Nasceu no Porto, viveu em Inglaterra e Alemanha, regressou a Portugal e outra vez à invicta. As raízes falaram mais alto?
A minha família viveu sempre no Porto. Estudei no liceu Rainha Santa Isabel e cresci na cidade até ir para fora estudar em Inglaterra. Vivia na baixa numa casa de família: os meus primos no primeiro andar, nós no segundo andar.
Quais eram os seus interesses nessa altura?
Gostei sempre de desporto e de água. Andava no Futebol Clube do Porto na natação e fui durante algum tempo federada, mas como não era muito talentosa fui-me afastando, percebi que não ia ter uma grande carreira na natação. Também fiz vela durante bastante tempo no Clube Naval de Leça. Gosto de estar perto da água.
Também aprendeu música.
Aprendi alguns instrumentos e música na Casa Ruvina, na rua Formosa. Primeiro foi o acordeão porque não havia lugar no piano que só consegui depois. Mais tarde mudei para a Caius Music, uma casa mais profissional.
Ainda toca?
O meu filho António está a aprender piano e voltei a experimentar, mas perdi muito mais as capacidades nesse instrumento. Se pegar no acordeão consigo tocar melhor, mas tenho de ter uma partitura à frente para tocar. Não creio ser uma grande música.
Como foi o processo de decisão sobre o que iria fazer no futuro?
Na verdade, como gostava muito de natação, apesar de ser uma péssima atleta, achei que gostaria de ser professora de natação. Era a minha ambição e manteve-se até ao 12º ano. O desporto estava enquadrado com disciplinas de ciências e acabei por estudar o necessário e fazer exercícios como a corrida, natação, paralelas assimétricas, alguns que era preciso saber para entrar no ISEF, agora FCDEF – Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física.
Mas não seguiu desporto.
A minha irmã é da área de literatura e sempre gostei muito de ler, particularmente sobre semiótica e publicidade. Gostava da área e um dos livros que tínhamos lá em casa que me marcou era de Jacques Séguéla, um dos autores mais conhecidos na área. Entretanto, tinha aberto um curso de publicidade no Porto, na altura no ISCIE (Instituto Superior de Ciências da Informação e da Empresa), com três anos para o bacharelato e mais dois anos para a licenciatura. Tinha um amigo que era copy writer numa agência de publicidade e achei interessante, criativo e acabei por nunca fazer os exames para desporto. Inscrevi-me no ISCIE, gostei muito do curso, fiz os primeiros três anos, mas pensei que cinco era capaz de ser demais.
Era uma mais-valia terminar a formação noutro sitio?
Considerei que esses dois anos não me iriam trazer muito mais embora a formação fosse boa. Um amigo com quem organizei umas jornadas de fotografia publicitária estava a estudar na Universidade Central de Lancashire e deu-me uma ideia de alguns cursos na universidade. Concorri e entrei no curso English for International Business que tinha duas componentes: o negócio e a língua, isto é, o inglês adaptado aos negócios.
Um curso complexo?
Foram tempos muito difíceis. O meu inglês era bom, mas não era excelente e tinha aulas de gestão com colegas que tinham a língua inglesa como materna. Lembro-me de sentir que estava abaixo da média e falei com um professor que me recomendou alugar uma televisão para o quarto e, todos os dias, ver a telenovela. Na altura era o Coronation Street, que estava a dar há "mil anos".
Resolveu?
Não deixou de ser um esforço e um desafio pessoal. Quando voltei a casa no Natal pensei que ia falhar redondamente, mas quando regressei as coisas começaram a correr bem. Era suposto fazer dois anos porque já tinha o bacharelato, mas a universidade inglesa deu-me equivalência a muitas cadeiras e acabei por conseguir fazer o curso num ano. O que até me fez pensar que o ISCIE em Portugal era bastante bom porque aceitaram muitas disciplinas em Inglaterra.
As notas foram boas?
Completei o curso com boas notas e também na dissertação que era sobre diferentes tipos de liderança nos negócios e nas empresas. Era suposto ter ficado para fazer um master numa área mais específica, mas decidi ir viver para a Alemanha porque o meu ex-marido alemão estava na mesma universidade e queria muito regressar ao seu país.
