A marca de luxo francesa é parceira exclusiva do novo filme protagonizado por Johnny Depp e Maïwenn. Que, aliás, tem gerado várias polémicas durante o festival.
18 de maio de 2023 | Ângela Mata
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Se há uma casa de moda que pode dar vida à sedutora e liberada Jeanne Du Barry, essa é a Chanel. A gigante do luxo juntou-se à atriz e realizadora francesa Maïwenn para vestir exclusivamente o seu primeiro filme de época, Jeanne du Barry, que abriu a 76ª edição do Festival de Cinema de Cannes.
Jeanne du Barry conta a história da última amante preferida do rei Luís XV - Maïwenn é du Barry e Johnny Depp o monarca francês. Situado durante a Era do Iluminismo, o drama biográfico segue a ascensão de du Barry na hierarquia, desde as suas origens humildes, até conseguir cativar o rei com sua inteligência e natureza encantadora.
É lado a lado com a Chanel que Maïwenn destaca a verdadeira Jeanne du Barry - uma mulher refinada à frente do seu tempo e que fez uso da sua influência para apoiar artistas e artesãos, tal como Gabrielle Chanel. Durante os preparativos para o filme, uma colaboração com a diretora criativa Virginie Viard tornou-se uma escolha óbvia quando Maïwenn descobriu as coleções de arquivo da Chanel dos anos 80 e 90, inspiradas no século XVIII.
Sob o toque mágico da Chanel e do figurinista Jürgen Doering, Maïwenn transforma-se na hipnotizante Jeanne du Barry através de uma série de peças revisitadas das últimas coleções de Alta Costura da maison.
O filme é um sonho tornado realidade para qualquer amante da alta costura da Chanel. Peças de destaque incluem um vestido de tweed bege baseado num inicialmente usado por Claudia Schiffer no desfile de Alta Costura outono/inverno 1992/93, um vestido creme adornado com penas, um outro de veludo de seda framboesa inspirado na Alta Costura primavera/verão 2000 e um vestido com folhos em organza azul celeste que teve como referência uma coleção de 1995.
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Na pele de du Barry, Maïwenn também deslumbra na reedição da coleção Bijoux de Diamants da Chanel, para a cena em que é apresentada ao rei Luís XV. Como a primeira coleção de alta joalharia da história, Bijoux de Diamants causou bastante comoção após a sua criação em 1932 - tornou-se altamente adequada para o ícone feminino em questão. Essas peças brilhantes foram emprestadas pelo grande joalheiro Goossens, enquanto a Maison Michel, também parte dos Métiers d'art da Chanel, confeccionou os chapéus para o filme.
A Chanel anunciou numa nota que colaborou com a realizadora no esboço e criação de seis looks, cedendo peças de alta costura Chanel e joias do ourives Robert Goossens baseado em Paris desde finais dos anos 40. Mas também envolveu a Chanel Parfums-Beauté para a maquilhagem dos atores, a maison d'art Paloma (desde 1982), especialista em flou; a Maison Lemarié (desde 1880), uma das derradeiras experts em penas e floristas do mundo; a Maison Michel (desde 1936), chapelaria de alta costura agora também propriedade da Chanel.
Houve uma tentativa de fugir a referências, pinturas ou livros de História. Evitar esses mundos fechados e tentar transcrever a época com uma lufada de ar fresco. A colaboração com a casa francesa possibilitou agregar grande precisão aos figurinos das personagens, com uma abordagem muito diferenciada e subtil.
De referir que o filme de que falamos está envolvido numa polémica: uma das principais causas de indignação este ano, em Cannes, teve a ver com a escolha de Johnny Depp para protagonista deste filme, tendo em conta que o seu nome esteve diretamente envolvido no emblemático caso de tribunal com a sua ex-mulher, a também atriz Amber Heard, que o acusou de violência doméstica, em 2022.