Conversas

Luís Cerdeira. De saída do Soalheiro, mantém-se em Melgaço e… em Requião

A notícia caiu como uma bomba no mundo dos vinhos: o grande impulsionador e a cara da marca Soalheiro, Luís Cerdeira, decidiu sair da casa de família. Descobrimos que alugou uma quinta em Requião, Famalicão, à discreta família Manuel Gonçalves e que vai continuar a fazer o seu Alvarinho em Monção e Melgaço. “Génese” em Melgaço e “Almanua” em Famalicão.

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31 de outubro de 2024 | Augusto Freitas de Sousa
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O produtor e enólogo do Soalheiro diz que não foi possível ficar sozinho, por isso saiu. Juntamente com o seu filho Manuel Cerdeira, que acabou enologia em Inglaterra, avançou para um projeto nos Vinhos Verdes em Requião, em Famalicão, mas mantém um pé em Melgaço onde um dia irá construir uma adega. Esta semana divulgou o nome da sua nova empresa: VineVinu. Mas vamos por partes: nasceu numa freguesia que se confunde com a sua casta de eleição, o Alvarinho… 

Nasci em 1972 em Alvaredo, uma freguesia de Melgaço. O nome podia vir de Alvarinho, mas por acaso vem de arvoredo. 

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Numa casa rural?  

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Sim. Ainda vivi na casa dos meus avós paternos com os meus pais, mas depois construíram a casa numa pequena encosta, que hoje é onde está a adega. 

Mudaram-se todos? 

Os meus pais, a minha irmã, que nasceu em 1975, e os meus avós. Os avós maternos viviam em Penso, que é uma outra freguesia mesmo ao lado. Somos todos de lá.  

Foi aí que tudo começou? 

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A adega começou na garagem da casa. O meu pai plantou o primeiro hectare de alvarinho em 1974 e, a partir daí, começou a fazer vinho e a mostrá-lo aos amigos nessa tal garagem. Ainda só com pipas de castanho feitas na Valinha, que é a última freguesia quem vem de Monção para Melgaço. Depois surgiu a marca Soalheiro.  

O que faziam os seus pais?  

O meu pai trabalhava nas finanças e a minha mãe era professora primária. O vinho era uma paixão do meu pai e um part-time. 

E porque ele escolheu Alvarinho?  

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Houve um fenómeno que surgiu com maior expressão nos anos 70, que é o Palácio da Brejoeira, que foi quem deu a grande notoriedade ao Alvarinho. Ainda há pessoas, que pararam um bocadinho no tempo, que continuam a dizer que a grande referência do Alvarinho é o Palácio da Brejoeira. 

Porquê essa notoriedade? 

Foi a primeira adega que tinha um enólogo, na altura não havia, que era o engenheiro Amândio Galhano, uma das grandes figuras do vinho verde. Tinha cuidados ao vinificar o branco que as pessoas não sabiam. Fazia-os com um pouco de fruta e aromáticos difíceis de ter em Portugal com esse perfil. Utilizava o frio, as decantações e o rigor de uma fermentação com temperatura controlada. Naquele tempo toda a região tinha 80% de uvas tintas. O branco era o parente pobre, mas era o vinho da festa. E o Alvarinho surgiu como sendo a uva da festa.  

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Também o havia em Monção e Melgaço?  

Existia plantado nas bordaduras. Só que as pessoas vindimavam tudo junto. Quando ia o carro de bois com a tinalha para carregar as uvas, não se separava branco de tinto, porque isso dava muito trabalho. Só algum branco especial é que tinha essa dignidade, diria. 

O que é que se consumia?  

Maioritariamente tinto. O branco era o da festa, da Páscoa, do Natal. E assim começa o Alvarinho a ser um fenómeno conhecido, porque alguém lhe deu uma diferenciação qualitativa. E é isso que eu aprecio em Monção e Melgaço. Ou seja, não é uma região que começa por acaso. Começa baseada numa casta que tem potencial e com uma valorização qualitativa. 

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Que o seu pai plantou de outra forma em 1974… 

É a primeira vinha contínua. Embora na história da nossa família o meu avô foi importante porque foi necessário convencê-lo a deixar plantar. Foi a revolução de abril. O meu pai também me deu liberdade total e espero manter essa característica com o meu filho. Estamos fartos de assistir a casos em que o pior são os velhos do Restelo. 

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Em 74 tinha dois anos. Mas a escola começou cedo. 

