Os Selectos
Frank Sinatra, Sammy Davis, Jr. e John Legend. Com um smoking ou com uma simples camisa aberta, eles interpretam o registo clássico, aprumado, elegante e nunca datado. Legend não tem o estatuto dos demais, mas é, no presente, um homem que podia fazer parte do famoso The Rat Pack (Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis, Jr., Peter Lawford e Joey Bishop). Neste trio, Sinatra é o chaiman of the board e se não entende porquê, nunca irá entender…
Os Sensuais
Marvin Gaye, Serge Gainsbourg e Jim Morrison. Três estilos, personalidades, registos musicais, vidas e carreiras diferentes, mas com um ponto em comum: a sensualidade. Gaye marcou um estilo sofisticado, elaborado e sexy. Gainsbourg é a referência da Must em termos de estilo, num misto boémio, sedutor, nonchalant e chique decadente, no qual tudo lhe é permitido, sem falhas e sem rivais à altura. Morrison lançou um género que perdura e que é o zénite da volúpia: os cabelos longos e ondulados, as camisas muito abertas no peito, os cintos largos nas ancas, as botas e aquelas famosas calças justas de cabedal.
Os Elegantes
Bryan Ferry, Charlie Watts e Zayn Malik. Musicalmente insignificante e sem o prestígio dos outros dois, Malik não deixa de ser, nestes tempos, um homem com estilo e que usa a roupa de modo certo e genuíno. Ferry é o dandy por excelência, tendo atravessado de modo incólume os anos de muito duvidoso gosto que foram os de 1980. Watts, o baterista dos The Rolling Stones, é um senhor, o único músico do rock que envelheceu com dignidade (e tão diferente é dos demais membros do grupo que ainda está casado com a mesma mulher). Nos anos 80, antes de um concerto, em Amesterdão, Mick Jagger perguntou: "Where’s my fucking drummer?" Watts irrompeu, vestido de maneira irrepreensível, e, sempre calmo, agarrou no rosto de Jagger e disse-lhe: "Don’t ever again call me your fucking drummer. You’re my fucking singer." Se isto não é ter estilo, então não sabemos o que é…
Os Minimalistas
Chet Baker, Elvis Costello e David Byrne. Bastam-lhes uma simples T-shirt, uns jeans, uma camisa lisa ou uns óculos de ver. Baker, mesmo quando a idade, a doença e os vícios tinham corrompido a beleza, manteve-se simples. Costello revelou que um fato pode ser usado com sapatos de ténis e uma camisa desportiva com uma gravata e fez dos óculos em massa escura a sua imagem de marca, sendo ainda imitado. Byrne continua aparentemente contido, com alterações na imagem, ao longo do tempo, que nunca lhe ofuscaram o sentido de estilo.
Os Excêntricos
David Bowie, Iggy Pop e Draft Punk. Ícone de estilo da música pop, Bowie foi imparável, inimitável, inexcedível e camaleónico nos anos de 1970, rasgando estilos e preconceitos e enaltecendo a androgenia. Mais velho, manteve-se como uma referência de bom gosto e de sobriedade. Iggy Pop conseguiu provar que se pode manter um estilo e ter estilo próprio, ainda que discutível, ao longo dos anos apenas com o tronco nu e com uns jeans ou com umas calças de couro. Finalmente, os Daft Punk são aqueles que no panorama da pop actual, povoada de gente que tem "estilo" através de "banhos de marcas" e de consultores de estilo, marcaram a diferença com aquela indumentária impecável e com aqueles capacetes fantásticos. Os três são, afinal, uns admiráveis exibicionistas.
Os Fashionistas
Drake, André 3000 e Kanye West. Têm, em comum, um apetite voraz pela moda e pela imagem cuidada, por muito estudada. André Benjamim, vulgo André 3000, é aquele que, entre os três, conseguiu ser mais versátil e não repetitivo. Sem o carisma de André, tanto Drake como West têm estilo, indiscutivelmente, mas apresentam-se em público sem grandes rasgos de criatividade ou riscos e fariam as delícias de qualquer marca de luxo que os quisesse expor nas suas montras.
Os Individualistas
Leonard Cohen, Tom Waits e Nick Cave. Mais três homens com referências musicais distintas, mas unidos por um sentido de estilo nonchalant. De facto, ainda que pareçam não atribuir importância à imagem ou à necessidade de seguir um estilo, fazem sobressair um registo "cuidadosamente" descuidado, sobretudo os dois primeiros, devido a um não alinhamento com o mainstream ou com o politicamente correcto. Cave sempre demonstrou, apesar de tudo, algum rigor estético.
Os Extravagantes
Keith Richards, Mick Jagger e Jimi Hendrix. Constituem a apologia, até no vestir, do lema "Sex, Drugs and Rock’n’roll". O pesado passar dos anos não tomou conta dos dois primeiros que recusam os arquétipos da idade e da "normalidade". Jagger confessa que o seu estilo resulta das peças que encontra para vestir ou para adornar-se que estejam no guarda-roupa de alguma das duas filhas. Richards não tem limites num registo junkie hippy chic. Hendrix foi a imagem dos filhos da era dos hippies resultantes das revoluções sexual e cultural que contestaram o status quo vigente nos anos 50 e 60. Richards, Jagger e tantos outros que lhes são semelhantes são os meros herdeiros do legado de estilo de Hendrix.
Os Inconformistas
The Ramones, The Beastie Boys e The Smiths. Lançaram para a rua o estilo sem um estilo definido, em Inglaterra e nos EUA. Em duas palavras: desalinhados esteticamente. Os The Ramones com os cabelos compridos e desarranjados, com os blusões de couro e com os jeans rasgados; os The Beastie Boys com a imagem preppy with a twist de subúrbio branco, com o recurso a caps, blusões desportivos e hoodies usados como provocação. Os The Smiths, com Morrissey ao leme, elegeram a moda dos anos de 1980 sem grandes rasgos provocativos, tendo sido seguidos no estilo pelos jovens que recusavam o estereótipo dessa era dos yuppies de Ronald Reagan ou dos golden boys de Margaret Thatcher.
Os Naturais
George Harrison, Bob Dylan e Father John Misty. A simplicidade e a mistura de peças dos três faz parte de um estilo que perdura. Harrison misturava gravatas extravagantes com blusões de ganga ou cafetãs soberbos com golas altas de malhas grossas, mantendo o cabelo desalinhado e os famosos óculos de sol escuros usados em espaços interiores. Dylan cultivou sempre o tal registo nonchalant de contestação e Misty afigura-se como o herdeiro da era moderna dos registos de Harrison e de Dylan com uma aura de sedução que, afinal, caracteriza os três.