Conversas

Um dia na vida de Luís Varatojo: “Gosto da liberdade de escolher o que fazer e de não ter rotinas”

Chegou à música portuguesa com a banda de punk rock Peste & Sida ainda nos anos 80. Hoje, multiplica-se em projetos — entre os quais o Luta Livre.

Foto: Rita Carmo
Ontem às 17:38 | Augusto Freitas de Sousa
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Os primeiros acordes de Luís Varatojo nos Peste & Sida que foram marcados pelo punk deram lugar ao ska e reggae dos Despe e Siga. Com João Aguardela dos Sitiados desenvolveu A Naifa, que explorava os novos caminhos do fado. Ainda criou os "eletrónicos" Fandango para, em 2021, passar a mostrar jazz e rock na Luta Livre. Luís é músico, poeta e defensor da liberdade de quem faz sentido falar em abril.

A que horas se costuma levantar?

Por volta das nove.

O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordado?

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Naquilo que tenho planeado fazer durante o dia.

Qual é a sua rotina quando se levanta?

Escovar os dentes, duche, pequeno-almoço.

Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?

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Grande. Não consigo estar operacional antes de comer bem. Sumo natural, fruta variada com iogurte e cereais, pão e queijo fresco e café longo.

Foto: Rita Carmo

Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?

Leio as notícias da manhã e, se não estiver a chover, saio para uma volta de bicicleta.

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Qual é o seu trajeto diário? Como o faz?

A pé, automóvel, transportes… Depende do que tenho programado. A minha atividade, por ser muito diversificada, não implica rotinas, mas tento deslocar-me mais a pé ou de metro. Quando é mesmo necessário, uso o carro.

Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?

Concentrar-me, pensar bem no que vou fazer.

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A que horas começa a trabalhar?

Depende do que tenho para fazer. Se for dia de concerto, começo por fazer a viagem até ao local, habitualmente de manhã. Se for trabalho em estúdio, começo sempre por volta das onze. Ainda há outros compromissos, como reuniões, que podem implicar horários mais madrugadores.

Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?

Quando trabalho nos meus discos, escrevo letras, componho músicas, gravo vários instrumentos, incluindo a voz e faço os arranjos. Quando trabalho noutras produções (espetáculos encomendados) estabeleço os conceitos e faço a direção artística – repertório, elenco, componente audiovisual, etc.

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Como gere o seu tempo?

Acho que bem. Gosto de planear tudo com bastante antecedência. Como sempre trabalhei em auto-gestão, habituei-me a organizar o meu trabalho e o meu tempo de forma disciplinada e isso faz toda a diferença. A ideia do "criativo desorganizado" é um mito.

Como lida com a pressão e o stress?

Raramente me sinto pressionado, tenho tido a sorte de poder fazer o que quero e com quem quero. Quando há situações de maior stress, tento não dar importância, vou passear, fazer compras, jantar fora…. pedalar.

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Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?

A parte favorita é todo o processo criativo: escrever, compor, juntar os sons, ver as canções nascerem e crescerem no estúdio, ou os espetáculos que produzo a ganharem forma. A menos agradável é ter de fazer ensaios.

Foto: Rita Carmo

Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?

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Trabalho com várias equipas, na maioria dos casos são trabalhos temporários, por vezes com equipas muito grandes. É preciso passar a informação de forma clara, perceber as limitações e as potencialidades, de forma a otimizar os contributos de todos, desde os artistas aos técnicos. Isto também é válido para os projetos de longa duração, obviamente.

Costuma fazer pausas no trabalho? Para?

Almoçar, jantar, tomar um café, fumar um cigarro.

Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?

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Também depende de onde estou, mas opto por ser moderado, nem gastar muito tempo, nem comer demasiado, para que a tarde renda.

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?

São sempre bem-vindos. Tento aproveitar o que é positivo para melhorar o que faço.

O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?

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Sou muito exigente com aquilo que faço, tento não deixar pontas soltas, por isso acho que, no geral, essa ideia é positiva.

Ao longo do dia dá importância às redes sociais?

Muito pouco, são um fator de distração que não contribui para a produtividade.

Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?

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Oiço muita música, vou a concertos, a espetáculos de dança e teatro, ando de bicicleta, vou ao cinema, leio, vou à praia no verão…

A que horas costuma terminar a atividade profissional?

Se estiver em estúdio, por volta das 19h. Se estiver em espetáculo, ao fim da noite.

"Leva" trabalho para casa?

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Este tipo de trabalho anda sempre connosco, em casa costumo escrever.

Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?

Às vezes, ao jantar com a família.

Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?

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Sim.

Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?

Para mim são iguais, posso ter de trabalhar sábado e domingo, mas tento ter sempre dois dias por semana sem compromissos profissionais.

Foto: Rita Carmo
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Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?

Gosto de jantar bem. Ao contrário do que aconselham os especialistas, como mais ao jantar do que ao almoço. Costumo jantar entre as 20 e as 21. O menu é variado: peixe fresco, bacalhau, massas, frango, porco preto…

O que faz antes de dormir?

Leio e vejo televisão – informação, séries, filmes ou o Benfica, se der em canal aberto.

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A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?

Por volta da uma. Tento dormir sete a oito horas.

Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?

Tento aproveitar bem o tempo de forma a conseguir bons resultados profissionais, sem que para isso tenha de sacrificar o tempo com a família e os amigos.

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Vê-se a ter outra profissão?

Confesso que, noutras fases da minha vida, cheguei a ponderar dedicar-me a outra coisa, sobretudo devido à imprevisibilidade – financeira e não só – que esta atividade acarreta. Mas foi também isso, essa incerteza, que me foi dando combustível para continuar. Neste momento não me passa pela cabeça fazer outra coisa, gosto muito do que faço.

O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?

Gosto da liberdade de poder escolher o que fazer e de não ter rotinas. Na verdade, gosto de tudo menos de fazer ensaios, como disse atrás.

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