Estabeleceu-se em Hamburgo. Hoje é fluente em alemão, mas na altura…
Comecei a ter aulas de alemão e ao fim de três meses arranjei um emprego. Fui trabalhar para a Marsch & Partner, uma agência de publicidade que não tinha clientes internacionais, mas que me empregou mesmo sem eu saber falar. Fiquei com a estratégia de comunicação e tendências que serviam de base às apresentações. Fazia tudo em inglês, o meu ex-marido traduzia, e entregava o trabalho no dia seguinte.
Mudou-se para Dusseldorf…
Fui trabalhar para outra agência de publicidade. Mas desta vez só tratava com clientes internacionais: a Minolta com as impressoras, a Case Poclain das escavadoras, tinha de tudo, até o turismo da Bélgica.
Foi nessa altura que surgiu a americana Ernest & Julio Gallo Winery?
Era a maior empresa de vinho do mundo que estava a fazer a sua entrada na Europa. Comecei a coordenar toda a publicidade com Inglaterra e a preparar os países onde eles iam estar presentes. Adorava trabalhar para eles.
Mais que as outras empresas?
Trabalhava muito mais para a Ernest & Julio Gallo do que todas as outras e com um grande entusiasmo porque trabalhar com vinho era interessante.
O vinho trazia-lhe recordações?
Desde miúda que me lembro do meu pai ser um grande amante e colecionador de vinhos da Madeira, portos, etc. Fui crescendo a ver vinhos bons a entrar em casa.
Mudou-se para Schwalbach?
A Gallo convidou-me quando decidiram abrir a sede na Europa onde iam gerir tudo o que não era Inglaterra. Eram vários países nórdicos, a Suíça, a Áustria, e só tinham uma força de vendas instalada na Alemanha. Quando abriram o departamento de marketing convidaram-me para o iniciar. No início não aceitei porque tinha acabado de mudar de cidade e eles iam operar em Schwalbach, perto de Frankfurt. Mas acabei por aceitar.
O que foi fazer?
O vice-presidente de marketing convidou-me para trabalhar na área da grande distribuição, onde geralmente entram inicialmente para gerar volume, com orçamentos para entrar em força, estabelecer-se e ganhar área nas grandes superfícies.
Mas mudou de área.
Ao fim de dois anos pedi para trabalhar com a restauração e com as garrafeiras, uma força de vendas muito específica. Entre outras coisas fazia programas para restaurantes com estrelas Michelin e comecei a estabelecer a marca noutro tipo de distribuição. O que era importante para a Gallo porque a empresa tinha marcas que só vendia no retalho e outras marcas diferentes, por exemplo da Adega em Sonoma, que eram as vendidas na restauração. Gosto de desafios mais completos e nessa área nova trabalhei cerca de quatro anos.
E Portugal estava nos seus horizontes?
Na verdade, já estava há oito anos fora e tinha vontade de regressar. Como é óbvio vim para o Porto, não só pela família, mas pela cidade com imensas empresas ligadas ao setor do vinho.
Tinha entregado o seu currículo a várias empresas.
Por acaso o meu currículo foi entregue ao Paulo Amorim da Viniportugal pelo engenheiro António Guedes da Aveleda. Na estrutura não me conheciam de lado nenhum, mas analisaram o currículo e consideraram que poderia fazer sentido a coordenação do estudo Porter com o setor. Primeiro fiquei como pivô do estudo e um ano e meio mais tarde fui convidada para diretora-geral da Vini Portugal.
O estudo foi o seu contato com o setor no nosso país?
O Porter foi um estudo fantástico porque me deu a oportunidade de trabalhar com a equipa da Monitor Group que trabalhava de uma forma que eu reconhecia. Foi uma fase de transição muito suave porque também estive a trabalhar com o líder da "Monitor", Chris Malone, que se conseguiu integrar muito bem no setor, ainda hoje estimado por cá.
Ainda foram vários anos.
