Barbas há muitas, pandemias nem tanto. E esta é mesmo para levar a sério – ou não serão todas? Por isso, enquanto o leitor sabe perfeitamente o que fazer para ter a barba dos seus sonhos, o resto do mundo não sabe (ou não parece saber, o que vai dar ao mesmo) como travar a pandemia dos seus pesadelos.
Ainda não há vacina, mas há alguns consensos, entre eles, o uso antes-aconselhável-agora- obrigatório da máscara, quer no espaço fechado, quer no aberto. A máscara é para todos. Na verdade, é mais para uns do que para outros. Se, para quem pode, serve o propósito para uma saída ocasional – digamos às compras, por exemplo – para grande parte da população, implica um uso diário no local de trabalho. São horas a fio.
Barbas e máscaras devem, pois, coexistir de uma forma o mais pacífica possível. Torna-se assim imprescindível aprender a cuidar da barba durante a pandemia.
Ter ou não ter barba
Há a probabilidade de a sua barba conter mais bactérias e germes quando comparada com uma pele lisa, sem pelos faciais. Será por isso menos higiénica? Ao longo dos anos tem havido algum debate, com posições dos dois lados. O que é mais saudável? Uma pele barbeada ou uma barba pujante?
Quando alguém deixa a barba crescer está a incorporar microrganismos na pele e nos folículos capilares. Ou seja, ao tocar numa superfície infetada e de seguida no rosto corre o risco de o contaminar com as bactérias e germes de que já lhe falámos. Até porque quem tem barba pode ter mais tendência a tocar na cara, seja por tique, prurido ou mesmo vaidade. Apesar disso, a mesma situação pode ocorrer num rosto polido. Para além de que a pele pode apresentar alguns cortes resultantes do barbear que potenciem a situação de infeção.
Posto isto, a pele sempre teve bactérias, com ou sem pelos adjacentes. Mais, com ou sem pandemia associada. No entanto, quando o coronavírus e a doença por si provocada, a covid-19 se disseminaram pelo mundo, muito foi posto em causa. Também as barbas foram motivo de escrutínio público.
Será arriscado usar barba durante a pandemia?
Sabem-se algumas coisas: com barba, a aderência da máscara à pele pode ser dificultada, com uma selagem ao redor do rosto imperfeita e que deixa algumas aberturas indesejáveis; também pode ocorrer uma penetração do tecido da máscara por alguns pelos que fiquem sujeitos à exposição das partículas infecciosas que tentamos evitar.
Até ao momento, não houve restrições impostas, exceto um aconselhamento da DGS aos profissionais de saúde que prestam cuidados diretos a pacientes com covid-19 para a remoção da barba, especialmente para aqueles que usam máscaras N95 ou FFP2.
Com efeito, não há evidências científicas de que o vírus se fixe nos pelos, ou que estas pessoas se infetem mais. Ter barba, por si só, não torna uma pessoa mais ou menos vulnerável ao coronavírus, razão pela qual a recomendação não ter sido considerada para a população em geral. Ainda assim e, mais do que nunca, urge a necessidade de uma rotina de skincare cuidada.
1. O básicoPressupõe-se que saiba usar a máscara corretamente. É necessário lavar as mãos antes de tocar na mesma e verificar que esta se encontra em condições. A cobertura deve ser feita do nariz até ao queixo. Depois, é evitar ao máximo tocar-lhe durante a utilização, e se o fizer, deverá higienizar as mãos de seguida. Deve ser retirada pelas presilhas elásticas e nunca pela face externa.
2. Entre máscarasDepois de utilizada, a máscara deveria ter um de dois destinos: o lixo (se for descartável) ou a lavagem (se for reutilizável). De facto, depois de várias horas de uso continuo são bastantes as bactérias e os germes que se acumulam no tecido. É imprescindível mudar de máscara com frequência, especialmente depois de quatro a seis horas de uso continuado ou se estiver húmida.
3. O tamanho importa
Para quem tem barba, existem já várias opções de tamanhos de máscara no mercado. O objetivo é encontrar uma que se ajuste perfeitamente ao seu rosto. O ideal é que seja extensa o suficiente para a colocar em torno da estrutura da mandíbula e das maçãs do rosto, com tecido lateral aceitável para evitar a circulação do ar ou a entrada/saída de gotículas.
4. Tête-à-têteÉ preciso perceber como é que a barba convive com a máscara e vice-versa. Se a primeira for muito espessa e o uso da máscara provocar desconforto, pode ser útil tentar alisá-la com uma escova própria e amaciá-la com óleos adequados. Ou mesmo prendê-la, em último caso.
5. Verbo higienizarDa mesma forma que adotámos precauções sanitárias extraordinárias, como a etiqueta respiratória, a distância de segurança, o lavar das mãos constante, dever-se-á considerar ter os mesmos cuidados com a barba. Pede-se uma lavagem ao final do dia com recurso a champô ou, pelo menos, água e sabão.
6. Hidratar, hidratar, hidratarDe forma a manter o ph natural da pele e da barba – algo que a máscara pode desregular – é necessária uma boa hidratação. Muna-se de um condicionador para a barba, suave, mas rico em vitaminas e adicione um sérum à sua rotina. Dê especial atenção aos que contêm ácido salicílico, um antibacteriano e desinfetante natural. Para a sensação de formigueiro, tenha à mão uma água termal para borrifar o rosto.
7. Toque final
Para além do maskne (termo utilizado para problemas de pele causados pelo uso da máscara, em especial o acne), a pele sofre outras irritações, nomeadamente as provocadas por um barbear mais agressivo. Dê uma oportunidade a um óleo hidratante que sirva de barreira de proteção entre a lâmina e a pele. Se necessário apare a barba, conforme o seu comprimento, de forma a acomodá-la harmoniosamente dentro da máscara.
Uma nota
Ter conhecimento de como cuidar da barba durante a pandemia não evita que possa, igualmente, contrair o vírus. Estará sim, a reduzir a probabilidade de tal acontecer e a proteger os que estão à sua volta. Lave as mãos, lave a máscara, lave a barba. Cuidados extra(ordinários) são mais necessários que o habitual, mas afinal isso já sabe, ou não estaria a viver em 2020.