-lhe capacidades antimagnéticas e cumprindo com os exigentes requisitos de precisão METAS, da Suíça.
Ao logo dos 50 anos só existiram outras duas versões Silver Snoopy, por isso o modelo tem obviamente um apelo muito grande junto de qualquer apaixonado por esta história e junto dos colecionadores, mas tem também a vantagem de ser uma edição especial sem ser uma edição limitada, o que abre o leque de probabilidades de adquirir um. Mesmo com um preço mais alto do que o de um Speedmaster comum: 9730 euros. Mas vale a pena, só para ver o Snoopy a girar...