Demorou bastante tempo o estudo Porter 1 e 2. O primeiro sobre todo o setor com recomendações e com campanhas específicas na área da viticultura e da investigação e desenvolvimento. O segundo mais orientado para o marketing, ou seja, onde é que deveríamos apostar internacionalmente para tornar os vinhos portugueses mais conhecidos, garantir uma cota de mercado interessante e exportações num valor acima de mil milhões de euros, que seria a medida do sucesso.
O estudo escolheu os mercados?
Para nos focarmos e não dispersar, escolheu-se criar massa crítica em dois mercados e, portanto, foram estudados a fundo o Reino Unido e os Estados Unidos, aqueles que o estudo Porter e o Chris Malone tinham definido como necessários para apostar estrategicamente.
Todo o setor esteve envolvido?
Desde as grandes empresas, às pessoas relacionadas com a investigação e desenvolvimento, gente da viticultura e fábricas sofisticadas ligadas à cortiça, ao vidro e tudo o que é satélite da indústria do vinho. Entrar naquele estudo foi uma imersão no setor do vinho que eu nunca tinha tido oportunidade.
Mas teve de sair do Porto.
Morei em Torres Vedras e depois Lisboa. Trabalhei na Viniportugal seis anos, depois como diretora. Naquela altura era um organismo que tinha basicamente três pessoas: o presidente, eu e uma secretária, mas estava-se no início de tudo, era a formação da Viniportugal.
O estudo marcou esse início?
Depois desse estudo Porter é que o organismo passou a ter uma estratégia concertada no próprio setor que seguiu e creio continuar a seguir. É um dos bons exemplos, apesar de ser sempre necessário afinar e de haver áreas não foram desenvolvidas ou que deveriam ter sido melhor seguidas. Mas foi bom o setor pegar nas rédeas do seu próprio negócio em vez de o deixar à mercê dos apoios.
Seis anos depois embarcou noutra viagem?
Havia uma equipa da Viniportugal que tratava de eventos e, num avião para os Estados Unidos, quando aproveitava para ler os jornais, vi um anúncio da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). Recortei, guardei e já nos Estados Unidos, onde fiquei duas ou três semanas, mostrei a um amigo que trabalhava na AICEP e que me aconselhou a concorrer.
Como foi o processo?
Cerca de dois meses depois fui informar-me sobre o que era exatamente a função e percebi que ainda estava em aberto para presidente. Aliás, a CVRA foi das primeiras a publicar um anúncio, tal como o fez agora a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. É interessante porque acabam por ouvir pessoas de áreas diferentes. As coisas estão a mudar, o setor está a abrir-se e há vantagem em aumentar o leque das escolhas, das possibilidades de gestão e de outros cargos.
Ficou na CVRA…
Houve uma seleção, uma entrevista, e uma votação tal como nos verdes, e acabei por ficar com o cargo em 2008. Fiz dois mandatos até 2015 e no último ano pediram-me para ficar mais um.
É a criadora e mentora do Programa de Sustentabilidade da CVRVA?
Se não sou a criadora, sou pelo menos a motivadora para se fazer alguma coisa pela sustentabilidade na região do Alentejo. Foi um sucesso não pelo criador, mas também pelas pessoas que o elaboraram e que atualmente o gerem.
Foi pioneiro?
Foi um pouco antes do tempo. Tinha conhecimento do plano de sustentabilidade da Califórnia porque quando estava na Ernest & Julio Gallo a empresa participava e ainda participa. É um programa muito mais antigo do que este, mas vi vantagens porque agregava os produtores, havia conhecimento partilhado e falava-se das boas práticas. Vinha de uma cultura em que há mais facilidade em partilhar o que se faz porque se entende que é tudo em prol de um coletivo. Portugal não é melhor nem pior, mas em alguns locais a perceção é diferente.
As CVR deviam ter mais programas, mais iniciativas?
As CVR têm funções de certificação, de controlo e promoção que são expectáveis. E a partir do momento em que as faz relativamente bem depois é afinar as agulhas. Mas deve contribuir com mais, de forma a tornar as empresas mais robustas, mais eficientes e que as ajude a perdurar.
