Será a atividade mais básica do mundo a mais indicada para quem sofre de dores nas costas, mais precisamente de dor na lombar? Longas horas à secretária, repetindo os mesmos gestos, com poucos momentos de pausa, ou esforço físico diário exercido em profissões como a enfermagem: tudo isto culmina, quase invariavelmente, na aflitiva dor lombar, que atualmente é a principal causa de anos vividos com incapacidade. Estima-se que em 2020 afetava 619 milhões de pessoas em todo o mundo, prevendo-se que este número aumente para 843 milhões de pessoas em 2050, de acordo com a OMS.
Além de uma rotina de exercício semanal, será que há mais a fazer por esta condição física? Um grupo de investigadores concluiu, num estudo recente publicado na revista científica The Lancet, que a solução passa por caminhar. "Caminhar é um exercício simples, de baixo custo e amplamente acessível, que pode ser praticado por quase todas as pessoas, independentemente da localização geográfica, da idade ou do estatuto socioeconómico", afirmou Mark Hancock, um dos coordenadores e autores do estudo e professor de fisioterapia na Universidade Macquarie, na Austrália, num comunicado.
"Não sabemos exatamente porque é que caminhar é tão bom para prevenir as dores nas costas, mas é provável que inclua a combinação de movimentos oscilatórios suaves, carga e fortalecimento das estruturas e músculos da coluna vertebral, relaxamento e alívio do stress, e libertação de endorfinas de 'bem-estar'", garante.
O estudo envolveu 701 participantes, que tinham recuperado recentemente de um episódio de dor lombar, para "uma intervenção individualizada e progressiva de marcha e educação facilitada por seis sessões com um fisioterapeuta ao longo de 6 meses ou para um grupo de controlo sem tratamento (1:1)", lê-se na descrição dos métodos, no estudo. Os participantes foram seguidos durante um mínimo de 12 meses e um máximo de 36 meses, dependendo da data de inscrição. "O resultado primário foi o número de dias até à primeira recorrência de um episódio de dor lombar que limitava a atividade, recolhido na população com intenção de tratar através de auto-relato mensal", esclarecem.
"Reduziu para cerca de metade a necessidade [dos doentes] de procurar apoio médico e o tempo de ausência do trabalho", afirmou a colega Natasha Pocovi, parceira no estudo, à Medical News Today.