Reza a história que Kit Harington apareceu na sua audição para Game of Thrones com um olho negro, provocado por uma rixa na noite anterior. Estávamos em 2009 e, apesar de a premiada directora de casting não se recordar deste pormenor, o certo é que o jovem ator, até aquele momento com uma curta experiência em teatro, conseguiu aos 24 anos, um dos papéis mais desejados (e icónicos) da televisão. Aos 25 anos já não passava despercebido em lado nenhum, e rapidamente começaram a chover convites para outros desafios: foi protagonista da míni-série Gunpowder e do filme Pompeia, lançamentos tímidos que pouca repercussão tiveram na sua reputação, e da aplaudida peça em West End, Dotour Fausto. Mas a verdade é que, durante os anos de A Guerra dos Tronos, não houve lugar para outro grande êxito na vida de Harington. E com constantes audiências recordistas, hoje dificilmente haverá quem não reconheça o rosto de Kit, barbudo e emoldurado pelos despenteados caracóis negros. E se é o seu caso advertimos que este artigo está repleto de spoilers. Para desespero de muitos, o drama de ficção medieval acabou em Abril deste ano, e apesar de não ter trazido muito dos cenários que foram a sua casa durante quase uma década – afirmou que apenas conseguiu levar as suas luvas porque: "o resto foi-me retirado! Acho que estará num museu dedicado à série." – foi a série que lhe permitiu conhecer a sua actual mulher. Harington comemorou recentemente o seu primeiro aniversário de casamento com Rose Leslie, o seu par romântico durante a segunda e terceira temporada, numa cerimónia que juntou todos os protagonistas da série, em Aberdeenshire. Amigos, mulher, e uma indiscutível fama internacional foram as conquistas mais importantes desta experiência alucinante, mas como o próprio admitiria, não foi tudo fácil. O ritmo frenético e exigente das gravações durante a última temporada levou o ator à exaustão, e quando questionado sobre o que faria a seguir, não hesitou na resposta: "neste momento, estou a planear tirar um tempo para relaxar na minha casa de campo, é o sítio onde me sinto mais em casa." O investimento a curto prazo é aparentemente no grande écran. Este mês poderemos vê-lo no filme indie de Xavier Dolan, A Minha Vida com John F. Donovan, onde assume o protagonismo juntamente com Natalie Portman, e que chega às salas de cinema portuguesas a 31 de outubro. Em 2020 será mais uma das míticas personagens da Marvel em The Eternals, juntamente com Angelina Jolie, Salma Hayek e ainda Richard Madden, Rob Stark em Game of Thrones. Em dois espectros completamente diferentes o ator britânico parece disponível para experimentar de tudo um pouco e, depois de nove anos a ansiar por ver a sua cara no pequeno écran, esperamos ansiosamente por ver as surpresas que nos reserva para os próximos tempos.
The One
Kit Harrington é o embaixador da fragrância The One Grey de Dolce & Gabanna, um papel sobre o qual fala nas próximas linhas.
Pode dizer-nos como é fazer parte da família de beleza da Dolce&Gabanna?
É realmente uma honra fazer parte da marca Dolce&Gabbana. A fragrância The One for Men surgiu há mais de dez anos e, neste momento, é como um clássico, não é? Ao longo dos anos tenho vindo a trabalhar com pessoas incríveis da casa Dolce&Gabanna e estou muito grato por fazer parte deste novo momento. Sempre adorei as fragrâncias. O meu primeiro perfume quando era jovem foi um Dolce&Gabanna, por isso acaba por ser como estar num círculo completo. A fragrância original The One for Men é a minha favorita, mas tenho-as todas ordenadas em linha na minha casa-de-banho.
Pode falar-nos um pouco da nova fragrância?
Todas as fragrâncias The One for Men são bastante masculinas. The One Grey não é diferente, mas eu diria que tem um toque mais moderno sob o aroma clássico. Há uma frescura acrescentada que equilibra o aroma picante. Eu acho que o contraste é muito agradável para a primavera ou inverno, quando existe uma espécie de transição de estação. A junção de notas picantes e masculinas tornam-no intemporal. É um daqueles aromas que resulta em diferentes tipos de personalidades pela sua versatilidade.