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Como a minha mãe era professora primária, comecei com cinco anos. Acompanhava-a a Melgaço. Depois da quarta classe, o primeiro e o segundo ano foi feito através da telescola que nos dava uma grande preparação. 

Havia tempo para as brincadeiras? 

Tudo ali era cheio de natureza. A casa tinha uma rampa muito íngreme e fiz muitos carrinhos de rolamentos, o que era um perigo, porque ao fundo havia uma casa. Jogar à bola era um vício ou andar à caça com uma espingarda de pressão. Ou ainda ir tomar banho com os amigos no rio Minho.  

E em casa? 

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Sempre ajudei o meu pai durante a vindima. Muitas vezes os meus amigos iam sair, mas se não acabasse a tempo não havia nada a fazer. Lembro-me com muito prazer que (agora já não me conseguem apanhar!) com os meus 16 anos conduzia uma carrinha para trazer as uvas da vinha. Sonhava com aquilo. E conduzia o trator.  

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Em Melgaço concluiu o liceu? 

Sim, mas no 12º ano fui com um amigo e colega para uma pensão em Viana do Castelo para frequentar o Liceu de Santa Maria Maior. Havia outra solução que era em Braga, e grande parte das pessoas de Melgaço ia para o Colégio D. Diogo onde muitos se estragaram e outros melhoraram. Mas nós achámos que era mais sossegado. E correu muito bem. Foi um ano tranquilo.  

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Que fazia nos tempos livres? 

Tínhamos um grupo de amigos e saíamos bastante à noite. Melgaço, no verão, é muito ativo, porque vêm muitos imigrantes, a população cresce imenso. Mas quase todos os fins de semana íamos para Espanha, para a rambóia, para a festa. Tive uma juventude muito bem vivida e divertida. Aliás, acho que gastei os meus créditos todos, mas deu-me alguma bagagem social. Era bastante sociável, embora talvez mais tímido do que sou hoje.  

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Era bom aluno?  

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Muito bom aluno. Tive médias de 18 valores e escolhi Enologia. Gostava de Psicologia e de Enologia.  

Era um adolescente responsável? 

Namorei com a minha mulher a partir dos 20. Havia ali um sentido de responsabilidade que sinto no meu filho, também. Tento aligeirar, porque às vezes pode ser excessivo, mas ajuda a recentrar.  

A sua mulher, para não variar, é de Melgaço? 

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A Sandra é de Melgaço. Mas tirou o curso de Medicina em Coimbra. Conhecemo-nos, namoriscámos, afastámo-nos, voltámos e vamos fazer 25 anos de casados este ano.  

Havia Agronomia em Lisboa e em Vila Real. Optou por qual? 

Vila Real sempre foi a primeira opção. O princípio foi este: em vez de ser generalista, porque não ser especialista? Se calhar hoje pensaria de maneira diferente. Entrei no segundo ano em que havia licenciatura em Enologia.  

Como foi a vida académica? 

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Tínhamos um grupo que gostava de vinho e houve muitas provas e jantares em casa. A tertúlia do vinho começou muito cedo e ainda hoje a valorizo. E que levou a que, no último ano, em que era preciso fazer estágio, se decidisse que devíamos ir para fora fazer Erasmus. Eu fui para a Borgonha, outro foi para a Itália e o terceiro para a Alemanha. Eu, o Rui Madeira e o Rui Cunha.  

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Qual era o tema da tese? 

A estabilidade da cor da casta Pinot Noir. Lembro-me que tínhamos uma parcela à beira da Romanée Conti, onde nós fazíamos os nossos ensaios. Ou seja, a parcela do lado valia milhões, e na nossa fazíamos vinho para experiências, para deitar fora.  

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E cá, trabalhou a casta? 

Descobri uma vinha que tinha 20 anos, de um amigo, e convenci-o a plantar e comprei-lhe as uvas, aqui na zona mais atlântica, perto de Barcelos. E também convenci uma produtora a plantar meio hectare de Pinot Noir. Lancei no passado um vinho com bastante sucesso, que é um Pinot Noir e Alvarinho, um rosé. 

A seguir a Borgonha regressou ao Soalheiro? 

Sim. Fui morar para lá e trabalhei cerca de um ano com o meu pai. A primeira vindima que fiz foi 1994 já 100% da minha responsabilidade. Para se perceber a evolução, em 2010 o Soalheiro faturava 500 mil euros e em 2023, 7,3 milhões. 

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Foi difícil assumir tudo? 