O que aconteceu na CVRA…
Esses programas estavam a começar a aparecer não só no setor de vinho, mas também noutros setores. Estamos a falar há 15 anos em que os fundos europeus ainda não estavam orientados para produções sustentáveis ou biológicas, mas sabíamos que um dia ia acontecer. Entendi que devíamos criar uma base que não fosse apenas "green washing", que as empresas fossem melhor geridas tendo a sustentabilidade como suporte. E falamos de sustentabilidade financeira, na vinha, na adega, na gestão, no conceito social. Não adianta muito uma empresa ser biológica depois pagar mal aos seus empregados. O biológico em si não era para mim uma missão interessante porque não é uma forma de garantir que outras áreas são cobertas. Já se a sustentabilidade estiver em todas essas vertentes, ocupa-se de eficiências energéticas, hídricas, mas também da componente social do meio onde se integra, das pessoas que trabalham na empresa.
O programa californiano ajudou?
A verdade é que ninguém reinventou a roda. O problema também existia na Califórnia e conheci algumas pessoas que fui convidando ao longo do tempo para abrir as mentes. Esta ideia do programa não foi aceite imediatamente. Levou alguns anos para que o conselho geral se abrisse ao programa e foi preciso fazer um trabalho de sapa. Por exemplo, trazer a responsável do "Californian Institut" para em cada debate e colóquio fosse falando e mostrando. Trouxe também pessoas do "Australian Wine Institut" que tem uma muito boa área de investigação e implementação. Também da zona de Champanhe e outros que tinham problemas idênticos. É necessário que se perceba o que é que está a acontecer no mundo e que nós não podemos perder o comboio.
Foi uma implementação por etapas.
Durante os primeiros dois, três anos esse foi o trabalho que foi feito. No segundo mandato já houve vontade de começar a trabalhar e a agregar todo o setor no Alentejo para o poder desenvolver. Contratámos um especialista em sustentabilidade que tinha experiência internacional e que depois se tornou o gestor do projeto. Tem-no levado a bom porto com a sua equipa e com a atual direção.
As empresas têm opção de estar ou não no programa?
É voluntário, mas as empresas vêm vantagem em participar com benefícios para si próprias. É grátis. É a mesma coisa que ter um consultor na própria empresa que vai dando orientações e proporcionar materiais que a empresa não vai ter de criar de base. O programa é feito com base na autoavaliação e na definição de metas próprias. São as empresas que definem os seus objetivos e como vão avançando. Podem não ter dinheiro para uma instalação na vinha ou na adega, mas ter para fazer ir fazendo outras coisas.
Não foi uma transposição do programa da Califórnia.
A arquitetura foi generosamente cedida pela Califórnia. Mas o conteúdo foi feito especificamente para o Alentejo. O que transforma é perceber quais são as necessidades de uma região em particular, por exemplo se há questões de stress de recursos hídricos como há no Alentejo. Aqui nos verdes não haverá da mesma forma, mas poderá vir a haver e é preciso olhar para o futuro.
Prevê-se um programa no género para a região dos vinhos verdes?
Pode-se pegar numa estrutura, mas não num conteúdo. É preciso trabalhar com as pessoas da região, com os técnicos e as pessoas que sabem. As coisas aqui são diferentes. Os problemas, o que cada região tem, as dimensões das propriedades não permitem implementar o mesmo programa. Nos verdes há uma componente familiar enorme, ao contrário do Alentejo. Querer fazer uma coisa transversal ao país pode trazer vantagens de base, mas pode-nos tabelar por baixo porque não estamos a ser ambiciosos com aquilo que nós próprios precisamos. Não quero dividir o país, mas o vinho, a vinha e o negócio não é igual em todo o lado.
Mas faz falta um programa de sustentabilidade nos verdes?
Vejo uma absoluta necessidade de o ter.
Acabou por sair da CVRA para ir trabalhar com a família.
Casei-me a segunda vez com o Luís Duarte e fui trabalhar para a nossa empresa familiar. O Luís é um bom enólogo em Portugal, creio que mais conhecido no Alentejo. Tem um enorme entusiasmo.
Que negócio têm?
O que temos é pequeno. O trabalho dele é ser o diretor geral da Herdade dos Grous e faz algumas consultorias na Malhadinha, no Sobroso e outras. Deixei-me convencer e não me recandidatei ao terceiro mandato na comissão. Temos um monte no Alentejo com 12 hectares de vinha, mas o negócio é maior com as marcas de vinho que o Luís faz.