O que mais o seduz na fragrância The One Grey?
Eu acho que é o contraste de aromas que tornam este perfume realmente único. Muitas fragrâncias para homem são construídas em torno de numa única nota, mas esta junta alguns aromas tipicamente femininos, como a lavanda, com aromas tipicamente masculinos, como o tabaco. É o tipo de fragrância que não é ultra poderosa, mas é memorável.
Como foi trabalhar na campanha deste perfume?
Filmar a campanha foi ótimo! Nós estávamos no mercado de Nápoles, ao ar livre, e as ruas estavam repletas de aromas e pessoas. Os moradores locais são maravilhosos e deram a toda a filmagem uma grande energia. Eu nem sei bem como descrevê-la, mas acho que resultou realmente bem para a fragrância, uma vez que o ambiente transpareceu precisamente aquilo que o perfume é: cheio de vida.
O que significa a palavra perfume para si?
Eu acho que o olfato é realmente um dos sentidos mais evocados e importantes. Quando crescemos e encontramos o nosso primeiro aroma, tendemos a usá-lo durante anos. É uma parte real da nossa individualidade e da nossa experiência de vida. O nosso parceiro conhece-nos pelo aroma que usamos. Eu sempre tive uma fragrância que considerava minha, e o The One tornou-se genuinamente no meu perfume.
Diria que a fragrância é importante para a masculinidade?
Na generalidade, as mulheres têm muito mais opções para usar joalharia ou maquilhagem, ou qualquer tipo de acessórios. Quando falamos dos homens, para além do perfume, temos basicamente apenas um relógio. O meu relógio e o meu perfume são os meus essenciais para passar a vida.
Qual é a sua primeira memória de um aroma?
As rosas do jardim da minha mãe.
E a sua primeira memória relacionada com perfumes?
Quando era criança, decidi que iria fazer um perfume para a minha mãe, e cortei todas as rosas do nosso jardim, oferecendo-lhas como presente de seguida. Deviam ter visto a cara que fez. Disse-me: " destruíste a minha roseira. O teu gesto foi amoroso, mas por favor, não voltes a cortar as minhas rosas".
Quando foi a última vez que ofereceu um perfume a alguém?
Eu realmente acho que o perfume é algo tão pessoal que não tenho por hábito oferece-lo como presente, acho que deve ser único para a pessoa que o compra.
Qual é a sua rotina de grooming?
Não sou à partida uma pessoa muito preocupada com os cuidados no geral, mas melhorei desde que sou ator. O meu pai só usa água e resulta na perfeição, portanto faço o mesmo e passo a cara por água. Mas comecei a usar hidratantes, que é o mais longe que vou na minha rotina de grooming. A minha cara acaba por ser o meu "negócio" portanto tenho de ter isso em consideração e ter algum cuidado com a pele.
Quais são os seus essenciais de viagem?
A minha fragrância Dolce&Gabanna e uma mochila com uma bolsa de higiene com escova e pasta de dentes, um hidratante, e um aparador para a barba para me certificar que não fica muito fora de controlo. Geralmente, levo sempre coisas a mais. Acabo por ir viajar durante cinco dias e não consigo decidir o que devo levar. Às vezes ponho todo o meu guarda-roupa na mala e nem sempre acerto, por isso acabo por comprar mais coisas quando chego ao destino, e preciso de arranjar outra mala para a viagem de volta, para caber tudo. Definitivamente não sou bom a fazer malas.
Quando se trata de moda, é muito criterioso em relação ao que usa?
Claro. Sendo ator posso dizer que fui abençoado nesse aspeto porque muitas vezes seleccionar a roupa que uso é algo que fazem por mim, e além disso, todos estes anos na industria da representação deram-me muitos conhecimentos sobre o que são boas peças de roupa e sobre a moda no geral, pelos eventos a que já fui. Tenho o luxo de ter aprendido inadvertidamente o que devo vestir e como usá-lo. Antes de me tornar ator, não me parece que estivesse muito por dentro do assunto, mas quando começamos a ir a mais eventos e a ser vestido por alguém, torna-se mais fácil.