O anúncio da coroação de Carlos III e da futura rainha consorte Camilla Parker Bowles - que está marcado para 6 de maio do próximo ano -, reacendeu uma antiga disputa entre o Reino Unido e a Índia. Isto porque há a hipótese de Camilla usar o Koh-i-Noor na cerimónia de coroação, um diamante incrustado no centro da coroa de Isabel II, motivo de controvérsia sem fim. Porquê? É uma joia amaldiçoada.
O Koh-i-Noor, que em farsi (língua persa) significa "montanha de luz", era originalmente feito de 186 quilates e pensa-se que foi descoberto no sul da Índia, no século XIII. Fez parte do espólio de troféus de guerra no sul da Ásia, e por isso representa "em muitas maneiras a longa história de pilhagem imperialista", afirmou Danielle Kinsey, historiadora, ao site da NBC News. "Penso que as pessoas estão indignadas com a forma como o Koh-i-Noor continua a funcionar como um troféu do império, enquanto este permanecer na posse da coroa britânica".
Ao longo dos séculos, o diamante passou por várias mãos, começando pelos mongóis no século XVI, depois pelos persas e ainda pelos afegãos, antes de Ranjit Singh, primeiro marajá do Império Sikh, o obter em 1813. Foi em meados de 1800 que o império britânico conseguiu adquirir a joia, depois do Tratado de Lahore e de Punjab ser conquistado pelas tropas da Companhia Britânica das Índias Orientais.
Rumores de que estava amaldiçoado espalharam-se rapidamente após a sua revelação em Inglaterra, em 1851. Segundo a lenda, apenas Deus ou uma mulher poderá possuir o Koh-i-Noor sem sofrer um destino horrível. Por esse motivo, foi envergado durante décadas apenas por mulheres, da rainha Vitória, que o usou em diversas ocasiões como pregadeira, a Isabel II, que o usou pela primeira vez quando foi coroada, em 1953.
Há vários anos que a Índia exige o retorno do diamante, argumentando que nunca se tratou de um presente e que deve voltar ao lugar de origem. E agora com a futura coroação de Camilla, a disputa está mais acesa do que nunca.