E porque regressou ao Porto?
Trabalhei sete anos na Luís Duarte Vinhos e, durante a pandemia, tive de vir para o Porto para dar assistência ao meu pai e aliviar um pouco a minha irmã e a minha mãe. Trouxe os miúdos comigo, mas eu e o Luís e continuámos sempre a viajar para cima e para baixo. Mas, entretanto, os nossos filhos entraram na escola no Porto e não queriam sair. Quando já podíamos voltar eles não quiseram. Gostam muito do Porto.
Daí o regresso a casa?
É engraçado. Muito tempo mais tarde consegui finalmente vir para o Porto. Quando vim da Alemanha tentei ficar na cidade e não consegui. Fui deixando a vida levar-me para outros sítios. Já cá estou no Porto há dois anos e os miúdos gostam imenso de estar perto da família. Mas não deixa de ser um sacrifício para o Luís, para mim e para os filhos que também que vão ao Alentejo ao fim-de-semana. Faz-se. São só quatro horas de porta a porta. Ouve-se podcasts no carro.
E como aconteceu a Comissão Vitivinícola da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV)? Conhecia o anterior presidente?
Era público que o cargo estava disponível. Trabalhei com Manuel Pinheiro como colega: ele presidente da CVRVV e eu presidente da CVRA. E ele também tinha participado no estudo Porter. Várias pessoas me falaram nessa possibilidade, mas nunca tinha pensado nisso. Estava no Porto estava a trabalhar para a empresa familiar e comecei a maturar a ideia.
E a decisão?
Gosto imenso deste tipo de trabalho que envolve um coletivo. Trazer ideias que podem melhorar o negócio e a região e ter resultados com um grupo mais alargado. Atrai-me mais do que o trabalho na nossa empresa.
Empresa que saiu dos verdes?
O Luís tinha a sua inscrição nos vinhos verdes, mas ficou decido acabar com ela. Agora já não tem interesses na região. Também saí da gerência da empresa. Como presidente que, de alguma forma, tem responsabilidades no controlo, na certificação, apesar de saber que não teria como intervir na empresa, impus esses limites. É menos uma dor de cabeça. Acho melhor assim.
É a primeira mulher na CVRVV. Ainda faz sentido falar num mundo de homens?
Ainda faz sentido. Mas há cada vez mais mulheres a ter intervenção e isso é bom, a diversidade é muito boa. Mas em quase nenhum setor do mundo ainda estamos nas mesmas circunstâncias.
Com se prepara para esse "embate"?
Não ligo muito. Não tenho muito tempo.
A questão das castas nas regiões é sempre levantada. Deve a CVRVV manter uma política de restrição ou de abertura?
As castas determinam o estilo dos vinhos. Não deve haver uma abertura a 100% a tudo e deve haver alguma restrição, e também há vinhos regionais. Creio que as coisas estão mais ou menos bem pensadas. As castas são um capital transregional e transnacional, mas não há maneira de uma casta traduzir uma região. Pode ser muito plantada num território, mas qualquer casta é replicável. O que acontece, entre outras, com a Touriga Nacional e com o Alvarinho. Lembro-me de trabalhar na Gallo quando eles plantaram Touriga Nacional. A casta pode não ser um capital de apenas uma região, mas quando funciona bem deve ser explorada e de alguma forma protegida.
Retirei algumas palavras do seu discurso de posse que pedia para comentar. Rentabilidade?
Vai ser importante. É o que vai dar a possibilidade de se continuar a avançar com o negócio.
Sustentabilidade?
É apostar no futuro. Vamos com certeza trabalhar num programa. É uma prioridade organizar, mas demora a construir.
Verde como tendência mundial?
Há uma tendência no estilo. Os astros estão alinhados e o estilo de vinho verde é uma tendência que está a ocorrer agora. Fresco, tendencialmente branco. O estilo de vinho que está a crescer é muito idêntico àquilo que é o vinho verde. Há um potencial enorme para crescer e de o tornar mais conhecido.
Se fosse uma casta qual era?
Era um Riesling porque é exuberante, elegante e versátil.