O meu pai sempre me ajudou, mas sempre delegou. Foi um ano difícil porque uma coisa é termos um técnico que nos supervisiona e outra coisa é ser o próprio técnico. Olhava para o que o meu pai fazia e, em muitas coisas que não sabia a explicação, consegui fazer algumas por repetição, apesar de nos livros não o termos estudado. 

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Criou um estilo? 

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Foi preciso criar e manter um estilo, olhar para uma estratégia de negócio, porque não nos podemos esquecer que o vinho não é só vinho. É comunicação, enologia, viticultura, imagem e aspiração.  

Trabalhava com a família? 

A minha irmã juntou-se em 2007. Mas só o Solheiro era pouco para mim em termos intelectuais. E comecei a trabalhar na Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes no Porto onde estive 20 anos. Primeiro como ajudante de provas, depois responsável das provas e finalmente do laboratório para o qual apresentei o projeto e fiz a renovação. 

Mas não fazia só provas. 

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Surgiu uma atividade muito aliciante que foi o marketing dos Vinhos Verdes. Tinha de acompanhar as provas nos diferentes países e explicar o vinho num perfil muito mais técnico e não só aquele simples vinho popular. 

Há sempre uma grande confusão com o que é o Vinho Verde. Explica-se? 

Tenho isso muito bem resolvido na minha cabeça. O problema do vinho verde é que na denominação de origem tem a palavra vinho. Porque a ser rigoroso devia dizer-se, ‘vamos beber um vinho... Vinho Verde’, ou seja, duas vezes vinho. Porque o nome da denominação de origem é Vinho Verde. Em vez de se perder tempo a tentar explicar o inexplicável... é assumir que vinho verde é um nome. É como Manuel Joaquim.  

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Monção e Melgaço têm uma designação própria. 

Monção e Melgaço não é mais que um terroir dentro desta região dos vinhos verdes. Faz sentido dizer a palavra vinho verde em Monção e Melgaço? A partir do momento em que existe um selo de garantia que o refere é pacífico. Mas na minha opinião, deve evoluir para Monção e Melgaço só, porquê? Pela sua identidade, mas deve fazer parte deste grande bolo que é a região dos vinhos verdes.  

A Comissão tem de se ir adaptando? O que pode mudar? 

Neste momento seria abrir os regulamentos um pouco mais para as inovações. O pet nat, por exemplo, ou vinhos sem filtração. Que, aliás, já o fiz. E pode ser IG Minho, não tem de ser Vinho Verde DOC.  

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Terminou a sua posição na Comissão dos Verdes e regressou ao Soalheiro onde tem uma longa carreira já bastante conhecida de todos. Mas recentemente saiu. Quer explicar? 

É simples. Faço a minha vida de ciclos. E neste momento o Soalheiro está saudável e tem uma equipa bem estruturada. Na verdade, fecha-se um ciclo porque quando não conseguimos expressar toda a nossa essência, devemos ter a frontalidade de perceber que é o nosso momento de ficar sozinho ou sair. Não foi possível ficar sozinho, saí.  

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O seu filho junta-se à viagem? 

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Estava em Inglaterra e coincidiu.  

Este novo projeto em Requião tem alguma dimensão… 

Isto é um vinho de garagem. É uma garagem grande, mas é um vinho de garagem.  

A quinta é da família Manuel Gonçalves. Alugou as vinhas e a adega. Não existe alguma ansiedade por isto ser a prazo? Apesar de extenso… 

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Vou falar de economia e de gestão. Não somos um, somos três. Eu, o meu filho e a Carolina Osorio que nos ajuda em vários setores neste caminho. A família, por definição, é um projeto eterno. Mas não é. Já provei isso. É também um ciclo. Ou te reformas, ou mudas, ou passas para outra pessoa. 

Aqui em Requião o aluguer é por 25 anos… 

Temos isso muito claro na nossa cabeça. Que é um ciclo que nasce, cresce e que tem uma transição. E essa transição pode ser para ficar no mesmo lugar. E a vida, que aprendi com estes meus 52 anos, são ciclos virtuosos. Felizmente, tive dois que gostei bastante. Um que se chama Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes e outro que se chama Soalheiro. E é muito bom ter a possibilidade de conseguir construir um terceiro, ou pelo menos participar na criatividade com o conhecimento que aprendeste dos outros dois. 

É um caminho muito pessoal? 

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É a possibilidade de iniciar uma etapa nova com o conhecimento que temos ao lado de um filho. 

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Mas quando saiu do Soalheiro não tinha esta quinta. Sabia o que ia fazer? 

