Conversas

Um dia na vida de…Anna de Brito

Co-fundadora do projeto Terramay e do festival “Soil to Soul”, e a viver no Alandroal, esta mulher de sete ofícios inaugura a nova rubrica da MUST.

Foto: Terramay
05 de maio de 2023 | Augusto Freitas de Sousa
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Anna de Brito trocou a vibrante Berlim, onde nasceu, pelo pacato Alandroal no Alentejo. Mudou-se com o marido português David de Brito e, em conjunto com o sócio e amigo, o suíço Thomas Sterchi, dedicaram-se por completo ao projeto Terramay. Uma quinta nas margens do Alqueva com 562 hectares que adota o conceito de terra mãe assumida pelos próprios como a casa e o sustento dos cavalos, vacas, porcos, cabras, ovelhas, galinhas e abelhas. E muito mais.

A que horas se costuma levantar?

Às 6h30 da manhã. Começo com 30 minutos de pilates/meditação, tomo um duche e acordo os meninos às 7h30, num dia perfeito [risos].

O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordada?

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Gosto de começar o meu dia com um momento de pilates. Ajuda-me a respirar, encontrar o meu ritmo, refletir e pensar nos desafios que o dia vai trazer.

Qual é a sua rotina quando se levanta?

No verão, cerca de 20 minutos de pilates na piscina e saltar lá para dentro. No inverno, pilates e banho frio.

Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?

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Café duplo! E os restos do pequeno-almoço dos meus três filhos.

Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?

Costumo andar a cavalo pelo menos três vezes por semana. O desenvolvimento do conceito da "Terramay Experience" – e a equitação é um elemento importante – faz parte do meu trabalho, portanto tenho sorte.

Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, de automóvel, de transportes…

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A pé e de cavalo. E de carro, para o Raya, o nosso farm to beach club na praia fluvial das Azenhas d’el Rei. 

Foto: Terramay

Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?

Não considero a minha atividade diária um trabalho, num sentido convencional. Eu simplesmente vivo o meu sonho e, claro, tenho responsabilidades e deveres a cumprir, decisões a tomar e viver com as consequências. Mas esta liberdade é um privilégio. Como dizia um chef conhecido "nunca trabalhei nem um dia durante a minha vida".

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A que horas começa a trabalhar?

Às 9 horas.

Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?

Sou cofundadora da Terramay, o projeto da minha vida. A minha responsabilidade diária relaciona-se com as áreas de partnerships, comunicação e direção criativa. 

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Foto: Terramay

Como gere o seu tempo?

Com calma. É o que o Alentejo me ensinou. Que chegamos aos nossos objetivos devagar.

Como lida com a pressão e o stress?

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A lembrar-me do início da nossa viagem, da autenticidade do conceito do projeto e nunca perder a confiança.

Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?

Favorita é desenvolver conceitos únicos, estratégias relevantes e conhecer pessoas interessantes. E menos agradável, lidar com o ego e o oportunismo de alguns.

Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?

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Sim, e estou muito feliz por isso. De forma construtiva e sempre muito pessoal. Somos uma pequena família, uma comunidade, e tento dar sempre atenção e ouvidos a todos. 

Foto: Terramay

Costuma fazer pausas no trabalho? Para?

Pensar, refletir…

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Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?

Sim. Vou para a horta e deixo-me inspirar pelos legumes e frutas sazonais. Agora é a época da fava. Com a nossa equipa do restaurante Raya e no atelier estamos sempre a desenvolver receitas sazonais diferentes. O meu prato favorito neste momento é a salada de favas com morangos da horta, limão e hortelã. 

Foto: Terramay

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?

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Com humildade e gratidão. Tento sempre refletir e pôr-me na posição dos outros. Errare humanum est. Nós todos cometemos erros, é normal. No final, é tudo uma questão de intenção. Se a intenção for boa encontram-se soluções. A comunicação é a chave.

O que diria sobre a ideia que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?

Não me interessa muito a opinião dos outros. O meu foco está no desenvolvimento do projeto Terramay e no bem-estar dos meus colegas.

Ao longo do dia dá importância às redes sociais?

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As redes sociais são ferramentas importantes de comunicação, mas têm de ter conteúdo relevante.

Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?

"Pool sumo": é uma atividade diária com os meninos, uma espécie de luta, quem consegue puxar o outro para dentro da piscina…

A que horas costuma terminar a atividade profissional?

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Às 17 horas quando estou com os meninos.

Leva trabalho para casa?

É inevitável.

Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?

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Com o David, meu marido, e com o Thomas Sterchi, o nosso parceiro e amigo de muitos anos que embarcou connosco nesta viagem desafiante e que assumiu uma responsabilidade enorme. Nós os três desenvolvemos o projeto, nós somos a Terramay e claro, conversamos constantemente.

Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?

Sim, e estou muito grata por isto. Estivemos agora há pouco tempo em Zermatt, na Suíça, no festival de música que o Thomas fundou e que nos traz tantas impressões, momentos inesquecíveis e que nos ajuda a criar uma rede interessante.

Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?

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Tento sempre fazer o melhor do dia. Nem todos os dias são bons, mas há sempre bons momentos em cada um, seja nos desafios profissionais como nos desafios pessoais. Carpe diem e memento mori!

Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?

Depende se for um jantar com os meninos, estilo pizza night & Star Wars ou se estou a confecionar uma experiência de fine dining da quinta. Os momentos da quinta são: salada de favas com morango e hortelã, carpaccio de beterraba com queijo de cabra, confit de cabrito com couve roxa fermentada, carpaccio de mertolenga com rúcula e citrinos da quinta, tarte de amêndoa ou gelado de leite de cabra com morangos. 

Foto: Terramay
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O que faz antes de dormir?

Leio pelo menos durante 10 minutos.

A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?

Depende da ocasião. Às 23 horas, quando não temos eventos ou hóspedes... e mais tarde quando for importante. "Carpe diem" e "carpe" noite.

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Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?

Sou uma pessoa otimista.

Vê-se a ter outra profissão?

Não acredito nas profissões, acredito nas pessoas e nos projetos inspiradores.

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O que mais e menos gosta na sua atividade?

A parte da gestão das pessoas: é inspirador, um privilégio e um desafio constante. Aprendi muito com o Thomas, o meu sócio, que desenvolveu o conceito dos três fatores relevantes, quando se trata do recrutamento: talento, atitude e intenção.

 

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