A porta 106B da compridíssima Rua de São Bento, em Lisboa, ganhou um novo inquilino. Vinda de lá do alto do Chiado, mais especificamente do número 22 da Rua Nova da Trindade, chega a loja masculina de roupa (e agora não só) multi-marca Slou aterrando de malas, bagagens e cheia de novidades, mesmo defronte à Assembleia da República. A descida até São Bento foi-se fazendo sem pressas e com real tranquilidade. Abriu portas, oficialmente, a três de novembro de 2020, mas a abertura foi acontecendo, como se costuma dizer, em modo de slow (e não slou) opening — a par de um ligeiro (e quase inevitável) empurrão da pandemia COVID-19. "A Slou estava há sete anos no mesmo sítio [na Rua Nova da Trindade, no Chiado]. De repente, em plena pandemia, os restaurantes que ali se estabeleceram resolveram fechar a rua toda. E, subitamente, há esplanadas por todo o lado. Aquela passou a ser uma rua que se visita para se ir a restaurantes e não para se ir às compras", explica à Must, Alex Vinent, proprietário da Slou.
Afiança que o novo spot, em que acaba de instalar a sua loja Slou, tem tudo para correr bem: "Este é um bairro que está a ficar com uma boa hype. Acredito que quem por aqui passeia são as pessoas que querem comprar roupa diferente. Que querem encontrar marcas alternativas às standard que, por sua vez, estão, praticamente, todas instaladas no Chiado". A primeira Slou Lisbon abriu em setembro de 2013, na já mencionada Rua Nova da Trindade. Na época, Alex Vinent e o seu ex-sócio, André Cascais, ambos da cidade do Porto, tinham a ideia de abrir uma loja de roupa clássica, mas moderna, e ambos sentiram que Lisboa precisava de um espaço desses, uma vez que no Porto, "já havia alguns lugares assim", comenta Vinent. Foi então que trouxeram, aos aficionados por moda (comme il faut) da capital do país, nomes que até então só se encontrariam (pelo menos facilmente) online, tais como a francesa A.P.C, a marca de ténis, Common Projects, a Comme des Garçons Shirt, ou a La Paz (a marca portuguesa que só abriu a sua primeira loja, em Lisboa, a meados de 2019), entre outras brands aclamadas internacionalmente. As marcas que foram convidadas para fazer parte do universo Slou foram, desde o início, escolhidas a dedo.
Assegura o proprietário: "Tem tudo a ver com o [meu] gosto pessoal. A Slou terá sempre presente marcas que se enquadrem num estilo moderno, mas clássico. Houve uma altura em que apostámos em marcas de desporto, estilo T-shirts com prints, marcas de skate, etc. Mas agora acabei com isso. [Neste novo espaço] o foco vai ser moda homem, com peças clássicas, intemporais e, claro, de qualidade. Se alguém quiser comprar uma camisa branca clássica pode sempre vir aqui. Só que não compra uma camisa branca clássica igual à que compraria em outro lado qualquer, porque [uma marca presente na Slou] é uma marca cujas peças têm sempre um twist qualquer: ou a camisa tem duas costuras no bolso, ou tem dois botões em vez de um, ou tem um bolso um bocado virado ao contrário… É um clássico, mas um [clássico] onde se vê que ali houve trabalho, que por detrás de cada peça há uma produção minuciosa", deslinda. O target da Slou, conforme elucida, é dos 30 anos para cima. Todas as etiquetes que ali existem são de marcas das quais se pode contar alguma coisa: "Não se tratam de marcas que apareceram agora, daquelas que, repentinamente, toda a gente gosta. São marcas com 15, 20, 30 anos de história. E que, aqui na Slou, nós acreditamos nelas porque aquelas marcas já provaram tudo o que tinham a provar. Já estão completamente estabelecidas". O novo espaço é amplo. São 70 metros quadrados de atmosfera clean e de ambiente sereno. As madeiras são claras, livres de tratamento, e há plantas que se espalham, discretamente, pela área. A decoração pretende ser isso mesmo: simples, pacata e que, acima de tudo, não interfira com o produto que está à venda, que não crie distrações. E, por falar em produto, há novidades — muitas e variadas — a atentar. No que diz respeito a marcas de roupa, mantém-se as já existentes e, para já, Vinent só foi rebuscar a italiana Barena Venezia. As boas novas chegam em outros formatos. Primeiro, o proprietário revela querer "apostar mais no grooming para homem.
Inicialmente, na parte mais de perfumaria, mas depois, eventualmente, pretendo expandir um bocado para ver como corre". No segmento da perfumaria, a Slou Lisbon passa a contar com as marcas Laboratory Perfumes e 19-69, que incluem, também, perfumes e velas para casa e ambientadores, e mantém-se à venda os perfumes Commes Des Garçons. A loja irá passar a ter à venda "coisas para casa" (além dos ambientadores apontados acima). Referimo-nos às cerâmicas Um Passo, desenhadas e produzidas em Lisboa. Outra das novidades, em termos de novas marcas, é a portuguesa Poeira, uma grife de eyewear 100% nacional, desenhada em Lisboa e produzida no norte do país. A este propósito, Vinent faz uma ressalva: "Sempre que possível quero apoiar produtos locais e marcas nacionais. Às vezes não é possível, pois temos um standard de qualidade que nem sempre existe, mas a ideia é essa. Vender cada vez mais o que é nacional". Ainda neste sentido, a Slou vai apoiar artistas locais — pintores, escultores, o que seja —, para exporem, na loja, os seus trabalhos: "Esta é uma forma de dar alguma interactividade ao espaço e, em simultâneo, de dar a conhecer pessoas que eu considero que se enquadram na minha linha de pensamento e, por conseguinte, da Slou", explana Alex Vinent. Por fim, e porque não deixamos de estar a falar numa loja cujo dono também gosta de "passar uns pratos" (que é como quem diz, que é Dj), haverá uma secção de vinis. A curadoria e escolha dos álbuns que irão estar à venda na loja é feita, não só pelo dono, mas também por nomes conhecidos do universo eletrónico, como é o caso de Bill Onair, João Tenreiro e de Zé Salvador.
Slou Lisbon
Rua de São Bento 106B
Aberta de segunda a sábado, das 12h às 19h