Essa é a pergunta que eu sempre fiz. Só tinha uma coisa em mente: Alvarinho. E a seguir? Alvarinho. Queria fazer Alvarinho em Monção e Melgaço e vou fazer. De resto, nada mais. 

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Mas veio para Famalicão. 

Como somos dois enólogos, só fazer Alvarinho em Melgaço achámos que era curto para nós. E, apaixonados pela casta, tivemos a vontade de o explorar noutra localização. Bendita hora em que surgiu, porque também tem a variedade plantada. 

O que é que tem exatamente em Melgaço?  

Em Melgaço, a escolha foi pelas vinhas e pela pessoa. Tenho um espaço que foi cedido por um produtor que tem uma adega e também uma parceria com vinhas, mas não é dos que fornecia o Soalheiro. E têm a característica de serem vinhas altas, acima dos 350 até aos 450 metros. Faço o vinho, eu e o Manuel, e trago-o para esta nossa casa atual.  

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Pode saber-se onde é? 

A pessoa em causa pediu-me para não ser divulgado.  

Mas ainda há outro espaço em Melgaço. 

Temos um local para fazer a nossa futura adega. Ou seja, temos uma casa ligada à família da minha mulher, antiga, com três andares e 6000 metros de terreno, onde, devagarinho, não será no próximo ano, queremos construir o nosso projeto da adega. Melgaço é a nossa origem. É a nossa génese. É a nossa casa.  

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O seu filho Manuel Cerdeira também se junta? 

Esta saída do Soalheiro também antecipou o que já estava à espera. Embora, a minha ideia já estivesse há três anos a ser trabalhada.  

Ele tirou o curso em Inglaterra. Não é um sítio um pouco improvável para vinho?  

Foi para a zona dos espumantes emergentes em Brighton. O curso é extremamente prático. O meu filho conseguiu ter um curso que eu gostava de ter. E traz conhecimento também para a nossa relação. Por exemplo, o nosso parceiro de design é um português que vive em Inglaterra. 

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Requião passa a fazer parte da vossa enologia? 

A nossa vontade era de fazer vinhos noutros locais de vinho verde. E com a relação que temos com o Jorge Sousa Pinto, o António Sousa e muita gente que anda do mundo do vinho, tudo é mais fácil. 

Este lugar onde estamos chama-se Requião e esta casa Compostela?  

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Chama-se assim porque existem caminhos para Santiago de Compostela. Até já tenho marcada uma reunião com um padre porque temos de ter a curiosidade de perceber a origem dos lugares. 

É a sua nova casa? 

Podemos chamar a esta casa nossa. Tem o perfil para poder ser nossa. E nas nossas conversas com os proprietários dissemos isso. 

Falou com a família Manuel Gonçalves?  

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Não com os proprietários. Falei com o representante.  

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Havia da parte deles a preocupação com quem vinha para aqui? 

Claro. Tivemos várias reuniões até acertar os detalhes. Numa delas disse que gostava muito de ter liberdade para poder fazer enoturismo. E eles aceitaram. É que este espaço é lindo. 

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A adega construída pelo arquiteto Januário Godinho… 

A primeira vez que a vi disse que era feia como os trovões. Mas, depois, comecei a ver os detalhes e entranhou-se.  

O que vai acontecer? 

Vamos ter o nosso projeto, as nossas marcas. Vamos dar toda a energia por isto. E, com certeza, será um prazer também para os donos. 

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O que há exatamente aqui? 

Há 17 hectares de vinhas velhas. E mais 20 para renovar. 

Que castas estão plantadas? 

Quatro hectares de alvarinho e ainda Maria Gomes, Arinto, Loureiro e Sauvignon Blanc. 

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Alguma marca na calha? Alguma novidade? 

Temos cerca de 10 marcas em registo. O que nós temos a consciência é que vai ser uma preocupação muito maior com a vinha. Vai assumir um papel muito importante. 

Melgaço e Requião, dois Alvarinhos? 

Em Melgaço será 100 % Alvarinho e aqui será o Alvarinho em combinações improváveis.  

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Sei que já há duas marcas. Pode explicar? 

Almanua é o vinho da descoberta, da criação e da inovação, elaborado em Requião, este novo espaço com marcada influência atlântica. Para este lote o Alvarinho está em blend com outras variedades autóctones, plantadas no mesmo local. Génese é o nosso vinho de Monção e Melgaço, vindima 2024, 100% Alvarinho e de vinhas plantadas nos declives da montanha, em Melgaço.  

Há previsão de lançamentos? 

O de Requião em dezembro deste ano e o de Melgaço em março de 2025. 

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