O presidente Louis Camilleri tenta atingir o objetivo de longa data do seu antecessor Sergio Marchionne, falecido em 2018: transformar a Ferrari numa marca de luxo completa. Depois de elevar a projeção para faturação e lucro em 2019, a empresa revelou na segunda-feira que, nos próximos sete a dez anos, os produtos de marca devem representar 10% dos lucros antes de juros e impostos.
A nova postura da Ferrari significa que itens como casacos e óculos de sol terão preços premium, mais alinhados à imagem dos carros desportivos que podem custar mais de um milhão de dólares, segundo pessoas familiarizadas com o processo.
"Os nossos produtos atuais são muito amplos e correm o perigo de diluir o preciosíssimo valor da nossa marca", disse Camilleri numa teleconferência com analistas.
Há muito tempo, a Ferrari oferece polos e malas de viagem em centros comerciais e aeroportos, permitindo que os fãs levem um bocado da marca por uma fração do preço.
Embora este tipo de merchandising possa reforçar a marca, o foco em relógios de 150 dólares e bonés de 30 dólares pode arranhar a imagem de exclusividade.
"Reduziremos os nossos acordos de licenciamento atuais em aproximadamente 50%", disse o CEO. "Também vamos eliminar cerca de 30% das categorias de produtos nas quais participamos."
A reputação da Ferrari pela engenharia de alto nível pode fazer de categorias mais técnicas — como relógios e óculos — um alvo lógico para a sua nova estratégia.
A Armani tentou reorientar a sua imagem de luxo através de um maior controlo, recompra da licença para vestuário de rápido fabrico e descarte (fast fashion) sob a bandeira Armani Exchange e suspensão das linhas vendidas em lojas de preços médios. No entanto, não há expectativa de retoma do crescimento das vendas até o próximo ano.