Conversas

Um dia na vida de… João Soares, o homem por trás de uma grande mulher

A CEO responsável pela Herdade da Malhadinha Nova, Rita Andrade Soares, é quem costuma dar a cara pela propriedade no Alentejo, mas o sucesso também passa pelo marido João Soares.

Foto: DR
17 de novembro de 2023 | Augusto Freitas de Sousa
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João Soares tem às suas costas a herança da família que há anos fundou a Garrafeira Soares, com lojas em vários pontos do Algarve e no Porto. Com a abertura da Herdade da Malhadinha Nova, no Alentejo, os vinhos daquele terroir também passaram a fazer parte do projeto familiar.

A que horas se costuma levantar?

Levanto-me, invariavelmente, por volta das sete da manhã.

O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordado?

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Costumo pensar muito pouco nesses primeiros minutos, pois uma permanência na cama constitui um desperdício de tempo e o planeamento do dia está sempre previamente realizado. É, no entanto, ao despertar durante a noite ou cedo de manhã que consigo encontrar as melhores soluções criativas ou estratégicas quando necessário.

Foto: Frederic Ducout

Qual é a sua rotina quando se levanta?

Corrida e banho, ou banho imediatamente seguido de pequeno-almoço

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Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?

O pequeno-almoço é para mim a principal e única verdadeiramente importante refeição do dia. Começa imprescindivelmente com uma ou duas laranjas fatiadas, depois outras frutas e continua com café com leite, muitas torradas com manteiga e doce ou mel. Sem o pequeno-almoço tenho muita dificuldade em começar a pensar. A partir do pequeno-almoço e até final do dia contento-me com muito pouco alimento.

Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?

Duas a três vezes por semana faço corrida em jejum e ténis ao final da tarde.

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Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…

O trajeto normal é feito de casa para o escritório/empresa de carro, e dura cerca de 10 minutos.

Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?

Não.

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A que horas começa a trabalhar?

Entre as 8h30 e as 9h ou mais cedo sempre que necessário.

Foto: Frederic Ducout

Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?

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As nossas empresas têm hoje competências atribuídas para todos os departamentos, pelo que a função dos administradores consiste sobretudo na supervisão global, reunindo diariamente com diretores e responsáveis de cada área para análises e tomadas de decisão. A minha responsabilidade específica passa, hoje, pelo desenvolvimento da estratégia global das empresas e também pela manutenção de uma muito forte dinâmica comercial.

Como gere o seu tempo?

Penso que esse é, sem dúvida, o grande desafio dos nossos tempos. Apesar do planeamento diário, a chegada ao final do dia com o sentimento de frustração por ter concretizado muito pouco parece ser transversal a todos os nossos colegas com responsabilidades de gestão. Na realidade, é talvez a relativa inadaptação a tanta e tão instantânea informação entregue pelas novas ferramentas tecnológicas e de comunicação que justifica este sentimento. Por outro lado, as imensas oportunidades do pós-pandemia, no desenvolvimento turístico e imobiliário do nosso país, abrem espaço e liberdade para a idealização permanente de novos projetos e desafios.

Como lida com a pressão e o stress?

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Com desporto, com férias e fins-de-semana em família. 

Qual é a parte favorita e a menos agradável do trabalho e porquê?

O reconhecimento e o sucesso são a recompensa para todo o esforço e dedicação. O alcance dos objetivos acontece com o envolvimento e a motivação de todas as equipas e a partilha dos resultados com todos os que se esforçaram para os atingir constitui para nós um motivo de grande orgulho e satisfação.  Existe por outro lado uma natural frustração quando não conseguimos o empenho suficiente para avançar rápida e eficazmente no desenvolvimento e implementação de regras e procedimentos que são cruciais para manter a dinâmica e mitigar o risco das empresas.

Foto: DR
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Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?

A empresa tem há vários anos um grupo de trabalho constituído pelos administradores e diretores de cada departamento com quem reúno mensalmente para análise estratégica (GDER – Grupo Desenvolvimento Estratégico e Risco). Semanalmente, reúno-me individualmente com responsáveis das diversas áreas. A comunicação desenvolve-se por email ou WhatsApp, sempre que necessário, por reports semanais obrigatórios e nas reuniões presenciais.

Costuma fazer pausas no trabalho? Para?

Apenas para almoço. Trabalho habitual 8h30/14h e 15h/ 19h, ou mais tarde.

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Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?

Sim, é a única interrupção. Sempre fora, ligeiro, salada ou sanduíche ou preferencialmente peixe, normalmente com clientes ou parceiros de negócio.

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?

Muito bem. Felizmente, poucas críticas, mas penso que com suficiente humildade para aceitar e corrigir quando acontecem. Mas os elogios são um grande fator motivador para continuar e melhorar.

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Foto: João Guimarães

O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?

Sabem que não sou a pessoa mais sorridente e simpática, conhecem bem a minha extrema convicção, imparcialidade e frontalidade. Talvez se queixem de alguma falta de reconhecimento, principalmente do ponto de vista pessoal e emocional. Sabem por outro lado que podem sempre contar comigo nos bons e também nos maus momentos e que procuro sempre equilíbrio, justiça e transparência em todas as decisões.

Ao longo do dia dá importância às redes sociais?

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Nenhuma.

Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?

Desporto (corrida, ténis, voleibol, snowboard, cavalos…)

A que horas costuma terminar a atividade profissional?

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Por volta das 19h, mas trabalhar há mais de 30 anos em família faz parecer que nunca termina, pelo menos na componente estratégica e criativa.

"Leva" trabalho para casa?

Não.

Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?

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Sempre. Estou casado com a minha sócia e melhor amiga há mais de 30 anos.

Foto: João Guimarães

Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?

Sim, muito. Visita a parceiros de negócios nacionais e internacionais. Promoção de vinhos e hotel, com muita frequência um pouco por todo o mundo.

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Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?

Muita. Embora o trabalho e as responsabilidades estejam presentes mesmo ao fim de semana, o sábado e o domingo são sempre dedicados à família.

Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?

Normalmente, em casa. Sopa, comida ligeira e água. Se fora, preferência por peixe e vinho branco.

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O que faz antes de dormir?

Vejo televisão, sobretudo notícias, mas tenho pouca resistência para séries ou filmes.

A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?

Cerca das 23 horas. E sempre 8 horas de sono.

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Foto: Frederic Ducout

Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?

Administro as empresas há mais de 30 anos com a minha mulher e com o meu irmão, que são simultaneamente os meus melhores amigos (a mãe, Maria Antónia e fundadora da Garrafeira Soares e as novas gerações estão também sempre presentes). Esse equilíbrio não tem sido difícil de alcançar, conjugamos muito facilmente momentos de trabalho e de lazer.

Vê-se a ter outra profissão?

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Nunca conheci outra, mas confesso que não tenho qualquer desejo de o fazer. Considero-me um privilegiado por poder fazer o que mais me realiza com quem mais gosto e admiro.

O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?

Gosto naturalmente de poder tomar todas as decisões, em família, com toda a liberdade e convicção sem ter de justificar hierarquicamente ou a qualquer sócio. Gosto da adrenalina provocada pelas oportunidades de fazer crescer o negócio, de inovar, de melhorar. O peso da responsabilidade quando cerca de quatro centenas de pessoas e mais as respetivas famílias dependem em boa parte de nós, das decisões que tomamos e do sucesso da nossa gestão, é muito grande. Não sendo algo que assumamos de forma leviana, não podemos dizer que seja propriamente fácil de carregar.

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