Estilo / Beleza & Bem-Estar

Descubra o papel fundamental da creatina nos músculos e no cérebro

Cada vez mais popular, a creatina deixou de ser um suplemento exclusivo de atletas, atraindo também quem procura um estilo de vida mais saudável. Para aproveitar ao máximo os seus benefícios, é fundamental entender o que ela é, como funciona e de que forma deve ser utilizada.

Foto: Getty Images
26 de março de 2025 | Bianca Montez / Com Rita Silva Avelar
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Muitas pessoas já ouviram falar em creatina, mas nem sempre compreendem o que é ou quais os seus efeitos no organismo. Para esclarecer estas dúvida, a Must pediu ajuda à médica Sofia Carvalho Pinto, especialista em medicina preventiva e longevidade na clínica Pilares da Saúde. Em termos simples, a creatina é um composto formado por aminoácidos e produzido, naturalmente, pelo fígado. No entanto, também pode ser obtida através da alimentação, especialmente com o consumo de carne e peixe, ou por meio da suplementação. "A creatina vai armazenar-se essencialmente nos músculos, mas também no cérebro e noutros órgãos, e é fundamental para ajudar o nosso organismo a produzir energia", explica a especialista.

Mas de que forma é que a creatina contribui para a produção de energia? Sofia Pinto, esclarece que o principal combustível das células é o ATP (trifosfato de adenosina), que é utilizado sempre que fazemos um esforço físico. Durante esse processo, o ATP perde um dos seus três fosfatos e transforma-se em ADP (difosfato de adenosina), uma molécula que já não é capaz gerar energia. "O ADP consegue voltar a transformar-se em ATP quando a creatina lhe cede um fosfato, necessário ao processo", diz.

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É através deste mecanismo que a creatina apoia a produção de energia, de forma a beneficiar os orgãos que mais a necessitam. Nos músculos, além de reduzir o cansaço, esse processo resulta no aumento da força física, especialmente em treinos de alta intensidade. Mas os benefícios da creatina não se limitam à musculatura. O cérebro, assim como os músculos, consome grandes quantidades de energia na forma de ATP, e a creatina pode fornecer o fosfato essencial para esse processo. A médica explica ainda que "tendo mais creatina disponível, mais energia pode ser gerada, podendo-se explicar assim os seus benefícios na melhoria da função cognitiva e da memória".

Com o avanço da idade, é comum a perda gradual de massa muscular que muitas vezes afeta a mobilidade e a qualidade de vida. O que significa que os idosos também podem tirar grande partido deste suplemento."Os estudos mostram que a creatina é segura e pode ser benéfica para quase toda a gente, em especial para quem pratica desporto, pelo aumento do rendimento, mas também para idosos, ajudando a reduzir a perda de massa muscular associada à idade", afirma Sofia Carvalho Pinto.

Apesar dos inúmeros benefícios, a suplementação de creatina ainda suscita algumas dúvidas e preocupações. Um dos efeitos mais comentados é o possível aumento de peso. No entanto, a especialista esclarece que "a creatina não tem valor calórico significativo e, por isso, não engorda. No entanto, pode levar à retenção de líquidos dentro das células, ao melhorar a hidratação celular com vista a favorecer o ganho de massa muscular. Por isto, algumas pessoas podem sentir-se 'inchadas' aquando da suplementação". Além disso, em alguns casos, o uso inadequado da creatina pode estar associado à queda de cabelo ou ao agravamento de problemas renais preexistentes. Desta forma, o acompanhamento especializado é sempre recomendável. Quanto à dosagem, a médica explica que, de forma geral, a recomendação situa-se entre 3 a 5 gramas por dia, em pó. No entanto, reforça que "a dose depende do objetivo pelo qual será tomada e deve ser sempre prescrita de forma individualizada por um profissional de saúde".

Para finalizar, Sofia Carvalho Pinto refere ainda que pesquisas recentes indicaram que a suplementação de creatina pode trazer benefícios extras como diminuir o risco de depressão e amenizar os efeitos da privação de sono. Podendo também auxiliar na densidade óssea em pessoas mais velhas e até mesmo ter um efeito neuroprotetor.

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