Conversas

Chef Joachim Koerper: "Como empresário o maior receio é a crise económica"

Entrevistámos chefs de cozinha que se deparam, mais uma vez, com as portas dos seus estabelecimentos fechados. Joachim Koerper, o alemão à frente do já histórico Eleven, fala à MUST dos desafios que a restauração enfrenta neste momento.

20 de janeiro de 2021 | Rita Silva Avelar
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Está aos comandos do Eleven, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, há mais de uma década. É alemão (mas cozinha maravilhosamente bem a dieta mediterrânica) e ao longo dos anos tornou esta morada gastronómica numa referência nacional. Joachim Koerper não esconde, à MUST, o quão afetada está a área em que trabalha, mas lê-se nas entrelinhas que a paixão pela cozinha não o deixa parar. Recentemente, associou o Eleven a uma plataforma de entregas e continua aos lemes da sua cozinha com firmeza e persistência.

Estamos de volta a um segundo confinamento. Era algo que previa, de certa forma?

Sim; diante da falta da falta de consciência de algumas pessoas, lamentavelmente era previsível esta situação. As pessoas "relaxaram" nas medidas por altura do Natal e o pior veio a registar-se.

Como se preparou, desta vez, no Eleven?

Da mesma maneira que no primeiro [confinamento] embora com mais experiência, com mais ofertas de menus, entrega mais eficaz e mais personalizada. Temos uma área própria no site com possibilidade de fazer os pedidos, para além de termos a possibilidade de  se ligar diretamente para o restaurante. Aderimos ao Volup, uma espécie de Uber Eats mas com um serviço mais premium e de maior qualidade.

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Quais são os seus maiores receios neste momento, como empresário e chef?

Como empresário o maior receio é a crise económica que começamos a viver e como chef é manter a equipa do restaurante.

Preocupa-o as famílias que tem "a seu cargo" através dos seus funcionários?

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Sim! É a minha maior preocupação neste momento. A crise vai afetar todos e muita gente ficará sem os seus postos de trabalho. Infelizmente muitas famílias serão afetadas por isto.

Que medidas poderia ou pode tomar o Governo para apoiar a restauração, neste momento crucial?

Noutros países da Europa o Governo teve muito mais sensibilidade com a restauração. Por exemplo a Alemanha baixou o IVA. Porque não é possível implementar o mesmo em Portugal? São medidas que no imediato fazem a diferença num setor como o nosso.

Uma crise na restauração é inevitável, depois de tudo disto?

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Sem dúvida! Muitos colegas não suportarão. Os mais pequenos não conseguirão manter os seus negócios. Já se vê isso hoje em dia. Espero que consigamos dar a volta.

Crê que há hábitos que vão mudar para sempre, também no que diz respeito à restauração? O que é que veio para ficar, com esta pandemia?

Depende de como saíremos disso. Nos próximos anos o uso de máscaras manter-se-á, entretanto, como temos memória curta, pode ser que nada fique.

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Aprendemos a lição ou estamos longe disso?

Estamos longe disso! Vemos isso com as notícias que nos últimos dias ouvimos. É assustador como as pessoas desvalorizam os perigos. A vacina chegou é certo mas até estarmos todos livres de perigo, teremos longos meses pela frente. Há que ter essa consciência.

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