Quando as restrições decorrentes dos confinamentos forem flexibilizadas, os solteiros desenfreados só terão uma coisa em mente – e essa coisa poderá ser certificarem-se de que deixam as janelas do quarto abertas. Por Adam Kay
27 de maio de 2021
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O ar pode estar a adensar-se com o pólen, mas há algo mais a flutuar por entre a brisa à medida que a ponte levadiça entre o confinamento e a normalidade vai gradualmente baixando – as feromonas.
Entre os que foram afetados por meses e meses de encarceramento estão os solteiros ou aqueles que vivem longe dos seus amados. "Por favor, sexo não, estamos em confinamento" – isto poderá não parecer muito difícil para quem esteja na terceira década de um casamento grandemente alicerçado em discussões, mas, para aqueles que normalmente passam os seus dias em aplicações de encontros a demonstrarem o seu interesse e desinteresse (sobretudo desinteresse) [swiping left and right, no original, numa analogia à aceitação ou rejeição de um perfil no Tinder], o último ano foi de facto muito difícil.
O levantamento das restrições e o regresso a algo semelhante a uma vida normal apresenta-se perante nós como um potencial terceiro verão do amor [o primeiro foi em 1967, em São Francisco, tendo o segundo ocorrido no Reino Unido em 1998 após a explosão do acid-house, caracterizando-se pelas festas em espaços ilegais]. Os solteiros deste sairão desenfreados e poucas devem ser casas que não tenham um millennial [nascidos em 1981 e 1996] ansioso por sexo e pronto para a festa.
A vacina, é claro, protege-nos, mas o vírus ainda permanecerá por cá durante bastante tempo, por isso será possível ter sexo "seguro contra a covid", tal como o governo [britânico] insiste em dizer? Não, basicamente não. Nem mesmo que usemos uma máscara de cara inteira. Não há uma maneira 100% segura de ter sexo durante uma pandemia, a menos que seja feito à distância ou sozinho. As vendas de brinquedos sexuais dispararam no ano passado e a tecnologia também colmatou uma lacuna. As aplicações agora permitem ter prazer com um parceiro à distância – e não estou a falar de lhes enviar um cabaz de produtos gourmet.
Se está determinado a ter contacto físico, em pessoa, quão rigoroso deve ser? Tem tudo a ver com atenuar o risco para si e para os outros. Uma certa dose de precaução pode ajudar a que a maçada compense os quatro minutos de benefício. O casal pode, por exemplo, ficar em isolamento durante 10 dias, fazer testes à covid e esperar pelos resultados negativos. Até agora, parece um épico de Stanley Kubrik. Partindo do princípio de que isso será demasiado, pense em tornar o mais seguro possível o lugar onde vão estar juntos. A ventilação é essencial para minimizar o risco de transmissão, quer se esteja em casal ou com mais do que um parceiro, e o exterior é mais seguro do que dentro de portas.
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Talvez o seu "novo normal" envolva sexo ao ar livre. Fique o mais distante e longe dos olhares públicos que puder se esta for a sua opção – ter cadastro na polícia por exposição indecente não cairá bem na sua próxima avaliação de desempenho.
Como sempre, usar máscara tem os seus benefícios, mas, se o entusiasmo se apoderar de si, é provável que as coisas se descontrolem e a máscara deslize. As máscaras de látex usadas em fetiches são mais sofisticadas do que as ressequidas máscaras cirúrgicas que usamos quando vamos às lojas e certamente terão um ajuste mais confortável – mas as suas credenciais de segurança são discutíveis.
Certifique-se que opta por uma posição em que não esteja boca a boca – idealmente, com os rostos distantes um do outro se o contorcionismo funcionar. Desta forma, quaisquer gotículas desagradáveis que possa expirar terão mais dificuldade em fazer o seu caminho.
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Por falar em respirar, não o faça.
Bom, não o faça com muita intensidade nem demasiado depressa. Ofegar, gemer ou gritar são atos que irão forçosamente expelir qualquer vírus do seu corpo – o plano mais seguro é o silêncio flagrante. Não parece muito divertido, pois não? Mas pelo menos não há qualquer possibilidade de gritar acidentalmente pelo nome de um ex. Embora seja improvável que se transmita durante as relações sexuais, o vírus foi encontrado nas fezes, sémen e outros fluidos corporais, pelo que estará a reduzir o seu risco teórico se usar um preservativo, mesmo durante o sexo oral.
Pense nisso como um EPI (equipamento de protecção individual) extra. Para ter mais uns bónus em matéria de segurança, evite beijar e lembre-se de lavar as suas mãos antes, depois e talvez durante esse longo período de sexo.
Quanto a isso – um pequeno conselho que não encontrará em nenhum guia de sexo: quanto mais rápido, melhor. Meus senhores, nunca mais a rapidez será tão valorizada como sendo um benefício para a saúde, por isso explorem isto ao máximo. A vossa melhor hipótese de não serem infetados é demorar menos de 15 minutos no contacto íntimo com alguém que possa ter covid-19. E é também uma boa desculpa para o caso de você não ser fantástico nos preliminares nem na conversa fiada.
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Só porque tirou uma licença sabática do sexo, isso não é motivo para esquecer as velhas regras sobre sexo seguro – pois continuam a aplicar-se. Se não usar um preservativo, estará a abrir portas a todos os vírus e bactérias pré-2020, como a clamídia, gonorreia, sífilis, herpes genital e VIH. A descontração que se observou durante o primeiro confinamento levou a um forte aumento dos diagnósticos de infeções sexualmente transmissíveis, por isso é altura de verificar se os seus preservativos ainda estão dentro do prazo. E se não está a pensar ir parar à ala dos partos em janeiro que vem, então fiar-se apenas na esperança não é uma estratégia válida, por isso pense no que está a fazer para evitar uma gravidez.
Em termos de covid, pense nos atos sexuais classificados por ordem de risco – e decida até onde quer subir nessa escala. As atividades de mais baixo risco são as que não envolvem a presença de outra pessoa – não admira que as partilhas no Zoom tenham resultado tão bem.
Em seguida, nessa escala, está o sexo com alguém que partilha a mesma casa, seguindo-se o sexo com uma pessoa em quem confia e que você sabe que também faz a sua parte no que toca às medidas de segurança. O maior risco envolve mais do que um parceiro, espaços mal arejados e quando não há limites temporais nem precauções.
Em última instância, a melhor maneira de abordar o sexo desta vez – ou em qualquer altura – é de forma aberta, franca e honesta, sem juízos de valor. O último ano foi duro; a falta de intimidade pode ter um efeito devastador na saúde emocional de uma pessoa e o sexo ajuda, comprovadamente, a combater o stress.
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Mas há uma coisa que tenho de continuar a sublinhar: os desifetantes são excelentes para limpar superfícies e manter as suas mãos limpas, mas esses são os únicos sítios onde se devem aplicar – a menos que queira acabar por ter o seu próprio confinamento pessoal.