Uma das coisas que vai encontrar se se puser à procura de factos sobre o gel na Internet é este tópico aberto num fórum da Escapist Magazine. "Usa gel para o cabelo? Porquê?" é a pergunta que dá o mote a mais de seis páginas e dezenas de considerações sobre o produto de Beleza, na maioria escritas por homens. Criado em 2010, o agora arrefecido debate conseguiu juntar defensores acérrimos do gel e seus opressores num prós e contras que escalou, digamos, acesamente. Iniciado por alguém que "detesta gel" e o acha um produto "nojento" que a maioria das raparigas repudia, mas ao mesmo tempo admite favorecer alguns homens de cabelo curto, a discussão reuniu argumentos desde "não estás a usar o gel da forma certa" até "só não gosto quando o usam em demasia. Parecem saídos de uma boys band dos anos 90". Pelo meio, surgiram também alguns apreciadores da cera, claro, e algumas fotografias embaraçosas, mas bom, apesar de na sexta página continuar a não existir um consenso, pelo menos existia uma certeza. O gel está 50/50, bem na risca ao meio das opiniões, mas uma coisa é certa: ninguém lhe é indiferente.
O gel dispensa apresentações, diz-se que já os Egípcios usavam algo parecido nos seus cabelos, esses grandes inventores de tudo o que é produto de beleza de hoje. Depois, é só olhar para a História e alguns dos seus penteados mais reconhecidos, desde todos os homens dos anos 50 a Elvis Presley. Com os Beatles e os seus cabelos mais compridos e soltos, começámos a dizer bye-bye ao gel, que impedia os cabelos de esvoaçar ao vento, mas ele nunca desapareceu completamente de vista. O gel é duro de roer, ou melhor era, porque agora, além do conforto, os produtos são muito mais flexíveis, alguns têm texturas mais naturais ou mais molhadas e "já não se limitam àquele produto para puxar o cabelo para trás: é uma ferramenta muito mais versátil". Quem o diz é Cláudio Pacheco, hairstylist do Chiado Studio, onde penteia, corta e pinta cabelos de alguns dos homens e mulheres mais conhecidos do país e algumas celebridades internacionais. Cláudio confirma: sim, o gel está de volta e recomenda-se, e com fórmulas muito mais desenvolvidas, agradáveis ao toque e à vista, "que permitem secar o cabelo com o gel e ter um efeito natural ou usar o gel em cabelo seco e dar um efeito mais duro ou molhado, dependendo do resultado que se queira". Num cabelo mais fino, por exemplo, o gel pode servir como um produto de volume, quando aplicado antes de secar. Outro dos truques do hairstylist é utilizar o gel com outro produto de styling para aumentar a fixação desse mesmo produto.
Como decidir entre usar ou não gel? "That’s the big deal", responde Cláudio – e sim, ria-se à vontade, mas quando olhar para as suas fotografias daqui a uns largos anos poderá não sentir o mesmo. Tome nota: "pode ser usado como ferramenta de styling em cabelo molhado, se quiser adicionar flexibilidade, controlo ou textura, mesmo não gostando do efeito do gel. Ou então, para um efeito (ainda) mais molhado, mais forte e mais marcado, também recorremos ao gel." A cera é para 'meninos’, que se querem ficar por um penteado não tão marcante e mais au naturel, arriscamos acrescentar nós. Se queremos um penteado mais clássico, mais anos 50 ou um risco super marcado, só há um produto capaz de nos conceder todos os desejos e por esta altura escusado será dizer qual é.
O gel já não serve só a função de cabelo arrumadinho, estilo Don Draper em Mad Men (se bem que se quiser, é um penteado que nunca sai de moda), mas mil e umas funções. Nas passerelles masculinas do próximo verão, o gel apareceu em cabelos compridos puxados para trás, como visto em Prada, Craig Green e Chalayan, flashback à década de 50, como em Velsvoir, ou retro, como apareceu em 8 on 8. Ainda este inverno, o look pós-surf dominou as cabeças dos modelos na MSGM enquanto a Emporio Armani regressou de um futuro do qual o gel faz parte e o grunge foi a palavra de ordem na Prada (e todos sabemos que isso rima com um visual messy criado com a ajuda de... gel, acertou!). Dúvidas houvesse, bastou ver as passerelles da Ambush, Acne Studios... ah e o que é aquilo na cabeça dos modelos da Givenchy? Acertou: gel para o cabelo.
E nem é preciso ir tão longe. Já vimos muitos homens fazer o gel resultar. Pense em Jake Gyllenhaal, com o cabelo volumoso puxado para trás. Recorde as suas últimas aparições ou coloque qualquer um destes nomes num motor de busca e veja lá se não lhe dá vontade de ir buscar o seu bom e velho amigo gel: Brad Pitt, Orlando Bloom, Leonardo Dicaprio, Bradley Cooper, Milo Ventimiglia, Dev Patel, Lucky Blue Smith e Joel Edgerton. O que têm em comum além de serem considerados os homens mais bonitos ou com mais pinta de Hollywood? Todos partilham o mesmo ‘segredo’ para um good hair day. Convenhamos: não é fácil um homem arranjar alguma coisa para fazer com o cabelo. Deixemo-los ao menos brincar. Não é como se, de repente, estivessem a fazer tranças.
Boas práticas para uso do gel, segundo o hairstylist Cláudio Pacheco:
Aplique uma quantidade de gel do tamanho de uma moeda de dois euros na palma da mão e distribua uniformemente pelas mãos. De seguida, aplique no cabelo em movimentos suaves para o efeito desejado, mas atenção: nunca no couro cabeludo. "Esta é uma regra fundamental para todos os produtos de styling", diz. Cláudio Pacheco também nos garante que não passa de uma mito urbano a ideia de que o gel danifica o cabelo ou provoca calvície, "contudo não devemos sobrepor resíduos no nosso couro cabeludo", daí ser importante ter alguns cuidados na sua utilização.